A Ordem do Caos

Quarenta & dois

Essa cena era perfeita, seu cabelo meio longo dourado escuro estavam bagunçados mas para trás, a sua testa era pequena e sua sobrancelha é sutilmente grossa, mas alinhadas e falhada sutis, os olhos de cílios claros e curvos estavam repousado de forma tão sutil que parecia até estar fingindo, não havia sujeiras feitas de lágrimas secas sob os olhos, de certo ele era um anjo - passei os dedos nos meus olhos para me certificar de que eu também não estava com os cantos dos olhos sujos -, havia em seu maxilar leves resquícios de barba dourada rumo ao seu queixo, eram bem poucas como se estivesse crescendo, espaçadas e falhadas, a região do maxilar tinha um pouco mais - na praia notei que o menino não tinha muito pelos corporais, não era que nem eu, havia uma certa delicadeza em sua pele -, uma de suas orelhas a mostra com o lóbulo sutilmente corado e rosto virado para mim, seu nariz era bonito, como aqueles feito em desenhos combinava com seu rosto tão qual como sua boca que estava meio aberta enquanto ele babava literalmente no meu travesseiro, os lábios parcialmente molhadinhos e brilhoso com a bochecha sendo amassada pelo travesseiro, o sol que batia em sua pele reluzia ainda mais sua beleza, o nariz do menino e as bochechas eram sutilmente corados, como se o verão habitasse nele, naturalmente, e pequenas e bem poucas sardas espaçadas quase não nítidas surgiam em sua pele, o garoto era lindo, uma beldade mermão, sério mesmo, até seu corpo era lindo, ele tinha os ombros largos, o peitoral também, embora não malhasse tinha um corpo magro "definido" em suas estruturas, - e algo que eu amava, ele tinha aquelas entradinhas ao lado da barriga na cintura, eu lembro que na praia aquilo era algo que sempre puxava meus olhos. Eu tive que malhar para ter essa parte definida, e mesmo hoje em dia não é tanto pois abandonei a academia, e ele simplesmente foi esculpido, como se Deus tivesse o desenhado com o seu melhor pincel e com muito capricho. Amanda era linda quando mais nova, e talvez essa beleza toda tenha sido herdada dela. Olhando ele assim dormindo e babando era a coisa mais bela que eu poderia ver pela manhã, e é engraçado como quando nos apaixonamos adoramos ver pessoas em suas situações mais simples, dei um leve riso e ergui um pouco a coberta. Ele estava com a minha blusa que agora parecia até um segundo cobertor nele, e mesmo que ela cobrisse sua bunda, lá estava ela, saliente e visível, notei que eu estava duro dentro do calção, então soltei a coberta.

Meleca!, Pensei, esse garoto acaba comigo.

Acordar duro era comum, mas dormir duro por conta dele e acordar duro por causa dele era meio-diferente. Sensação difícil de explicar, então em minha cabeça houve um cantarolar:
A gente vai coladinho e com esse dengo estou tranquilo de mais - ri, merda eu sempre achei que músicas que compunham um relacionamento fosse coisa de filme, não que estivéssemos em um, mas se ele quiser ele vai ser o meu primeiro e também meu único homem, eu juro mesmo, não ficaria com nenhum outro, isso parece meio romântico, seria difícil encontrar aquele sorriso, aquele jeitinho em qualquer outro, eu sempre achei grande parte dos viados atirado de mais, safados e pretensiosos, quando dizemos que são peverso e justamente por saber que parecem que só querem foder, só querem a putaria, tipo a bichinha primo do Caio gordão, - o que fez minha barba - , aquele garoto primo do Caio estava sempre desfilando com seus tregeitos abusados, sempre pretensioso, e tendencioso como todo viado que já conheci, porra nada contra, mas as vezes nem mesmo as mulheres são tão indiscretas, eu acredito que lidou de boa, até mesmo o jeitinho do Taz era nítido, dava para perceber que ele era... Diferente, não se interessava por futebol, não tinha assunto como carro ou mulheres, mas também não era um poço de perversidade, desde que o conheci eu não vi ele olhar direto para o meu malote, exceto das vezes que o provoquei, ou até mesmo alguma atitude maliciosa e abusada dele, entretanto se eu não tivesse colocado minha mão para arrumar a caceta ele jamais teria olhado e pegado. Que embaraçoso pensar nisso, mulheres olham as vezes também, mas é bem raro, e quando fazem isso já percebemos a intenção, então todo gay que conheci olharam, não teve um que não passou o olho no meio da minhas pernas achando que eu não ia perceber. Taz não, esse filho da puta talvez me desafiasse por não ser igual o resto, ele me desafiava por ser doce de mais a ponto de poder me tocar a noite inteira e simplesmente não me querer, a ponto de me fazer questionar se eu estava errado, homens gostam de ter o ego massageado, acha que não? E tenho amigos que só tem papo com viados só por isso: "nossa como você é forte, como você é grande" mesmo que o mané tivesse um pênis pequeno, como alguns casos que o Caio me contou do primo viado dele, se o Caio fosse mais bonito - ri comigo mesmo - ele comeria o primo dele de certo, afinal aquele viado era foda, o bairro todo da Vila conhecia ele. Taz não tinha malícia no olhar, eu acho que esse era o diferencial maior.
Vamos falar de Taz, Taz me elogiava, mas também parecia pisar no meu peito, sua falta de intenção comigo era tanta que me fazia se perguntar se eu não era gostoso o suficiente para ele me querer, e na real eu acho que eu era o tipo de homem que todo viado queria, eu acho que eu era, eu sou inabalável, invencível, mesmo tendo deixado a academia meu porte físico é daqueles que impõe respeito - outra coisa que os homens adoram é impor respeito sobre outro homem - tipo quando chegamos em lugar, todo grandão e os outros nos olham com receio e apreço, ou até mesmo com ar de desdenho desses que vai começar uma briga. Acredito que eu tinha um bom ego, por esse motivo não temia chegar nas mulheres, um homem de atitude, mas chegar no Taz? Porra isso nunca, nunca mesmo, eu nem conseguia dar uma investida braba nele, nem mesmo dizer que eu queria comer o moleque conseguia. Nem mesmo entender se eu estava ou não apaixonado, e admitir estar apaixonado por outro homem é foda.