Todo esse tempo eu nunca quis me tornar nada do que eu era de fato, eu estava vivendo algo que acreditei querer e só agora me dou conta que eu fui motivado pela vingança ao meu próprio fracasso. Uma vingança que agora não tinha sentido, isso custou amores da qual parecem irrecuperáveis, apesar de eu não ter sido justo com Malu de coração e alma, acho que no fundo eu a amava, amava de alguma forma, e muitas das vezes há várias coisas que amamos as vezes, amamos a companhia, a amizade, o companheirismo, a parceria, o sexo e o amor de amar. Taz me apertava agarrado em meus ombros, chorando com o rosto atolado no meu pescoço. Pelo que será que ele chorava, por saudades? Pela dor? Por raiva de mim ou por tudo que nem eu?
Ele se afastou e tentou me olhar mas eu não quero olhar, portanto me mantenho de cabeça baixa. Ele segura minha cabeça me olhando e passa a costas das mãos na minha face secando minhas lágrimas. Ele seca a dele também, respira fundo.
— Preciso ir — disse — está tarde e o Gustavo deve estar me esperando agoniado.
Quem é Gustavo? Me pergunto, e ele ergue a mão mostrando sua aliança de casado. Ah sim, agora faz sentido.
Faço que sim com a cabeça, ele escorrega a chave em minhas mãos.— Fique o tempo que quiser, e caso queira ficar para sempre não me importo eu nem fico aqui, mas gosto de vir aqui as vezes para pensar... Eu posso arrumar outro canto para pensar.
— Pode pensar aqui quando quiser, vou fazer uma copia para você, não quero atrapalhar seus pensamentos — falei como se aquilo fosse importante e ele riu
— Eu já tenho uma cópia das chaves — disse se levantando.
— Então sinta-se a vontade para pensar quando quiser
— Tá bom — disse daquele modo como ele dizia antes e senti meus olhos encherem de novo — Sinto muito pela Malu
Fiz que sim com a cabeça.
— Não esquece do banho — ele disse indo rumo a saída — E de fechar a porta, tchau Kauã.
— Falou Taz.
Ele saiu e o silêncio foi acometido. Fiquei ali parado com os olhos umidos durante um tempão pensando o que eu faria da minha vida, e o que eu faria? Que vida eu tinha a não ser eu e o pequeno Gabriel. Me levanto caminhando pelo local, a varanda é alta, estamos no sétimo andar e se eu pular com o Gabriel nós dois morreria facilmente, talvez isso seja uma boa alternativa, mas eu não escapei de um tiroteio com ele por isso, porém posso poupa-lo do sofrimento de viver sem uma mãe e com um pai que não sabe se é o pai dele, eu nunca senti nada por Gabriel, nem mesmo amor, eu nem gosto tanto dele. Lógico que se eu disser isso para qualquer um então diriam “meu deus como você é cruel ele é só uma criança”, mas eu não gosto dele.
Retorno para dentro, para o quarto onde Gabriel está e o observo adormecido. Acaricio suas bochechas redondinhas.
Mudando de ideia talvez eu goste dele um pouco, parece um pouco inofensivo.Preciso de um banho.
Preciso dormir.Me deito no sofá após o banho, não me sinto encorajado a deitar-me na cama e sou acometido por uma falta de ar, o ar simplesmente parece não entrar no meu pulmão é como se ficha caísse agora, a sala que não é pequena parece como um cubículo pequeno de mais agora, e meu peito dói, talvez aquela cirurgia não tenha funcionado ou eu esteja morrendo - tomara que eu esteja mesmo. Me sento tomado pelo desespero é como se seu sentisse meu corpo todo, meu coração, meu esôfago, meu estômago se revirando, os pulmões, o ar que não entra, o sufoco de não respirar. Um choro repentino, o olhar de minha mae, o olhar do Formiga, o olhar de Maria Luiza, o olhar de homens que matei parecem morar na minha cabeça, não é fácil matar pessoas, não é fácil ser o que sou, mas eu precisava sobreviver. Eu não consegui ser um homem bom e fui preso por isso e mesmo assim continuei sendo ruim. Nunca matei nenhum inocente, mas no meu pontos de vista ninguém é inocente, as pessoas as vezes fazem o que fazem para sobreviver e eu passei o tempo todo sobrevivendo.
Me levanto tomado por uma agonia incessante e um choro dolorido e eu não chorava mais há um tempão, não chorava desde que minha mãe faleceu mas agora eu parecia não conseguir parar o que agrava minha falta de ar. Escutei ao longe o choro de Gabriel, e levantei me escorando pelos corredores para o quarto dele o pegando nos braços, atônito, confuso, sem rumo.
É claro ele deve estar se sentindo mais estranho que eu.
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A Ordem do Caos
Romance------- Obra para maiores de 18!!! ------- Queria virar ele naquele sofá, arrancaria ou rasgaria o seu shorts que parece ser um tecido leve, e ergueria a bundinha arrebitada dele o colocando de quatro eu certamente a deixaria vermelha de tanto tapas...