Oitenta & nove

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(...)

Era terça feira
Miguel estava sentado em minha sala, acabava de me relatar uma certa estranheza no seu novo amigo: Jorge. Havia um silêncio sugestivo no ar, eu estava pensando enquanto separava a papelada.

— ... Então ele disse com todas as letras que o Formiga sabia de todas as coisas, e parecia que ele estava me dando um toque... Nada escapa dos olhos do Formiga

Eu sabia o que significava aquilo.

— Acha que ele sabe de algo Miguel? — perguntei fingindo estar desentendido.

— Acho que o Formiga está na sua bota, acho que agora ele sabe que você é o irmão do cara que ele matou.

— Certeza? — parei com os papéis o olhando de sobrancelha em pé.

É claro que ele sabe quem sou eu.

— É mermão é... — respondeu

Fiquei em um silêncio pensativo.

— Ae vou vazar que tenho que ficar vigiando o merdinha do Taz, não sei se prefiro quando ele não vem trabalhar ou quando ele vem trabalhar — riu.

Dei um sorriso de volta, Miguel se levantou e vazou. Pensei em Taz, era bom eu me prontificar que o garoto ficasse bem caso alguma merda acontecesse. Peguei o telefone e disquei no ramal de Janaína.

— Jana sobe aqui quero ter uma conversa com você — falei

— Sim doutor Kauã.

É foda. Quando o chefe chama na sala a voz de todos parecem oscilar, não foi muito diferente mas minha conversa com a Janaína era sobre tudo menos demissão. Precisava da ajuda dela agora para algo importante.
Quando já finalizava o assunto com a Janaína a porta do meu escritório foi aberta brutalmente, claro, Carol, era perto do almoço e de certo eu não teria almoço e espero que o Taz não apareça aqui do nada as coisas podem ficar feias, a expressão carrancuda da Carol não era boa, Janaína já estava de saída quando Carol chegou.

— Mas que porra quem deixou você subir? — falei a olhando feio.

— Não preciso de permissão, é o seguinte Kauã, papo reto, eu sei do seu puteiro no Jaçanã, sei onde fica, e sei que não posso derrubar seu império pois o local tá no nome do seu pai, mas seu pai pode ir preso pelas regularidades que tem lá então vou ser direta: quero participação.

— Quê? — falei irrisório.

— É, eu quero participação dos lucros, sejamos sinceros você fingia que me enganava e eu acreditava só isso, mas não sou besta, não nasci ontem é claro que com o tempo que fiquei com você movi meus pauzinhos, essa ideia de colocar vendas funciona em pessoas mais novas como o Taz, ou desconhecidas que queiram participar da sua sessão de tortura sexual.

Me levantei da mesa, mas com o semblante mais plácido do mundo sorri.

— Tudo bem. Só que é o seguinte, não aceito a prostituição então parte da grana é só dos eventos que tem lá.

Ela ficou quieta e assustada, esperava tudo menos essa reação minha. Tudo bem? O Kauã não diria tudo bem, mas hoje depois da conversa com o Miguel esse Kauã estava deixando de existir, o ambicioso e cabeça dura, eu estava aberto para o mundo hoje.

— Tá... — ela disse desconfiada

— 40% dos lucros tá bom para você? É maximo que posso ofertar, pegar ou largar

— 50

— Não, sejamos francos aquele lugar ainda tem de ser meu, quarenta por cento...

Ela me olhou desconfiada.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora