Sessenta & três

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Égua é lindo! — exclamou ele

— Falei que você iria gostar.

Estávamos dentro da cabine, eu estava velejando. Ele tirou meu chapéu branco do Nike de sua cabeca, e colocou em mim me dando um beijo na bochecha e em seguida saiu da cabine.
Fiquei pensando a onde ele iria mas ele foi até a proa do veleiro, ficou lá parado na beirinha, andei mais um cadim do barco sob a água, e estávamos em alto mar, perto de uma ilha vazia e rochedos de pedras, só havia agua em nosso entorno mas dava para ver a costa de onde viemos ao longe. Aqui é um bom lugar para trepar, da para fazer ao ar livre como eu e Carol fizemos, mas não eu não iria trepar com o Taz aqui, não hoje, mas talvez um dia. Me retirei da cabine e fui até a proa.
Ele estava quieto e de olhos fechados, parei ao seu lado, o dia estava quente com brisa fresca. Fechei os olhos também depois de o observar, eu não sabia o que ele estava fazendo parecia estar meditando. Abri os olhos o olhando, fechei de novo tentando me concentrar, o que ele estava fazendo? Ou imaginando? Abri um dos olhos o espiando de soslaio, nada, ele não se movia.

— O que está fazendo? — sussurrei, — pensei que ia ficar lá na cabine comigo — falei baixinho.

— Não gosta de ficar sozinho?

Não quando você está perto.

Estou sentindo o vento — acrescentou ele após eu não responder sua pergunta.

O espiei e ele tava de olhos fechados. Quis rir, que garoto maluco, maluquinho.
Houve um silêncio e fechei os olhos sentindo o vento também, o som do mar, um silêncio gostoso, um silêncio com barulho natural.

— Desculpa por aquele lance da Isa.

— Desculpa se fui grosso — retorqui. Abri um dos olhos o olhando e ele me olhou com um sorrisinho. — Eu tô tentando fazer o certo.

— Sei que está — disse ele

Houve uma pausa demorada e ele disse:

— Tu é estribado, né? — o olhei confuso, não sabia o que significava — Muito Bem de vida, com muito dinheiro, eu não te julgo mas também não entendo, por que leva a vida que leva tendo condições boas?

Por que o meu dinheiro não é meu, é um dinheiro sujo, se eu levasse uma vida de rei, a polícia bateria na minha porta no dia seguinte, descrição é tudo.

— Eu gosto da vida que levo é tranquila — falei, mas pensando bem — Quer saber é que.... Meu... É que eu sou um advogado corrupto... Nem sempre quer dizer, mas é que eu  faço algumas coisas erradas. Tudo por que só quero pegar o cara que matou meu irmão então... Sabe que cê tem razão em ser desconfiado comigo, em não confiar muito em mim, não se sentir seguro eu faço muita merda coisa ruim mesmo, não presto.

— Você é a primeira pessoa que não presta e faz coisas boas — riu ele

— Falo sério. Não sei se mereço seu amor, sua paixão, por que mesmo inseguro você insiste?

— Kauã eu não te julgo dessa forma, eu sei que você é frágil.

Eu ri de modo evasivo.

— "Frágil" — vibrei os lábios fazendo aquele barulho soltando um vento de ar pelo mesmo sendo ainda mais debochado — Que mané fragil, olha para mim Taz eu sou... Violento as vezes, grosso, explosivo, não consigo ser tão educado quanto você, não sou o cara que dá bom dia para as pessoas, eu sou não sentimental, nem empático...

— Queria que você se visse dormindo — ele falou como se fosse grande coisa. Parecia estar mudando de assunto.

— É o único momento que estou em paz — retorqui com desdenho meio confuso

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora