Cento & cinquenta & seis

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Minha relação com o Miguel não é a mesma, Martha não me perdoou pela morte da Malu, a Mirela odeia o fato de eu ser o novo namorado do Taz. Isso vai ser estranho para um caralho, todo mundo aqui me odeia de certo modo, acho que menos a Lisa e o Bazuca, bom pelo menos a Lisa não me parece guardar mágoas da época em que ela trabalhava para mim em um antigo do puteiro que eu era dono, e o Bazuca só parece estar impressionado como fato de eu ser viado.
Cumprimentei Martha, Miguel, Martha se prontificou a ajudar. Miguel e Bazuca foram para a sala meio distante, confesso que sinto falta do Miguel, da nossa amizade mas ele agora parece outro, parece o cachorrinho da Martha, embora ele aparecesse na favela ainda sim ele havia se tornando o homem mais careta que já vira em toda minha vida, e Lisa e Mirela foram para o quintal nos fundos com o Miguel onde era possível vê-los através da janela.

— Ontem eu estava mexendo no Facebook, e vi fotos da sua tia, a tia Lu, seus primos e tal... Vamos chamar eles né? Para o casamento? — perguntou Taz.

— Não. — respondi secamente.

— Kauã, é sua família.

— Que nem ligou para mim quando eu estava preso, beleza que fiz merda, mas eu não era um indigente, quando eu não tinha serventia lá dentro da prisão ninguém foi me ver... Nem mesmo a tia Lu que eu amava para caralho. Amava... Amava o caralho que ela amava.

— Como ela iria te ver se ela se mudou?

— Taz não vamos discutir isso aqui, beleza? — falei pegando a pilha de pratos limpos que estava na pia e levando para a mesa.

Martha fingia não estar prestando atenção na conversa enquanto temperava a salada. Taz pegou os copos e caminhou no meu encalço colocando os copos e os talheres também em cima da mesa.

— Amor...

— Tarcísio estou falando sério pô, não vamos discutir isso aqui, morô?

— E você vai estar lá sozinho?

Falou ele enquanto voltávamos para a cozinha.

— Eu sou sozinho Taz, além do mais já tenho você e o Gabriel, é tudo que eu preciso, não preciso de mais ninguém que... Que fiquei me julgando e me tratando mal, ainda mais no dia do meu casamento. — retorqui

Nosso, nossa casamento — concertou ele e eu o encarei

Aquilo não foi uma fala somente para o Taz, eu pensei em falar aquilo alto e em bom som para que Martha também escutasse pois ela me julgava o tempo todo só com o olhar.

— Não pode dar as costas ao mundo sem dar ao menos uma segunda chance para ela, afinal o seu tio quem não queria que ela fosse te ver não era culpa dela.

— E quando eu merecia a chance? Hen? eles cagaram para mim. E outra não tem essa de meu tio impedir ela, ela tinha duas pernas, podia ir.

— E quando você me deu as costas cagando para tudo que nos tínhamos?!

Meu sangue subiu, de repente aquilo virou uma discussão, larguei tudo que estava fazendo e mordi os dentes o olhando meiga irritado.
Eu estava preparado para brigar com qualquer um, com todo mundo, menos com o Taz, aquilo eu não esperava

— Porra! — dei as costas após o olhar feito um alguém que eu queria muito o socar, até cerrei os punhos inclinando a cabeça feito um bicho.

Sai para fora tomando um ar, indo ao quintal dos fundos a onde Lisa e Mirela brincavam com Gabriel.
Me sentei no pequeno degrau de frente ao gramado. Taz veio logo atrás se sentando ao meu lado. Eu já estava louco querendo ir embora.

— Eu vou embora.

— Não — resmungou ele — Desculpa, desculpa não foi por mal eu não quis dizer aquilo.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora