Cento & três

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Um pouco antes do almoço todas as cestas básicas haviam sido doadas e como eu disse houve algumas reclamações aqui ou ali, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Dessa vez foram até mais cestas básicas que da última que tinha somente 97.

Subimos o morro, dessa vez sem o Miguel, como não éramos mais tão ligados nem sempre ele ficava por perto. Gabriel está no meu colo, minha mãos está entrelaçadas com a de Malu que anda arrastando sua rasteirinha como se estivesse exaurida.

— Kauã estamos organizando uma excursão na escola, já até arrecadamos o dinheiro para irmos, estávamos pensando em ir no museu com as crianças mas eu queria sua ajuda. — disse Malu após um longo silêncio enquanto andávamos — Consegue arrumar um ônibus? Se você conseguir ao invés de irmos ao museu podemos ir ao Aquário de São Paulo, e isso tem tudo a ver com a matérias das crianças do quarto ano B.

— Não sei Malu, posso tentar...— retorqui meio disperso notando uma movimentação estranha na quebrada.

Estávamos próximos de casa, passei o Gabriel para o colo dela.

— Vou ver isso certinho. Prometo — falei lhe dando um beijo — Vou ali ver o que tá rolando...

Caminhei até a Casinha, um grupo de homens mal encarados está am postos do lado externo, não eram meus homens, meus homens estavam entorno apenas vigiado.
Zulu estava na porta da Casinha, quando me viu se aproximou rapidamente.

— O quê tá pegando? — pergunto

— Zé-do-Corte — explicou ele sem nem precisar explicar.

— Cacete — falei entrando na Casinha com Zulu na cola da minha bota.

A Casinha não tinha móveis, era mais um depósito do que uma casa de verdade. É proibido a entrada de pessoas que não sejam autorizadas por mim o que me fez ferver de ódio em saber que havia um alguém ali dentro, como deixaram entrar? Zé-do-Corte está sentado em uma cadeira de plástico, silencioso. Eu e ele temos um problema sério, não gostamos um do outro, mas nós toleramos em nome dos negócios.

— Cadê o meu bagulho? — disse se levantando.

— Estou tentando descobrir chapa.

— Chapa o caralho Lobão, se vira eu quero o meu bagulho tá ligado?

— Eu mandei entregar porra quer que eu faça o quê?

— Te vira caralho.

— Vai se foder — esbravejei quando ele se virava colocando a cadeira para o lado.

Zé riu, e depois voltou o olhar para mim.

— Eu não gosto de você desde que tu matou meu parceiro cuzão, pisa na bola comigo para tu vê se não mato você e sua família.

Puxei a arma, os dois homens dele que estavam dentro da sala empunharam suas armas e meus homens também, um mirando na cabeça do outro. Eu não mirei a arma para ele, mas inclinei a cabeça empinando o queixo o intimidando. Cheguei bem próximo.

— Ameaça minha família de novo para você vê se tu não sai morto daqui — falei — eu morro mas tu vai junto filho da puta.

Ele deu um risinho.

— Eu quero o meu bagulho — disse enquanto ia andando rumo a saída.

Deu estalo com a boca como se seus homens fossem cachorros e os mesmos saíram junto dele da Casinha. Eu muito paciente alisei meu bigode de forma sugestiva, peguei a cadeira de plástico ajeitando no centro da casinha e me sentei.

— E aí patrão? Vai ficar assim? — perguntou Zulu

— Claro que não porra, vamo vê se esse filho da puta tem culhão, ele ou Jacob tá me enrolando e agora quem quer saber do bagulho sou eu. E mesmo se eu achar eu não vou enviar porra nenhuma para esse arrombado, quero ver se ele é tudo isso mesmo. — dei uma pausa — Zulu manda os cara vigiar Jacob, viu ele passar droga qualquer coisa do tipo pode matar.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora