Cento & dez

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(...)

Acerto uma última vez e forte o chicote sob sua nádega e ele range os dentes mugindo e gemendo dolorosamente. A pele que está sensível e totalmente envermelhada abre-se em mais um pequeno corte com um filete de sangue sutil.
Retiro cuidadosamente o preservativo já cheio da minha porra e que está sujo de resquícios de sangue no látex, amarro o mesmo e caminho pelo galpão escutando ele arfar e gemendo, jogo o preservativo usado no lixo do pequeno banheiro e lavo as mãos me encarando no espelho. Meu reflexo me assusta, mas posso ver o suor brotando nos poros, está um dia acalorado lá fora, passo as costas das mãos molhadas sob minha testa me retirando do pequeno banheiro e arrasto um pequeno tamborete com o pé observando seu corpo suspenso sob correntes grossas, seu ânus está visivelmente arrombado e bem avermelhado, e sua bunda machucada estava na altura perfeita da minha cintura.
Eu já havia feito o meu trabalho comido violentamente esse garoto que não me lembro seu nome, descontado minha raiva, seu corpo está amarrado com cordas e avermelhado, em suas costas leves marcas roxas. Coloco o tamborete em sua frente me sentando com o cigarro de maconha preso em meus lábios, puxo o ar através dos mesmos soltando a fumaça em seu rosto. A venda impossibilita que ele me veja, portanto ergo a mesma e ele me olha com seus olhos brilhosos castanhos, está tão suado quanto o eu, mas sua pele tem um odor bom, muito bom, seu olhos me olham com uma certa moleza, retiro a mordaça de sua boca e ele sorri para mim como se eu fosse sorrir para ele de volta. Meu olhar oscila para o chão onde seus fluidos viram uma poça gosmenta de porra, eu fiz ele gozar tão rápido enquanto a sessão de sexo doloroso dele durou por muito mais tempo que sua gozada.

— Você cheira bem... isso é raro — falo dando tapinha leve em sua bochechas avermelhadas de outros tapas.

— É, você também senhor.

Dou um resmungo risonho. Garotos como ele que tem esse olhar doce e parecem santos me chamam a atenção quando cruzam meu caminho aceitando trepar comigo espancando suas bundas e descontando minha raiva da maneira como eu desejo, eu não o induzi, ele quem quis, ele quem veio atrás disse que gostava de ser dominado, eu só fiz o que sei fazer de melhor. Esse em suma deve ser filho de algum bacana, tem cara de play boy, desses que é sustentado pelo pai e todo certinho, delicado eu diria, deve ter a mesma idade de Tarcísio.
Tarcísio, Tarcísio, Tarcísio! Porra! Desde que o vi ele está sempre invadindo a minha mente até nessas horas. Eu havia o esquecido, eu lutei para isso e duas semanas após cruzar o caminho dele ele bagunçou minha mente. Me levanto irritado desamarrando o garoto, soltando nó por nó, corda por corda.

— Podemos fazer de novo — disse ele me olhando — claro se senhor permitir — acrescentou baixo após me ver olhar feio para ele

— Não.

— Não, o quê? Não gostou?

— Não costumo repetir pessoas.

— Por quê? Acho válido quando os dois curte a parada. — disse ele

Logo ele se virou na cama de correntes e gemeu, estava dolorido, todo roxo das marcas, eu não tive piedade com ele. Ele desceu após se apoiar nos meus ombros e caminhou com seu corpo nu pegando suas peças de roupas pelo chão, ergueu na ponta dos dedos a sua cueca rasgada com um sorrisinho, ele estava de rola dura ainda, ele estava extremamente excitado como se não houvesse gozado e essa era a razão do meu não. Esses garotos gostam de ser domados, de ser cadelinhas de homens mais velhos como eu e ainda por cima se apaixonam, e eu não quero ninguém apaixonado por mim.

— Acha que consegue subir na moto?

— Não sei nem se vou conseguir vestir minha calça, que outra alternativa tenho? — riu

Dei os ombros. Aquilo não era um problema meu.

Não gosto de trair Malu e todas as vezes que isso acontece eu desconto a minha raiva durante o ato, o que me faz pensar por um leve arrependimento. Malu é uma mulher gente boa, esforçada e dedicada, eu nunca entendi como fomos parar juntos, formar um casal, uma família. Dinho era meu colega de cela e em uma de nossas saidinhas em um feriado fomos para a casa de seus pais aqui na São Rafael mesmo, foi até que divertido. Confesso eu estava muito necessitado fazia tempo que eu não via uma mulher, não me relacionava e não fazia porra nenhuma a não ser bater punhetas dentro da prisão de vez em quando, mas até isso se tornou desinteressante, até Malu entrar no meu quarto aquela noite, foi estranho e prazeroso, o perigo corroborou para que fosse um bom sexo silencioso para que Dinho não ouvisse sua mina o traindo com o seu parceiro de cela, se arrependimento matasse e ele descobrisse ele me mataria ou eu o mataria. Malu e eu fizemos de caso pensando, as trocas de olhares entre nós diziam que aquilo iria acontecer na primeira oportunidade. Meses depois ela foi visitar Dinho e anunciou sua gravidez, ele ficou tão feliz, ainda mais quando soube que seria menino e ele escolheu o nome. Gabriel... Por que segundo ele Gabriel era nome de anjo e isso que o filho dele seria. Descobri também que Dinho e Malu estavam tentando ter essa criança há mais ou menos dois anos, antes dele ser preso por estelionato, Dinho era formado em contabilidade, estelionato não dá muito tempo de prisão a não ser que você faça um rombo da bolsa de valores, ou roube um ricaço de merda, roubar senhorinhas quase sempre não dá nada. Dinho ficou preso por três anos, foi solto pegou liberdade provisória, conseguiu ver o nascimento do filho e morreu, foi baleado covardemente pela polícia, mais precisamente por Allan. Fui solto quando Gabriel já estava com nove meses, ele era só um bebê e Malu decidiu me obrigar em sua casa, no início dormia no sofá e fingimos que nada havia acontecido entre nós, questão de tempo até nós se esbarrar entre os cômodos e perceber que talvez fosse interessante trepar de novo. E transavamos incrivelmente bem, ou talvez fosse só eu suprindo minha vontade de trepar, na sala, no quarto, na cozinha, banheiro, Gabriel não nós atrapalhava. Existia algumas coisas que Malu não fazia, não gostava muito, no início não era um problema até que comecei a sentir que aquelas transas monótonas era chatas de mais: ela não curtia oral, não curtia anal, odiava trepar de 4, não gostava de uns puxões no cabelo, tapa na cara nem de leve, tudo que ela gosta até hoje é somente a penetração e ele goza somente com isso e até hoje o nosso sexo é apenas isso. Não é ruim, mas não bom também, não há nada de mais. Cerca de 80% dos homens que conheço quando entram no papo de sexo reclamam da mesma situação que a Malu causa em nosso relacionamento. Preferem as putas e eu prefiro apenas um bom sexo.
Depois do Tarcísio eu descobri que o sexo com homens é melhor e mais fácil, viados são desesperados por afeto, carinho, homens e sexo, não que eu não goste de trepar com mulheres pelo contrário eu adoro, mas com homens existe um certa selvageria tambem que poucas mulheres gostam, eu afirmo com todas as letras que se todo homem transasse com homens, experimentassem não iriam se arrepender, viados fazem tudo basicamente. Eu não sei mas uma vez por mês eu sinto que preciso extravasar, transar forte, do modo que eu possa ser impiedoso, extravagante, foda. E viados mais afeminados são os mais dedicados as vezes, então eu passei a selecionar os homens de acordo com o meu humor, as vezes homens trans, homens com bucetas eram muito fodas de transar, eu curtia para porra e esses também entravam na minha brincadeira e lista perversa, mas nenhum desses sexos se comparava ao Tarcísio, isso por que nunca fiz nada a não ser comer o Tarcísio, e isso é bem fácil de explicar: Amor, eu amei Tarcísio e por isso tudo com ele foi mágico e no fundo esse meu vazio existencial tinha nome as vezes eu procurava ele no sexo, e agora que o revi sinto que era isso desde o início.

Eu queria esquece-lo, queria esquece-lo para sempre mas sempre havia alguma forma que me fazia lembrá-lo, tão qual as lembranças do meu irmão.

Era madrugada quando recebo uma ligação de Zulu as três da madrugada, Malu acordou assustada, ela sempre acordava assustada com as ligações, achava ser invasão da polícia ou qualquer outro problema.

— Oi Zulu, manda o papo irmão? — falei olhando para Malu que me olhava assustada — Tá tudo bem, volta a dormir. — Murmurei para ela.

— Opa patrão cola aqui na base é urgente, pegamos o seu malote e você não vai acreditar! — disse ele. — Cê precisa ver isso.



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Preparados??? Kkkkkk

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora