Vinte & sete

3.3K 317 27
                                    

Troquei uma ideia fina com o Ju, e quando bati o olho no relógio já era meia noite, subi lá para meu quarto e ambos estavam dormindo, Taz e Amanda na cama, me deu um conforto enorme aquela cena, então me deitei no colchão no chão, me cobri com o lençol, tava tão calor, queria dormir sem camisa mas isso me parecia errado com eles ali, clarabóia estava aberta mas ela não abre muito só 20 cm ou menos, literalmente para entrar ar. Me deitei como se fosse um saco de batatas, girei para lá e para cá e em segundos Taz se virou para mim com os olhos bem abertos, ele estava acordado, então sorriu.

— Obrigado viu Kauã...

— Magina Taz. — sussurrei assim como ele

Você feliz é minha alegria - cocei a língua para dizer, por que não disse? merda, eu devia ter dito eu devia dizer mas agora parecia tarde, ele esticou a mão até meu rosto segurei rapidamente seu pulso, eu odeio carinho. Ele me encarou e eu o olhei.

— Não — balbuciei baixinho.

Ele recolheu os dedos, e quando soltei seu pulso, insistentemente ele me tocou minha face inesperadamente. Eu até me retrai, querendo esquivar, mas ele se esticou para me tocar.
Tocou a parte machucada, com um toque bem sutil, que mesmo dolorido não senti nada a não ser a pontinha cuidadosa de seus dedos, depois a mão dele tocou meu nariz, fechei os meus olhos meio que retraindo, com repulsa ao seu toque, ele parecia explorar meu rosto com suas mãos e delicadamente foi tocando, ele acariciou minha sobrancelha, meus cílios, enquanto eu estava tão enrijecido e incomodado que parecia que atravessar colchão. Seu polegar passou sutilmente sob meu lábio quase desenhando o mesmo.

— Taz — falei baixinho de olhos fechados — Para, para com isso, eu não gosto de carinho

— Não estou o acariciando — ele respondeu no sussurro. — Estou me acariando.

Abri os olhos o olhando, mesmo escuro ele estava me olhando da beirada da cama, ele segurou meu maxilar fazendo um carinho sutil.
Existe uma razão de eu não gostar de carinho e é algo semelhante ao que está acontecendo agora, meu irmão fazia carinho em mim antes de eu dormir quando eu era pequeno, e sentir Taz me tocar doía, era como se ele tivesse ido bem na ferida. Eu tava irritado? E nostálgico?
Puta merda quanto tempo faz que não recebo um carinho na cabeça? E não tô falando daquela cabeça, mas acho que ela iria amar a mão do Taz. Quanto tempo faz que eu não sinto alguém me tocar com tanta ternura e carinho, quanto tempo porra?

Fiquei queitinho com um medo de seu toque.
Seus dedos continuaram me tocando.

— Taz — tentei fazer ele parar

Ele ia me fazer chorar caralho, nem Fatinha quando casei me fazia carinho, mas ele? Eu não sei o que aquele moleque fazia.

— Vira para mim — ele sussurrou.

E eu fiz? Por que? Me virei o olhando, agora ficou fácil para ele, antes eu tava de barriga para cima. Agora com a cabeça para o lado ele conseguia acariciar minha orelha, meu cabelo. Eu fiquei de olhos fechados para ele não ficasse me olhando, sentindo seu toque, me sentindo um monstro sendo tocado pela criatura mais doce, fiquei ali por tanto tempo me sentindo amargo.

Abro os olhos e ele me olha.

— Por favor para — falei com a voz trêmula — Para.

Me virei o oposto. E adormeci me sentindo um merda.

Pela manhã já desperto a cama deles estava vazia, nem ele nem a mãe dele, desci as escadas quase me mijando, e corri para o banheiro, aproveitei para tomar um banho escovar os dentes e olhar para o meu rosto que parecia meio que mais animado que o normal. Eu não sei que porra o Taz faz mas ele não está me matando não, ele me torna vivo, ou despertando um lado de mim que eu não vejo há tanto tempo que nem sabia que tinha. Escutei o som de água, gritos na piscina da Lívia e dos meninos, e nem tomei café fui direto para os fundos para a piscina. Taz não estava lá, nem a mãe dele para o meu desânimo, Ju estava sentado tomando sol, e cerveja, um dos meus tios assava carne na churrasqueira, logo cedo, o som estava baixo tocando música sertaneja, sentei ao seu lado.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora