Cento & quarenta & nove

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No chalé, ao canto no próprio quarto havia uma banheira de ofurô grande em cima de uma plataforma de madeira, um piso elevado, além disso chalés são pequenos e minimalistas, geralmente 3 cômodos no máximo e tudo acoplado, do jeito que particularmente eu gosto. Viveria em lugares assim pequenos e jeitosos, e essa obra rusticas toda é bacana de mais.
Taz está nos meus braços, estamos quietos, na verdade eu estou, estou com algum sentimento incomodado, tipo na verdade ainda estou meio bolado com o Gustavo e o Taz no quarto, parece que não digeri esse ciume, ele está segurando minha mão e girando minha nova aliança em meu dedo.

— Por que está quietinho tartaruguinha?

— Tô de boa. Para de me chamar assim. — ele cismou em me chamar de tartaruguinha.

— Kauã te conheço, vai fala... — o tom de voz dele mudou, acho que eu prefiro que ele me chamasse de tartaruguinha agora.

— Por que estava chorando ontem quando entrei no quarto? Nem adianta dizer que não estava por que eu vi sua cara de choro... Na hora que estava falando com o Gustavo.

— Por que... Por que não é fácil ué.

— Por quê? Cê ama ele? — tentei conter o ciúme

— Kauã.

— Tarcísio não me enrola mermão, eu não sou besta, não nasci ontem... E ontem aconteceu alguma coisa, eu demorei a entender, mas você encolhido no canto com aquela expressão de quem havia chorado e ele com aquela cara também de choro, cê... Cê beijou ele Taz?

— Ele me agarrou Kauã — admitiu para a minha não surpresa

— Te agarrou? Então vocês se beijaram?

— A força Kauã, ele tentou me beijar e... Foi bem na hora que você chegou. — ele respirou fundo

Agora faz sentido o por que dele estar encolhido e afastado de Gustavo quando entrei no quarto.

— Porra Taz, por que você não disse nada?

— Por que eu iria dizer? Causar mais brigas? Eu sei bem o que você faria. Porra.

— E prefere esconder as coisas de mim?

— Não escondi eu só não queria uma briga pior Kauã... Merda velho. Eu tava de boa, ele foi lá para a gente falar do divórcio, eu quem chamei ele lá, daí a gente começou a conversar na sala mas minha mãe estava se intrometendo então a gente foi para o quarto. Devolvi a aliança para ele, e ele começou a surtar as falar um monte de coisa, me ameaçar, aí chorou fazendo drama e eu me aproximei por que fiquei com dó eu senti pena dele dado momento, e também chorei fragilizado... aí ele veio para cima. Não briga comigo eu sei eu fui ingênuo.

— Tarcísio, amor... cara eu vou moer esse filho da puta no murro!

— Tá vendo? Por isso eu não contei — ele falou bravo saindo do meios das minhas pernas sentando do outro lado do ofurô me encarando feio

— E você acha que ele tá certo então?

— E você acha que resolver as coisas no murro está certa? Sendo que você já foi preso justamente por matar alguém na porrada

Me segurei fechando os punhos para não mandar ele se foder e me levantei abruptamente espalhando água em tudo com a brutalidade. Taz se assustou com o que ele mesmo disse e ficou com um olhar de remorso, me retirei da banheira me enrolando na toalha irritado.
Eu não estou errado, não mesmo tudo o que fiz fiz certo, não há uma morte em minhas costas que não tenha sido causada por um motivo coerente, não acho que as pessoas merecem morrer ou ser esmurrada quando erram, mas também não vejo problemas ainda mais quando se tratam de pessoas que te ameças, ou que são uma ameças.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora