Cinquenta & cinco

3K 293 30
                                    

É engraçado, o sexo é algo que fazemos as vezes por necessidade, e as vezes parece que é para marcar território, como forma de dizer: ei você me pertence, você é só meu. Além disso as vezes é um complemento de dizer: olha o que tenho aqui, uma rola bem dura como forma do meu sentimento por ti. Parece estranho mas é como uma mensagem da atração, algo como se o fato de você gostar de um alguém devesse fazer aquilo para que assim suas almas colidissem no prazer, eu não consigo entender pessoas que não curtem sexo.
Eu já havia tido essa sensação, mas agora era diferente, eu queria transar com ele por que parecia que essa era a única maneira de demonstrar o que as palavras não dizem, de dizer que ele era meu e foda-se, de dizer que eu o queria mais que qualquer outra garota que eu tivesse transado, era como se aquele sexo em si fosse ser diferente de todos os outros que eu já fiz na vida, e talvez sim, talvez não, talvez nem fosse tudo isso, apenas sexo, superestimado como era, eu não sei mas eu estava explodindo querendo comer ele, nunca havia trepado com um homem e eu acho que eu queria provar tudo, seu corpo todo, cada pedacinho seu, querendo entrar nele, ser parte dele, atravessar ele, colocar o meu EU dele além dos meus outros EUS, uma remanescencia uma parte de mim.
Olha as ideias? Eu estou sendo
Safado e romântico, sem nem saber que eu era, quando a gente se apaixona a gente fica bobo caralho, e eu estava abobado desde que conheci aquele moleque.

Ficamos ali sentadinhos no silêncio, debaixo de uma sombra fresca, notei alguns olhares meio atravessados, outros curiosos, e pessoas que fingiam não se importar mas talvez estivessem incomodados, entretanto não me importei, estávamos namorando, em silêncio, namorando em carinho, trocando nossas energias calados, eu segurava a mão dele nas minhas, ele com a cabeça em meu ombro e os pássaros cantavam para contemplar a cena.
O lago estava sem patos, quer dizer tem patos mas eles não estavam na água hoje.

— Queria ir para a praia de novo — disse ele nostálgico.

— Podemos ir, quando você quiser lorinho — murmurei

Ele riu.

— Queria ir hoje…

Fiz um bico o olhando confuso.

— Hoje?

Ele soltou minha mão , nós afastamos um pouco, eu respirei bem fundo e calmo, enchendo os pulmões e esvaziando numa bufada.

— Vamos fugir… — eu o olhei — para outro lugar baby. — riu ao cantarolar.

Eu acho que estava entendendo o que ele estava querendo dizer.

Me levantei ainda me espreguiçando após colocar a sacolinha com a minha blusa que ele me dera em cima do banco de cimento, notei que ao me espichar feito um gato minha camisa subiu um pouco e ele olhou, para aquela região marcante entre as minhas pernas, depois desfarçou.

— Vamos?

— Eu te levo, te deixo na esquina da sua casa… beleza? Só vou buscar a moto do Miguel — acho que já tínhamos conversado tudo, ele não iria para minha casa e eu não iria forçar a barra.

— Não — deu uma pausa, e se levantou — Foge mais eu…

Ele me olhou com um olhar sapeca e eu ri, tussi um riso achando que ele estava zoando, mas ele falava sério, seríssimo. Fiquei sério ao notar que ele não tiu. Naquele instante me bateu o frio no estômago ele balançou os ombros de um lado ao outro com aquele olhar acanhado, olhou para os lados e embora hora outra tivesse pessoas ali, estava meio vazio, eram oito ou nove da manhã, ele segurou meu braço, mais precisamente no meu bíceps, e me olhou correndo a mão até meu ombro, meu peito, e seu olhar mudou. Porra ele me queria, eu sabia o que ele queria.

— Foge mais eu… — olhou com olhos que basicamente imploravam.

Eu tussi um riso meio inconformado.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora