Cento & dezesseis

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Certa madrugada ouço um som, acordo com o mesmo e penso que talvez seja nos vizinhos fico atento olhando para o teto escuro do quarto. Mas ouço novamente um bater de panelas até que me levantou assustado, em passos lentos e descalço caminho observando a barra da minha calça de moletom cinza quase passar no chão de madeira e vou me guiando. O relógio do quarto marcava 4 e 40 da manhã, em passos lentos me viro para o cômodo da sala.

A sala, sala de estar e a cozinha ficam no mesmo espaço a cozinha se separa da sala pela bancada, e a sala de jantar por uma elevação no piso, quando me viro dou de cara com Lily segurando uma frigideira me olhando assustada ela dá um sobressalto e um grito.

— Lobão? Porra que caralho? Como? Você não estava preso?! — perguntou assustada.

— Lily?

— Eu não uso mais esse nome, me chama de Lisa por favor.

— Ta, que porra você está fazendo aqui?

— Não, que porra VOCÊ está fazendo aqui?

— Bom o Taz, ele... Ele me deixou ficar...

— ah não — disse em desânimo. — Claro.

— Você mora aqui?

— Não, não esse aqui é o meu canto e o do Taz, vinhemos aqui as vezes, para pensar — disse ela devolvendo a frigideira para o fogão — ou quando não queremos ir para casa.

Ela estava toda arrumada, parecia ter vindo de uma festa. Quase não a reconheço, só a reconheci pelo coração na bochecha, ela deu uma engordada e uma encorpada, não estava feia pelo contrário um mulherão, mais do que antes, os cabelos estavam longos jogados na lateral do ombro com mechas rosas sob o preto, o perfeito preto brilhoso, a franja ainda existia, bem maquiada e seus olhos castanhos se destacavam na maquiagem avermelhada e rosada com glitter, além de estrelinhas brilhosas abaixo dos olhos que compunham a maquiagem, além de um delineado bem feito. Ela pegou algo na sacola que trouxe e colocou no fogão cozinhando algo para si, pegou a garrafa de vinho barato e bebeu no gargalo, depois me ofereceu.

— Quer?

Peguei a garrafa me sentando na baqueta.

— Taz está bem? — pergunto

— Ué cê não viu ele?

— Vi, mas faz uns dias que sumiu.

— Ah eu estava com ele e com o chato do Gustavo, acho que por isso ele não me falou de você, ele não mexe muito no celular para dizer por mensagem
sabe como é marido fiscal.

Parece um saco.

— Rum ele parece feliz.

— Não, você fodeu com o moleque, o que me surpreende muito ele estar te ajudando — explicou ela me olhou e fez uma cara de desgosto — Tarcísio é um garoto solitário, foi isso o que ele se tornou, carente de mais, e Gustavo só se aproveitou disso mas quem sou eu para dizer isso a ele? Ele não gosta, não vê está meio cego que nem quando ficou apaixonado por você, mas não acho que ele seja apaixonado pelo Gustavo acho que ele só tem muito, muito, muito medo de acabar sozinho e abandonado de novo.

Notei que ela estava meio bêbada, aquilo parecia que ia render um bom assunto. Virei o vinho dela.

— Tem mais vinho?

— Não, mas posso pedir para entregar — me olhou sapeca.

— Pode ser — bebi com mais generosidade eu estava precisando daquilo

Foi exatamente isso que ela fez, pediu pelo celular enquanto cozinhava algo que cheirava bem. Em seguida pegou um prato, despejou sua gororoba que eu não fazia ideia do que era e começou a comer em minha frente, parecia se ovo mexido com bacon e temperos.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora