Cento & vinte & seis

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Antes eu achava que quando as pessoas chegavam na casa dos 30 elas estavam velhas, e certamente acabada, eu nunca entendi quando as pessoas diziam que fulano tinha 40 anos e ainda era “novo” hoje faço 39 e sou tecnicamente fisicamente novo, eu estou bem para quem está beijando os 40, estou bem até de mais, confesso que na prisão eu fiquei acabado nos primeiros dias, depois fiquei bem, a ausência da academia me fez perder os músculos tornados, mas como eu me exercitava mesmo assim ainda sim eu estava com o fisico bem em dia, ou seja eu estava com um porte  bom, bem estruturado, viril e agora me olhando no espelho uma cara de pai da qual nunca vi antes. Taz estava certo eu estava ganhando fios grisalhos não muito, bem pouco, bem pouco mesmo tipo uns fios pratas aqui outro ali na barba, e alguns nos cabelos que estavam um pouco maiores mas esses fios eram imperceptível, por sorte. Nunca fui muito vaidoso mas eu estou envelhecendo e isso está meio que me preocupando, pareço mais parrudo, e com expressões físicas ainda mais austeras. Existem pessoas que diz que os 40 é a idade em que você fica mais bonito, talvez isso tenha sentido, mas confesso que toda essa beleza que vejo atrás do espelho é dada pela ausência de flacidez da pele, poucas rugas e marcas de expressões bem marcadas mas que me deixava charmoso, ou com a cara mais fechada possível, como se estivesse sempre bravo. Será que sou velho de mais para o Taz? O marido dele é mais novo e parece bem acabado quando chegar na minha idade vai estar só a caveira, ele deve ter uns 30 anos. Tenho notado muitos olhares sob mim aqui, as mamães solteira ficam loucas quando me vêem com o Gabriel, e alguns papais também, como se ficassem com medo. Eu tenho andando mais bem vestido, camisa de botões claras as vezes, mas prefiro as camisas largas e lisas, cinto, calça social escura as vezes, mas prefiro as largas e velho jeans surrado, relógio no pulso - as vezes, perfume bom, exalando um aspecto responsável, é eu acho que somos realmente aquilo no meio que vivemos. Ninguém aqui olha para mim e vê como um marginal agora e sim como um “homão bonito da porra” — pelo menos foi isso que escutei as mulheres cochicharem no elevador dado momento.

Meu nível de testosterona está alto, sei disso por que agora eu tenho me alimentado um pouco melhor e minha vontade de transar tá imensa de maia. Era como se exalassem feromônios por toda parte, as olhadas, os flertes e eu quero trepar com a mulher casada do 108, o garoto do 56, o monitor de crianças que não mora no condomínio, a novinha do 234. Além de todas essas pessoas o Taz, o Taz é a pessoa que eu mais quero, e toda vez que tenho sentido vontade de transar com alguém eu penso nele e automaticamente isso anula minha vontade como se eu devesse lealdade a ele, por que quero transar com alguém que amo, por que o sexo é melhor e diferente. Eu quero pegar o Taz de jeito, fazer amor lentamente, foder violentamente, bater na sua bunda branquela até que ela fique avermelhada, morder seu corpo de leve, chupar sua pele até o sangue subir, amarrar seus braços, bater no seu corpo com a ponta de um chicote sutilmente, prender seus pulsos, esfolar o Taz, venda-lo, fazer implorar por um bom sexo. Mas ao mesmo tempo não me sinto encorajado a fazer isso, quando Taz está perto desde o início ele meio que me assusta, me faz esquecer toda essa brutalidade, toda essa vontade e perco a coragem de trata-lo feito uma putinha pervertida, ele não é assim.

Tarcísio estava mais maduro, consigo lembrar da nossa transa bêbados, do modo como ele me olhava e pedia pra que eu o comesse forte, do modo como ele gemia implorando para que eu fodesse. Quero implore mesmo não querendo ser um ninfomaníaco ou masoquista com ele, implore de novo para que eu o seja seu  homem. Pensar nisso tem me feito bater punheta, dia após dia, noite após noite e meu saco parece sempre cheio, mas não muito, mas sempre tem um pouco de porra lá esperando vazar.

Eu estou tentando esquecer Taz, não pensar nele mas é inevitável a forma como ele tem invadido meu pensamento em formas inenarráveis, não se trata só do sexo, eu me imagino acordado ao seu lado, sentindo aquele carinho e os beijos, vendo ele me olhar daquele modo que ele sabe fazer. Me imagino tendo uma vida com ele e as vezes me pergunto se não estou ficando meio obcecado, mas parei de ir atrás dele, tentar contato ou implorar para que a Lisa me ajude, na verdade não quero mais nada, se ele não me quiser o que é um fato a vida segue, mas no fundo eu sei que ele quer, ou será que estou ficando realmente obcecado, vendo coisas onde não tem? Isso está me preocupando muito.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora