Trinta & cinco

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Existe algo sobre trabalhar para criminosos, querendo ou não eu fazia isso, meus melhores clientes eram todos ex-presidiários ou quase isso, e eu trabalhava para eles, eu era o famoso chave de cadeia. É uma fonte de renda boa, os filho da puta fodidão pagam bem para você livrar a cara deles ou de seus filhos playboys, mas tenha em mente que haverá um ódio da qual você nunca saberá da onde vem, da lei, ou do crime?
Se meu irmão estivesse vivo, estaria sofrendo de desgosto, mas eu só cheguei onde cheguei por ele, porque eu quero pegar o filho da puta que matou ele, o Marcelinho Formiga, e sinto que isso vai acontecer hora ou outra… mas outra coisa que não mencionei sobre ser advogado defensor de bandido é que você está sempre na mira.
Eu não era só isso eu fazia diversas coisas erradas, existem os bandidos, e existem os Bandidos de Gravata, talvez eu fosse um de gravata.

Quando virei a rua de casa, logo após deixar Taz e sua família na casa deles, notei algo estranho, algo de estranho no meu portão, e quando parei do outro lado da rua olhando meu portão da garagem, dei um murro no volante. Pobre volante, dou tanta cassetada nele que qualquer hora o airbag explode na minha cara.
Miguel está sentado na calçada fumando, usa um chapéu velho deixando os cabelos longos descoloridos desbotados e mal cuidados para fora do boné, desço do carro já pisando duro, puto da vida, picharam o meu portão. O portão da minha garagem é branco, basicamente uma tela perfeita.

— Que porra é essa Miguel?

— Ah, e aí irmão — disse ele vindo com o cigarro de maconha preso nos lábios — Feliz natal, ano novo, esse é o seu presente. Eu achei que está a pampa

Pampa? Vai se foder quem fez isso?

— Olha só…

Miguel gesticulava, ele sempre fazia isso, parecia aquele personagem principal do filme Piratas do Caribe. Ele fez tipo um L com a mão mirando no portão e fechando um dos olhos.

— Bom, tudo me indica que foi o corno inconformado… aquele que te arrebentou no murro.

— Eu já deixei o filho da puta me dar uns murros agora pichar minha casa, o arrombado até quebrou minha câmera! — falei olhando para a câmera aos estilhaços

— Eu te falei que aquela câmera não era boa, é bom aquelas que vê tudo em 360 graus irmão. — deu uma pausa — Pior que eu tentei vê se ele aparecia na câmera, mas não, a câmera quebra antes sei lá… ou foi tiro ou pedrada.

Pode ser sido o namorado da Marcela também, penso comigo, afinal o namorado dela é um marginalzinho. Mas eu não ia comentar isso para Miguel.

TALARICO - era o que estava escrito.
Eu sei merda, eu errei, errei, mas meu Deus, sexo é só sexo, supera essa merda a culpa não é minha se as mina dos caras são infiéis, eu só faço meu trabalho de homem, como com força e mando para casa.

Peguei a maconha da boca de Miguel e fumei, porra tava uns dias sem fumar, senti a brisa já me relaxando, viver em São Paulo é assim, ou tu fuma um, cheira pó, ou pedra, sei lá, aqui é a cidade dos vícios, tu tem que cultivar um ou vai cultivar vícios psicológicos pior que droga, Miguel ficou me encarando após eu roubar a maconha dele.

— Cê é folgado hein porra — disse ele

— Folgado tá o meu ovo nesse calor.  — falei, nós admirava o portão parados no meio da rua como se fosse uma obra de arte — A mulher dele ainda me deu uma calcinha gozada.

Miguel gargalhou

— Puta que pariu.

Eu ri.

— Comi ela gostoso, mas… vou queimar as calcinhas dessas mina tudo, tá maluco não consigo ficar feliz por muito tempo não, deve ser macumba essa porra. É sempre assim tá tudo bem de um lado aí do outro… uma merda.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora