Sententa & quatro

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Houve um silêncio fúnebre na cozinha. O olhar de Carol mediu Taz de cima abaixo e ela tossiu um outro riso inconformada. Ela lambeu os lábio, me fuzilando, era meio óbvio agora, o menino estava com minha camisa, e eu descamisado, ambos com roupas de dormir, dormimos juntos. Desviou o olhar e negando com a cabeça.

— Eu sabia que tinha alguma coisa de errado... Homem é tudo igual né, não podem ver um buraco fácil.

— Fácil não! — exclamou Taz a olhando feio.

— Carol… — murmurei

— Ele está te usando garoto, como ele me usou, esse é o Kauã… confesso que comer homens? — ela me olhou feio — Realmente é uma surpresa para mim! Mas ao mesmo tempo não estou surpreendida cê sempre foi um tarado, mas um garoto? Ainda mais novinho como ele? Fácil de manipular né Kauã, me diz ele faz tudo o que você quer?

— Carol… — falei novamente com brandura fechando os punhos.

— Eu só vim saber o que estava acontecendo, mas já entendi, pode continuar aí socando seu pinto nesse garoto… — ela encarou o menino por cima — Só não se esqueça garoto, que ele vai cansar assim como cansou de mim, pode demorar um pouco, mas ele vai cansar, nunca vai assumir você, nunca vai ouvir da boca dele um "eu te amo" pois ele não ama nem ele mesmo.

Os olhos de Taz se encheram, os lábios dele estavam molhados de saliva como se ele fosse chorar e tudo nele ficou vermelho, ele abriu a boca para falar, então ele falou com um certo sorriso:

— Eu já ouvi isso da boca dele — falou com a voz tremola e ainda mais rouca do que era — Talvez tu só não fosse a pessoa que merecesse ouvir.

Ela meio que soltou um ar risonho pelo nariz como se risse sem mostrar os dentes

— Você não entendeu, garoto, ele só está usando você, só está suprindo a necessidade dele naquele quartinho do sexo que ele tanto adora.

Taz fez uma cara confusa, me olhou, e depois olhou para Carol.
Não, não, não. Porra, cala a boca Carol?

— Você não sabe? — riu ela de maneira ousada — Merda, ele não sabe? Você tá escondendo dele?

— Cala a boca Carol! — felei engrossando a voz

— Vai fazer igual ele fez comigo, começa fofo, termina trágico, com ele te batendo, te amarrando e te amordaçando. — Taz me olhou com olhos assustados e cheios — É disso que ele gosta de punir na hora do sexo ou apenas punir. Ele vai convencer você assim como fez comigo que é divertido, e agora parando para pensar é doentio. E quando ele cansar, depois que você der tudo de si, realizar todos os fetiches estranhos dele ele vai te largar.

— Do que ela está falando Kauã?

— Nunca notou? Não notou em nenhuma de suas transas que ele só chega lá quando está sendo violento. A violência tá no sangue dele até nessas horas e sem contar dos crimes, o puteiro, e de tudo que ele se envolve, das drogas... e um dia garoto ele vai perder o controle e vai te mostrar no que ele realmente sente prazer, no que ele realmente gosta de descontar a frustração... Ele não serve para o amor, e eu demorei mas agora, agora eu entendo! Cê é todo bonzinho né moleque?

— Chega Carol! — exclamei num grito grosseiro. — Chega porra! Chega caralho, merda!

Dei um muro na mesa com força, o som do murro fez os pratos balançar e até cair um dos copos sem que os mesmos caíssem no chão pois enroscou no tecido que recobria a mesa, Carol, Taz e Miguel darem um saltito assustado. Taz fechou os olhos e notei a lágrima escorrer no canto, mas ele saiu da cozinha rápido feito um foguete, eu me levantei empurrando a mesa com tudo, irritado, explodindo.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora