Trinta e seis

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Um celtinha parou do lado do meu carro, como estava a noite e vidro escuro não consegui ver quem era, Carol desceu do meu carro, me deixou lá chamando ela e saiu, quando bateu a porta do meu carro fiquei em silêncio, ela cruzou a frente do meu carro, com o meu cigarro de maconha, ajeitando a bolsa no ombro, entrou no Celta, e vazou. Nem me preocupei em tentar ver quem era, eu estava transtornado.

A última coisa que eu queria agora era um filho, eu me dava bem com crianças, mas com a criança dos outros, não desejo ser pai, nem agora nem nunca, nunca mesmo. Pensei em bater no meu volante, mas só o apertei.

— Porra! — falei dando um tapa contra minha própria face e outros na cabeça — Burro do caralho, burro do caralho!

Eu iria tirar essa história a limpo, acelerei o carro, já eram nove da noite mas eu estava pouco me fodendo se fosse tarde o bastante para ir na casa de alguém. Leila mora no bairro Bom Clima, não é lá essas grandes coisas, só é perto da prefeitura de Guarulhos, acho que nunca dirigi tão rápido em toda minha vida, estava pouco me fodendo, já havia levado uma multa por causa do Taz mesmo.
O que ela estava esperando em me dizer dias antes do Natal? Que seria um presente? A porra de um presente? A última coisa que eu queria era um filho de presente!

Parei o carro na frente de sua casa, como ela morava numa rua qualquer e pequena deixei o carro na contra mão mesmo, eu estava tão fulo da vida, desci do carro e apertei a campainha, mais de uma vez, várias vezes. Até que ela saiu xingando.

— Já vai, porra, caralho, espera! — disse ela e quando abriu o portão paralisou.

Eu também, também fiquei parado, sua barriga parecia esconder uma bola de futebol, esse bebê devia ser um super bebê, nunca iria imaginar uma mulher de quatro meses com uma barriga tão salientada.
Eu a encarei, e ela? Ela não sabia onde enfiar a cara, puta que pariu! Minha mente pareceu ter explodido.

— Que porra é essa Leila? — falei indignado

— Eu… eu ia contar eu… — ela travou a fala.

— Essa porra não é minha! Claro que não é.

— Como pode ter tanta certeza? Quer saber foda-se — disse ela e ia entrando batendo o portão na minha cara.

Eu coloquei a mão no portão não deixando ela bater e dei um tranco empurrando o mesmo o abrindo com tudo. Se alguém visse aquilo ia achar que eu era um agressor de mulheres grávidas. Eu estava transtornado, mas não a esse ponto. O portão bateu com tudo contra a parede, quando o empurrei abrindo ainda mais, e eu nem hesitei, entrei mesmo em seu quintal, ela se assustou.

— Você vai me explicar o que está acontecendo?

— Ué, não tá acontecendo nada, você que está aqui feito um idiota. Surtado do caralho

— Leila, esse filho é meu?

— Eu só quero a ajuda tá bom? Só isso, mais nada Kauã.

Exceto o meu dinheiro. Pensei.
Abri os olhos arregalados.

— Quero exame de DNA!

— Eu não vou fazer a porra do DNA coisa nenhuma, eu só trepei com você aquele mês! Então para um bom entendedor meia-palavra basta.

Aí estava, por isso não dá para confiar, mulheres as vezes gostam de inventar história. Eu sabia que naquele mesmo mês ela havia saído de novo com pai da Carol, pois eu a vi com ele escondidos enquanto passava pelo Bosque Maia. Eu até havia me esquecido desse fato, então minha mente foi inundada com a cena dos dois andando em torno do parque.
Lembro que no dia pensei em contar para a Carol, mas não era da minha conta se aquele velho gostava de trair a mulher dele com novinhas peitudas, e Leila era uma safada, e eu não sei o que me deu na cabeça para sair com ela, eu disse que não trepava com mulheres interesseiras mas ela foi a excessão que eu estava me arrependendo.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora