Cento & sessenta & sete

1K 115 5
                                    

Taz tocou meu ombro, depois abaixou a cabeça em meio a sua tentativa frustrada atrás de uma justificativa. Mas como eu disse não era culpa dele.

— Eu, sei lá... Eu não sei só queria que você ficasse bem com a sua família.

— Vou ter de dizer quantas vezes que...

— Eu sei, eu sei — me interrompeu — sua família sou eu e o Gabriel, eu sei — ele se levantou com meio sorriso — Se você quiser pode ir na academia e ver a tal quadra de futsal que o corretor falou que é perto, vi que você ficou animado em saber que havia uma aqui na esquina vai lá ver como é... Eu termino tudo aqui e fico com o Gabriel.

— Mas você não quer ir junto? Eu queria ir com você.

— Depois você me mostra — falou ele pegando o Gabriel dos meus braços — vou conversar com a Conceição, explicar para ela quando queremos que ela venha e quais serão as partes que ela deverá manter organizadas, papo chato que sei que não é sua praia.

Dei os ombros sorri de leve e me levantei

— Vai, vai ser bom tu se distrair — insistiu o Taz

Acho que ele queria ficar sem mim. Tive esse impressão. Talvez ele quem precisasse se distrair.
Dei um beijo em sua bochecha e me retirei de casa. O bairro em si era bem bonito, já havíamos nos dado conta muito antes de ver a casa que pessoalmente era ainda melhor, as casasa eram meio afastadas por ser enormes com grande quintais, ruas paralelas e simples com árvores e gramas nas calçadas, parecia um local bem sossegado para residir mas estranho de início afinal não tinha ninguém, não conhecíamos ninguém, nem um vizinho sequer. A quadra de futsal que tinha era próximo a um enorme salão de festa, o bairro era tão seguro que parecia um condomínio. Entrei na quadra que era maior próximo de casa, observei os garotos jogarem bola, jovens de mais, perdi o interesse em jogar também, se bem que eu não estava nem vestindo roupas adquradas para uma pelada repentina. Fui na academia que era próximo também. Nesse local, nesse bairro sou invisível, ninguém sabe quem sou, mas não deixo de ser um estranho, claro um vizinho novo ou um turista? Um entusiasta repentino que apareceu na vizinhança assim, do nada, sem mais nem menos, sem um caminhão de mudança sem ter frequentado o local antes, um estranho.
Conheci alguns rapazes na academia, na verdade os instrutores eram 3 e eles apenas sanaram minhas dúvidas, valor da mensalidade, horários, essas coisas, não foi muito interessante, mas eu queria aquilo justamente por ser uma nova distração é um ótimo meio de conhecer pessoas.

Indo para casa na mesma calçada eu diria alguns metros longe passei na frente de um Pet shop, pequeno e jeitoso, mas um ganido e um latido juvenil chamou a minha atenção, automaticamente lembrei de Jaiminho o cão do Taz, mas o Jaiminho havia morrido atropelado, pelo menos foi o que Taz me disse em uma de nossas conversas, e claro que o jovem cãozinho que me acompanhou na vitrine não era nada igual o Jaiminho.
Me abaixei o olhando enquanto ele todo animado com o cotoco de rabo balançava de um lado ao outro. Lembrou-me muito o cão que meu irmão tinha era assim branco, mas com menos pintas pretas, e ele veio tão pequeno quanto. De repente e nostálgico me bateu uma saudade de quando eu era pequeno, de quando meu irmão ainda era um herói para mim, será que Amanda lembra daquele cachorrinho branco que meu irmão tinha?

— É o último da ninhada, estávamos vendendo mas já entendi que ninguém quer comprar um cão de raça deformado — ecoou uma voz feminina atrás de mim e me assustei, era a dona ou a atendente da loja — Eu e meu pai chamamos ele de Rabicó, você é o novo morador daquela casa ali... não é?

Ela perguntou e apontou a minha nova casa que estava meio longe, mas concordei com sua intromissão em um sorrio e aceno de cabeça.

— Parece um vira-lata arteiro

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora