Cento & oito

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O dia nasceu lá fora e aqui dentro do mesmo quarto, no fundo eu sabia que aquilo não seria algo barato, um hospital particular, uma clínica particular custa muito e o valor é dado por horas. Meu eu interno não estava sentindo-se confortável com aquilo, na parte da manhã acordo com Malu que me faz um carinho na cabeça, desperto meio atônito e confuso, de início não me dando conta da onde estou.

— Malu? — resmunguei

— Oi, como você está, os médicos disseram que ontem você ficou mal.

— É... Você não devia estar na escola.

— Sim, mas eu pedi um dia de folga para te ver.

— O Gabriel?

— Está bem, está creche, então eu vou voltar para pegar ele, espero que você tenha alta hoje.

— Hmm — resmungo confuso colocando a mão na cabeça.

De repente me sinto realmente doente, ou estranhamente cansado e com sono. Acho que meu psicológico estava totalmente fodido. Seguro a mão de Malu que me olha com olhos piedosos, ela olha para o alto, todos os cantos do quarto.

— Aqui é chique de mais né? Eu não sabia que você tinha parentes tão generosos

— Ele não é meu parente. — respondo

— Ele me disse que era como um filho para sua mãe, então vocês são meio que irmãos né?

— É um assunto complicado de mais, mas vou pagar essa porra toda, ou pelo menos metade de tudo isso — disse eu — Nossa eu me sinto péssimo, não sei se são esses remédios ou sei lá... Mano, vou falar para tu eu estava bem, foi, talvez um estresse acumulado, na moral eu só preciso ir para casa.

— Você tem exame agora às nove horas. Faz os exames, depois vamos.

Naquela manhã fiz uma porrada de exames, exame de sangue, de urina, ultrassonografia, ressonância, raio x, e endoscopia que foi o que me deixou abruptamente baqueado, não consegui ver Malu indo embora, fui tomado pela dopagem.
Clínicas particulares são assim eles vão pedindo exames infinitos, por que custam dinheiro, e é por isso que são boas por que descobrem o que você  tem, mas não estão preocupado contigo e sim com sua grana.

Quando desperto mas ainda sonolento escuto vozes distantes. O tempo parecia estar deturpado, como se a hora estivesse correndo e eu não estivesse conseguindo acompanhar. Taz apontou para mim e o doutor que estava junto dele do outro lado do quarto me olhou, ambos se aproximam em passos lentos. Eu estou me sentindo um idoso morrendo.

— Oi Kauã, tudo bem? Eu sou o Doutor Leo e já tenho o resultado de alguns dos seus exames, os resultados dos outros saíram agora no fim da tarde mas só por aqui já consigui indentificar o problema.

Houve uma pausa dramatuca.

— Então diz — falei.

Taz olha para mim com um olhar sugestivo, ele de certo já sabe e aqueles olhares todos com pausas silenciosas está começando a me assustar.

— Bom tudo está ok, ou quase isso, constatamos um quadro de Arritmia Cardíaca por conta de um artéria, o que acontece é que devido ao uso de alguma substância ou medicamento, um de seus ventrículos ficou uma leve hipertrofia. No corpo humano, mais precisamente no coração, temos dois e são responsáveis por bombear o sangue, quando um lado trabalha de mais isso gera problema podendo enfim causa sérias consequências como parda cardíaca, fadiga, cansaço e quadros de arritmia... E isso não combina muito com seu estado de ansiedade.

Na moral esse filho da puta está falando grego, eu o olho com a expressão mais confusa até então a única coisa que entendi é que meu coração não está bem devido ao uso de algo, eu diria que foi a cocaína que cheirei igual um desgraçado enquanto estava preso.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora