Depois do hospital o Taz só piorou, ou melhor ele ficou ainda mais amuado, sem ânimo, deprimido da sua breve debilidade, e ver ele amudinho me cortou o coração, chegou, não quis comer nada, também não quis ir para a casa da Amanda e eu não queria que ele fosse, queria que ficasse comigo, se deitou no sofá, peguei uma coberta para ele, ele não quis ver televisão nem nada apenas adormeceu.
Tudo bem ele precisava descansar e eu precisava que o Gabriel parasse com aquela euforia toda.— Gabriel! — repreendi ele enquanto gritava — Ei, o namorado do papai tá doente, não pode ficar gritando pela casa.
— Doende? — ecoou ele
— É, dodói — falei o pegando no colo — vem cá...
— dodói pai? Molado dodói? — perguntou — É um molado pai?
— É, ele é meu namorado e está dodói.
Gabriel riu sapeca. Embora ele não entendesse o que realmente era ser namorado de alguém ele sabia que aquilo significava algo muito especial e íntimo. Isso por que Malu costumava dizer a ele que eu era o namorado dela, marido coisas assim e ele entendia que era algo especial, então no fundo ele sabia que eu e Taz éramos íntimos e era bom que ele aprendesse isso cedo mesmo tendo quase três aninhos ele não tinha maldade alguma, não tinha malícia no olhar nem na palavra, não sabia nada sobre nada, não sabe o que os namorados fazem.
— E tomou inheção?
— Tomou — falei indo até a cozinha com ele. — O pai esqueceu de fazer papazinho, ainda bem que sua nova vó mandou marmita de ontem — falei abrindo a geladeira e rindo.
Amanda sendo a nova vó do Gabriel era a novidade do ano.
Gabriel gritou de novo.— O uquinho!
— Psiu! Ei! o que eu falei sobre gritar?
Ele colocou as mãozinhas na boca tapando.
— O uquinho pai — disse ele baixinho cochichando e depois fez sinal de silêncio — O uquinho
— Primeiro cê vai comer um pouco depois te dou suco, beleza?
Ele fez cara de choro e resmungou, eu apenas o olhei e ergue a sobrancelha, ele entendeu bem aquele olhar de repreensão, fechei a cara em seguida.
— Por que vai chorar? Primeiro come depois toma o suco, se tu chorar não vou te dar o suco, tu decide. — falei colocando a marmita de comida no micro-ondas
Ele automaticamente engoliu o choro. As vezes o Gabriel entendia as coisas mas não compreendia que as coisas não eram no seu tempo, mas desde pequeno e minha palavra sempre foi a última e ele sabia que mesmo que chorasse eu não cedia suas vontades.
Acho que ele sentia falta de Malu nesse caso, ela fazia os gostos dele, daria o suco para ele com certeza.— Ome tudo pai? Ome tudo pai o unco?
— É comer tudo, depois o suco.
Há coisas que só as mães entende quando as crianças falam, eu sempre dizia isso a Malu, só ela traduzia o Gabriel mas aí bastou eu tomar conta dele que passei a interpretar ele.
Existem palavras que ele cria, as vezes difícil de decifrar, as vezes tem que associar, meus diálogos com o Gabriel é sempre um jogo de perguntas e respostas, mas a parte que mais amo nesse diálogo é quando ele me chama de pai, antes eu odiava essa palavra, agora me sinto muito responsável por ela, parece encher a boca para me chamar pai, e é como se isso tocasse bem lá dentro de mim, será que todos os pais são assim, no inicio? Sente essa parada? Talvez seja amor, ou por que nunca imaginei ser pai, não um pai de verdade como sou para ele agora.
Ele comeu, tomou o suco dele, brincou um pouco para lá e para cá, enquanto eu tentava contatar corretores e via fotos de residencias sentado na bancada usando o notebook, horas ele falava baixo se dando conta do Taz, e horas eu bronqueava ele até que coloquei ele para dormir um pouco, tirar um cohilo, já se era fim de tarde e eu também estava com um pouco de sono. Na verdade estava louco para me deitar com o Taz, se não tivesse o Gabriel eu teria passado o dia deitado com Taz.
Quanto ao Taz a febre passou, ele acordou penas para ir ao banheiro umas duas vezes comeu um pouquinho só de besteira, mas não quis conversar nem dizer nada e deitou-se de novo.
Me deitei ao lado dele brevemente o abraçando, ele estava acordado, olhando para o encosto do sofá pensando.
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A Ordem do Caos
Romance------- Obra para maiores de 18!!! ------- Queria virar ele naquele sofá, arrancaria ou rasgaria o seu shorts que parece ser um tecido leve, e ergueria a bundinha arrebitada dele o colocando de quatro eu certamente a deixaria vermelha de tanto tapas...