Cento & quarenta & seis

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Como combinamos o peguei de manhã, e ele estava ansioso também disse que mal havia dormido, mas eu não contei a ele que também fiquei ansioso por que minha ansiedade não era a viagem em si, e sim outra coisa que eu havia tramado.
A viagem foi tranquila, fiquei quieto a maior parte do tempo, eu estava tão nervoso e tentando não transparecer que ele desistiu de falar comigo, acabou que ele dormiu metade do caminho para o meu alívio pois eu mal conseguia falar olhando para ele, o Taz disse que arrumou uma reserva durante a noite em um chalé mega-legal, eu até havia me esquecido que tinha essa parada de fazer a reserva, ainda bem que ele viu isso, e assim fomos para um chalé em Descansópolis, um bairro tranquilo até por que qual lugar ali não era tranquilo? Só havia mato e casas bonitinhas e jeitosas, já enfeitadas para o natal, eu já havia feito uma visita a Campos de Jordão há muitos anos atrás quando eu ainda era pequeno, devia ter uns seis anos ou menos. Eu não conhecia nada ali, mas gostei da aclimação serena da cidade, por um momento parecia ter entrado em um daquele filmes de suspense, com lobisomens e criaturas selvagens nas matas. Eram sete da manhã e tínhamos muito o que fazer, aquele bairro era um pouco afastado dos centros comerciais mas era tranquilo com uma vista incrível, e não havia problema ser afastado até por que estávamos com carro.
O local é lindo o chalé tinha uma vista privilegiada top-de-linha, a diária era meio absurda mas beleza mil reais por dia compensava as regalias, refeições e cafés da manhã incluso, piscina e os caralhos todos e a assim que chegamos tomamos um café, em um dos salões, claro que fizemos uma breve tour na cidade, mas sem descer do carro, antes de chegarmos ao nosso destino, já que eram oito da manhã, e eu estava tão ansioso que estava contando as horas, eu tinha um plano para essa noite.
Chalé requentado, havia outros na região, móveis rústicos, Taz estava todo jeitoso usando uma blusa de moletom e um gorro branco na cabeça, eu o achava bonitinho de touca ainda mais com aquele pompom, ficava uma graça e realmente estava frio em novembro, mas ainda não era verão, e mesmo assim cada ano que passa o clima fica cada vez mais bagunçado, eu também estava de blusa, uma jaqueta na verdade e uma touca preta que coloquei assim que chegamos na cidade e nos separamos com frio que estava. As casas assim comos chalés estava todos enfeitados com luzes de natal, e aqueles ornamentos de estrutura europeia era legal, como se estivéssemos um pouco fora do Brasil.

Assim que entramos no quarto eu parecia que ia explodir de ansiedade, Taz entrou na frente eu logo atrás e após bater a porta eu finalmente tomei a coragem me sentindo um completo pateta assutado, eu não iria aguentar esperar o anoitecer para fazer aquilo, eu já estava estranho para caralho, suando frio para caralho, e Taz já estava meio impaciente comigo por eu estar "estranho" com ele.

Me ajoelhei da maneira trivail como os homens fazem nas pinturas épicas, aquilo era patético mas limpei a garganta uma vez e o Taz nem se tocou enquanto colocava a sua bolsa de roupas em cima do divã ao pé da cama, tomei um fôlego e limpei a garganta com mais força eis que ele se virou.
Merda, eu não estava preparado para pedir ele em casamento, quando seus olhos bateram em mim eu estremeci num medo bizarro, mas eu já estava com um dos joelhos no chão esperando que ele me olhasse.

— O quê está fazendo? — perguntou se aproximando e confuso.

Eu me calei meio assustado, então lembrei que eu tinha que pegar as alianças que eu havia comprado ontem no shopping, enfiei a mão no bolso tirando uma caixinha azul cremosa. Tá, eu podia fazer aquilo de inúmeras formas diferente, por que escolhi a forma mais idiota? Eu podia me sentar na mesa a noite como pensei e pedir ele em casamento durante o nosso jantar, essa era a ideia principal, por que eu estava fazendo isso agora, podia ter pedido ele durante o café da manhã, mas agora o nervosismo fazia o mesmo café revirar no meu estômago como se eu fosse vomitar. Aquela cena de me ajoelhar era algo que em minha cabeça fazia total sentido mas eu havia me esquecido de como eu ficaria nervoso, e eu estava tão nervoso que quase derrubei a caixinha após tirar do bolso e então o olhei, acredito que eu estava mais vermelho que ele que estava paralisado, imóvel me olhando com olhos curiosos.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora