Noventa & um

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A peguei olhando de um lado ao outro, enfiei a chave o do carro na fenda com fita crepe e rasguei a mesma. A porta do carro estava aberta e como a luz de fora da casa estava apagada entrei dentro do veiculo ascendendo a luz do carro, uma pequena garoa começava a cair do céu, e eu observando a todo momento com certo medo do Taz aparecer, quando abri a caixa eu senti um cheiro estranho, um tanto forte, cheiro de sangue para falar a verdade é ao abrir totalmente lá estava um dedo. Simplesmente um dedo, cortado, com sangue e tudo, havia até um anel que reconheci. Senti minha expressão congelar.
Minha mão se tremeu e eu soltei a caixa no meu colo sentindo um certo pavor e uma repulsa foda no estômago. Peguei meu celular e disquei para Miguel, o dedo era dele eu conhecia aquele dedo e o anel.

Chamou, chamou, chamou.... Demorou a atender e eu fui consumido por uma ansiedade nervosa, mas aí atendeu.

— Miguel, porra, onde você tá?!

Sua muié deve estar por aí vadiando — Respondeu uma voz que não era a de Miguel. — É parceiro mesmo dando um apavoro na sua muié, sua mãe, tu não desistiu né?

— Cuzão, solta o Miguel.

Tô esperando você seu merdinha, quer resolver nosso papo vamo resolver de malandro pá malandro, sei que tu não é santo. Eu demorei a entender caraio, mas aí o Miguel abriu o papo disse que você tá fazendo tudo isso por causa do irmãozinho é?

— Vai tomar no seu cu Formiga, quando eu te achar eu vou te encher de bala.

Tão vem, tô te esperando aqui na São Rafa com seu amiguinho. Mas vem sozinho quero ver se tu é fodão mesmo.

— Espero que tu esteja sozinho também arrombado, vamo ver quem pode mais.

Desliguei o telefone e me levantei a milhão, estava tremendo de nervoso, subi as escadas num desespero tirando o paletó e a gravata, fui até meu quarto pegando a arma escondida no guarda roupas, fui até a porta do banheiro e Taz tomava banho, pensei em avisar, a porta estava meio aberta como se fosse um convite mas parei na porta.
Alisei o bigode nervoso, pensando se deveria avisar.

— Amor — falei com a voz meio tremola — vou na minha mãe rapidinho beleza cê me espera?

Talvez eu nunca mais volte.

— Tá bom, aconteceu algo?

— Não, fica tranquilo.

Coloquei a arma na cintura e desci para o carro.

Enquanto eu acelerava feito um louco naquela noite meu carro deslizava sob a água das ruas sem muita aderência, observava o dedo de Miguel ainda fresco dentro da caixa de papelão no banco do carona, o mesmo rolava para cá para lá sujando ainda mais de sangue e eu estava puto, puto da vida, meus olhos queimavam de ódio, ódio puro, eu estava com o desejo de matar aquele filho da puta.
Cheguei na São Rafael e aqui é enorme, até onde eu sabia aqui tinha bocadas mas era meio pacífico ocupadas pela polícia mas nada segura, naveguei pelas ruas estreitas indo para as áreas mais periféricas e menos civilizadas tentando encontrar algum vestígio, até que vi o Zulu, parei meu carro em uma das vielas., certamente o cara era olheiro, quando me viu me encarou feio, desci do carro, as ruas qui eram bem estreitas, ruim de mais para andar com o carro aqui.

— Cadê o Formiga? — falei

— Opa patrão pode chegar assim não. — deu um risinho fazendo eu parar de andar. — Vou dar um salve nele, veio relembrar a infância?

— É vim.

Ele assobiou e outro rapaz deu mais um assovio. Em seguida Zulu tirou o celular do bolso. Me encarou por meio segundo.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora