Surto Psicológico - Arthur S.

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Pov Sn

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Pov Sn.

Arthur está quieto e silencioso olhando para a lareira enquanto pensa em alguma coisa, eu tinha feito um chá para ele e até lhe ofereci, ele negou dizendo que estava bem e que eu não preciso me preocupar, o único problema é que ele está assim desde manhã.

— Arthur, você não comeu o dia todo.— Cheguei perto dele preocupada.

— Não estou com fome!— Ele disse com certa raiva.

— Aconteceu algo?— Pergunto querendo entender toda a situação. 

— Aconteceu porra, a guerra foi o que aconteceu.— Ele levantou e eu me afastei para evitar que ele venha me bater ou isso é apenas uma tentativa de defesa.— Aquela merda que mandaram a gente fazer, cavar túneis, pessoas que conhecemos morreram naquela merda, aqueles tanques de guerra passando por cima de corpos com vida e sem vida no chão, me diz, como sobreviver a essa merda? Como aguentar a essa porra em nossa mente?— Arthur pegou uma garrafa de uísque e jogou no chão.

Eu não tentei chamar seu nome ou forçá-lo a manter a calma, isso não iria adiantar, deixar ele quebrar móveis e se irritar talvez, eu continuo no meu canto observando ele jogar quadros no chão e vasos que graças a Deus não são caros, ele quebrou alguns pratos da mesa e eu com muita cautela decido falar com ele.

— Arthur, meu amor, você precisa se acalmar…

— Me acalmar? Enquanto meus irmãos e eu estávamos lutando na porra da guerra, os que alimentaram essa merda estavam bebendo vinho em seus sofás, assistindo tudo como se fosse a porra de um filme, não colocaram homens de sua família na guerra, agora andamos por aí como zumbis, estamos vivos mas nossa mente está morta, nada em mim é mais humano, o que eu tinha ficou na guerra, minha alma morreu lá, eu morri lá psicologicamente.— Arthur quebrou uma cadeira no chão.

Era isso ou ele bater em mim, eu não precisava sentir a fúria dele batendo em mim, então deixei ele quebrar os móveis.

— Amor, eu sinto…— Tentei me aproximar dele, que fez um gesto e eu parei no mesmo lugar.

— Apenas ouça.— Ele quase implorou.— E mantenha distância.

Eu obedeci enquanto ouço ele desabafar de sua maneira, aquilo doía em mim de uma maneira que não consigo explicar.

— Noites de pesadelo, eu não consigo dormir, durmo quando estou com você, mas acordo e quase todas as vezes tento matar você por causa de um pesadelo, me pergunto o que você viu em mim? Eu sou um monstro, SN, eu tiro vida de pessoas inocentes, matei pessoas naquela merda de guerra e vivo com isso na consciência, tenho essa porra de vida e não me agrado dela, bebo e fumo, cheiro cocaína, tudo isso para me manter seguro, no fim, nada pode me livrar daqueles pesadelos, nem mesmo a voz mais doce, o sorriso mais bonito, a mulher mais linda que eu conheci em toda minha vida, eu queria deixar você ir embora Sn.— Ele se aproxima acariciando meu rosto.— Queria poder dizer, viva sua vida e deixe o monstro para trás.

Eu não tenho muito o que dizer e por isso o abracei, ficamos alguns minutos assim até que ele sentou no sofá e me deixou ao seu lado.

— Arthur, quando somos crianças o nosso medo é o famoso bicho papão, depois que crescemos o real monstro somos nós mesmos, vivemos em um conflito interno entre o certo e o errado, quantas noites eu não passei acordada esperando por você, quando eu acordo e sempre vejo se você ainda está na cama ou se está respirando, acordo todas as noites procurando ver se você está vivo e onde sua arma está, eu convivo com o medo de te perder meu amor, porque eu sei que você não é um monstro, você se tornou essa pessoa, as circunstâncias da vida fizeram isso com você.— Eu estou quase chorando, mas esse não é o momento.

— Eu não mereço você, não mereço o seu amor, você merece uma pessoa melhor, alguém que te ame pelo que você é e eu amo você, mas não posso continuar com você ou vou quebrar seu coração, vou machucar você e aos poucos te matar.— Arthur colocou sua cabeça em meu ombro.

— Você não vai me matar, somos um casal, amor, e  podemos superar qualquer coisa juntos, converse comigo sempre e eu estarei aqui para te ouvir.— Acaricio seu rosto.

— Eu prometo te amar por toda a eternidade.— Arthur beijou minha bochecha e me apertou no abraço.

— Eu sempre estarei ao seu lado, te amando e provando isso para você, agora me ajude com a limpeza da casa.— Ordenei.

Arthur soltou uma risada maravilhosa e me ajudei a recolher alguns móveis quebrados e depois colocou no lixo, tomamos um banho e fomos dormir. Não estamos seguros de nós mesmos, até porque somos nosso maior e pior inimigo, não tem ninguém que vá se destruir tão bem como você mesmo.

Imagines PB ( Segundo livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora