⎯2.

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Catherine podia ter julgado Luke por ter "espionado" sua conversa com Grover algumas noites atrás. Mas ela não se importou em fazer o mesmo, nem mesmo deu ouvido a voz em sua cabeça que dizia que ela estava sendo hipócrita e dramática. Quem liga?
Ninguém interpretou a derrota de Catherine no duelo como humilhação, acharam que ela tinha lutado bem, ela realmente tinha. Fazia muito tempo desde seu último treino, mas seus treinos com Clarisse ainda estavam vívidos em sua mente, ela aprendia rápido, pelo menos era o que a filha de Ares dizia a ela. Mas esse não era o foco.

Naquela manhã iriam fazer uma simulação de ataque. O famoso Capture a Bandeira. Todos estavam jogando, totalmente empenhados nisso, parecia ser uma opinião popular do acampamento de que aquela era a melhor atividade. Catherine não era alguém que concordava completamente com essa afirmação, ela não gostava de lutar, já havia dito isso. Já havia participado dessa simulação algumas vezes, era interessante, mas ela não se importava em perder horas de luta, tinha outros planos em mente. Todos já estavam no campo de treinamento, esperando pelo sinal de Quíron. Quando o som soou, ela entendeu aquilo como seu próprio sinal e se esquivou até o Chalé 11.
Aquele lugar raramente ficava vazio, levando em conta que existiam vários filhos de Hermes e pessoas que ainda não foram designadas instaladas por lá.

—Catherine?

A loira quase se assustou com a presença repentina e inesperada da voz infantil.

—Crystal... Pelos deuses, você me assustou —ela colocou a mão no próprio peito.

—Desculpa, não foi minha intenção —a garotinha ruiva deu uma leve risada e se aproximou. —O que está fazendo aqui?

—Eu vim procurar uma coisa —diz Catherine. —E você? Não deveria estar no jogo?

—Eu acho que eu ainda não estou pronta...

Existia certa vergonha na voz de Crystal, ela provavelmente era a garota mais jovem daquele lugar, ainda era uma criança. Não tinha sido designada, mas Catherine a acolhia diversas vezes. Ela se aproximou da garotinha e se agachou para poder ficar mais próxima a ela.

—Tudo bem, você vai ficar pronta no momento certo. Não se preocupe com isso —ela ofereceu um sorriso gentil para a garota. —Crystal... Preciso que você faça algo por mim e guarde um segredo.

—Claro. Você pode confiar em mim, Cacau —Crystal balançou a cabeça.

—Eu estou procurando uma coisa de uma pessoa desse chalé, quero fazer uma surpresa —Catherine sabia que se sentiria pesarosa se mentisse para Crystal, e também sabia que não poderia contá-la que estava bisbilhotando as coisas de Luke, então, era necessário achar um meio termo entre verdades e mentiras. —Então, queria saber se você pode esperar um pouco lá fora e não contar para ninguém.

A garota não podia negar ter ficado confusa com aquele pedido, confusa e curiosa, mas ela não negaria nada a Catherine. Então, Crystal concordou com a cabeça e saiu.

A loira questionou para si mesma o porquê não perguntou para a garota sobre o lugar onde Luke ficava, isso facilitaria muito. Ela também fez algumas anotações mentais sobre aquele lugar. Tinha tantas árvores no acampamento e mesmo assim eles não podiam expandir aquele chalé que sofria com uma superlotação? Ou talvez até mesmo construir mais camas ao invés de fazer alguns semideuses dormirem no chão.

—Achei você... —ela murmurou consigo mesma, satisfeita ao achar o canto em que Luke ficava.

Catherine investigou e bisbilhotou mais do que achava ser possível. Não achou nada que fosse relevante, apenas objetos pessoais e artigos de luta. Ela estava deitada no chão encarando o teto, havia uma pontada de frustração. Todos tinham algum segredo, ele tinha que ter um, ninguém era tão perfeito, e se Catherine aprendeu algo com a vida, era que as pessoas que aparentam ser mais perfeitas são as que possuem os piores segredos.
Ela viu algo no chão e se arrastou para debaixo da cama, ao segurar a folha em sua mão. Era uma foto, uma mulher e uma criança, ela pôde supor que era Luke e sua mãe. A mulher era parecida com ele, Luke tinha os mesmos olhos puxados e cabelos escuros, com a excessão da cicatriz em seu rosto. Por muito tempo ela tinha esquecido que, de fato, todos naquele acampamento passavam por situações semelhantes.
Mas ao largar a foto e olhar para cima, ela viu algo sobre o estrado de madeira. Uma espada. Catherine tirou a espada com certa cautela e saiu debaixo da cama, se levantando e observando a arma.

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