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Dormir no labirinto de Dédalo não era uma tarefa fácil. Lá era assustador e existia a constante impressão de que um monstro poderia tentar te matar a qualquer momento. Mesmo assim, Percy adormeceu no momento em que seus olhos se fecharam. Estava exausto, outro dia de luta que tinha consumido toda a sua energia.

Só que seus sonhos nunca permitiam que descansasse de verdade. Tinha sonhado com Catherine e principalmente com Luke nas últimas noites, todas as vezes era direcionado ao Princesa Andrômeda. Dessa vez, foi diferente.
Estava no topo de uma construção, algo parecido com um terraço. O sol estava se pondo e uma brisa fria fazia com que os pelos de seu braço se ouriçassem.

Ele se aproximou ao ver uma garota loira sentada sobre uma cadeira de ferro, seus braços estavam cruzados e ela parecia tentar abraçar o próprio corpo. Notou que era Catherine.
Encarava o chão sem nenhuma emoção, como se qualquer brilho e desejo de viver tivessem desaparecido por completo. Seus olhos pareciam cinzentos, no fundo parecia estar triste.
Suas bochechas e a ponta de seu nariz estavam corados, parecia ter passado horas contínuas chorando.
Apesar de tudo, Percy não gostava de vê-la daquele jeito. Queria perguntar o que tinha acontecido, teria ao menos a abraçado, se aquilo não fosse apenas um sonho.

—É bom ver que se recompôs depois do nosso último encontro.

Ele se assustou com a voz masculina vindo do lado oposto. Ao se virar, viu um homem se aproximando da filha de Afrodite. O homem deveria ter um metro e oitenta de altura, tinha cabelos cacheados loiros e olhos extremante azuis. Era bem afeiçoado, só que sua aura era assustadora, parecia ser a própria morte.

—Imagino que tenha repensado sobre a sua atitude —ele batucou os dedos no tampo da mesa de ferro.

Catherine suspirou. Percy notou que ela lutava para não tremer, não conseguia entender o que tinha acontecido, mas sabia que era ruim. Ela temia aquele homem, sequer suportava olhá-lo.

—Não precisava ter feito aquilo...

—Aquilo? —o homem se sentou na frente dela, tinha um pequeno sorriso cruel no canto dos lábios. —Se refere ao seu aviso?

—Me refiro a sua maldição —ela ergueu o olhar. —Fui leal. Cumpri cada uma das suas ordens com perfeição, fiz tudo para que o seu exército ser implacável. Pode ter feito muito por mim, mas eu ajudei para sua ascensão, por isso você quis que eu fosse sua general.

O filho de Poseidon recuou um passo.
Era Cronos.
O homem que falava com tamanha cordialidade com a francesa era o senhor titã.

—Me pergunto o que mais posso tirar de você, caso continue tão disposta a me contestar —a ameaça soava fria e cortante.

Percy conseguia ver nos olhos de Catherine que algo tinha sido arrancado dela. Sua respiração parecia ser dolorosa, como se implorasse para que acabassem logo com aquilo.

—Provavelmente nada, já tiraram tudo o que eu tinha —respondeu com a voz cansada. —Mas... Minha aliança continua. Não serei desleal a essa altura.

O titã concordou com a cabeça, seu sorriso ainda era cruel, só que agora existia um toque de satisfação que não havia surgido antes.

—Uma decisão sábia. Seria trágico ter que destruir minha própria general.

—Não é bem uma decisão... Nós dois sabemos que era uma mera formalidade, eu só tinha uma escolha —ressaltou Catherine. —Só que não sou ingênua, sei o meu dever. Mesmo com... —sua voz falhou, como se existisse um nó em sua garganta. Ela estremeceu por um segundo. —Farei o necessário para a sua ascensão. É isso que importa.

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