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Três dias passavam arrastados no Acampamento Meio-Sangue. Percy Jackson se sentia exausto, deprimido e com raiva.
Não conseguia parar de pensar em Annabeth, tinha medo do que poderia estar acontecendo com ela. O fato de Jasper Reid estar vivo só o atormentava mais, ele era cruel, imaginou que se ele tinha cogitado matar Catherine LeBlanc no último verão, uma garota na qual ele se dizia tão obcecado, temia o que ele poderia fazer com a filha de Atena. Percy também não conseguia aguentar as inúmeras perguntas constantes de Nico, o julgamento das caçadoras e o péssimo temperamento de Thalia. A filha de Zeus estava enfurecida, isso era óbvio, ela odiava a presença de Zoë DoceAmarga, estava preocupada com Annabeth e amaldiçoava o fato de Luke Castellan ter optado por fugir em busca de Catherine ao invés de ao menos cogitar ajudá-la a salvar a garota que ele dizia considerar uma irmã.

O filho de Poseidon estava cansado o suficiente para que esses pensamentos não o sobrecarregassem por muito tempo ao pousar a cabeça no travesseiro, ele mal havia se deitado quando caiu no sono, trazendo consigo um de seus pesadelos.

Ele viu que Annabeth estava em uma encosta escura, envolta de neblina. O ambiente era muito parecido com o Mundo Inferior, o que o fez se sentir claustrofóbico, tentou ver o céu e falhou nessa tarefa, notava apenas uma escuridão próxima e pesada, como se estivesse preso em uma caverna.
A filha de Atena lutava para subir a colina. Antigas colunas gregas de mármore negro quebradas espalhavam-se à sua volta, como se algo houvesse causado a explosão de um edifício enorme.

—Espinheiro! —ela gritou. —Cadê você? Por que me trouxe aqui?

Ela escalou uma área coberta por destroços de uma parede e chegou no alto de uma colina. Ela prendeu a respiração com a cena que viu.
Lá estava Luke. E sentia dor.
Ele estava encolhido no chão pedregoso, tentando se levantar. A escuridão parecida mais densa ao redor dele, o nevoeiro espiralando. Seu rosto estava encharcado de suor e suas mãos sangravam.

—Annabeth! —ele chamou. Sua cicatriz estremeceu, ele arquejou pela dor. —Me ajude... Por favor...

Ela correu até ele.
Percy tentou gritar, tentou impedir. Preferia que Luke morresse do que ver Annabeth exposta ao perigo. Quis dizer que ele não merecia sua ajuda, ele não valia o risco. Mas sua voz não saía no sonho.
Ela tinha lágrimas nos olhos escuros. Estendeu o braço, como se quisesse tocar o rosto de Luke, porém hesitou no último instante.

—O que aconteceu? —perguntou.

—Eles me deixaram aqui... —gemeu Luke. —Por favor. Isso está me matando...

O filho de Poseidon não conseguia ver o que havia de errado com ele, que parecia estar lutando contra alguma maldição invisível, como se o nevoeiro o estivesse espremendo para a morte.
Ele se amaldiçoou por notar que havia algum diálogo acontecendo entre Luke e Annabeth, mas não conseguia decifrar nenhuma de suas palavras, como se fosse um filme que tinha sido silenciado no meio da trama.

—Se não me ajudar, eu vou morrer...

Deixe que ele morra. Percy quis gritar.
Luke já tinha tentado matar os dois a sangue frio mais de uma vez, não merecia sua compaixão, muito menos a de Annabeth.
Então, a escuridão acima de Luke começou a esfacelar, como o teto de uma caverna num terremoto. Imensos blocos de pedra negra começaram a cair. Annabeth lançou-se para ele no momento em que a rachadura apareceu e todo o teto veio abaixo. Ela o sustentou de alguma forma, todas aquelas toneladas de pedras.
O filho de Hermes rolou para longe, livre e ofegando.

—Obrigado... —conseguiu dizer.

—Ajude-me a segurar isso —gemeu Annabeth.

Luke recuperou o fôlego. O rosto sujo de suor, sangue e fuligem. Ele se levantou, vacilante. Chegou a dar um passo para perto dela e de toda aquela escuridão.

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