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Anos atrás, Luke Castellan recebeu a missão de pegar o pomo de ouro no Jardim de Hespérides, o que resultou em uma ferida funda em seu rosto e o consequente ódio por todo o Olimpo.
Ele sentia que odiava tudo, ainda mais a forma como todos os campistas o tratavam com tanta piedade, o olhando como se fosse uma vítima digna de pena. Luke sabia que aquele rancor estaria marcado em sua pele, assim como o machucado ainda sensível abaixo de seu olho. De dois em dois dias, ele tinha que visitar a enfermaria para que alguém cuidasse adequadamente daquele corte e garantisse que não infeccionasse, um trabalho que costumava ser feito pelos filhos de Apolo.

—O que você está fazendo aqui? —questionou ao ver a garota se aproximar.

—Quíron me mandou cuidar de você —responde Catherine. —Não me olhe assim, estou tão feliz em estar aqui quanto você.

—Por que ele te mandaria? Não é como se você pudesse ajudar.

Ela arqueou uma sobrancelha e o olhou.

—Não seja arrogante. Todos os filhos de Apolo foram passar as férias com suas famílias —diz enquanto pegava uma caixinha que continha o kit de pronto-socorro. —Sou sua melhor opção.

Luke não pareceu satisfeito, também não admitiria que, tirando o Chalé 7, ela seria a mais experiente em termos de medicina, provavelmente por causa da sua convivência com os filhos de Apolo, em específico com Jasper Reid.

—E você? Não foi passar as férias com a sua família? —questiona.

—Eu estou aqui, não é?

Ele concorda com a cabeça, permanecendo sentado sobre a pequena maca da sala. Evitou olhá-la diretamente, mas se sentiu sem opções quando Catherine ficou na sua frente e segurou seu queixo, fazendo-o virar o rosto.
Os olhos azuis observaram a linha vermelha e irregular, imaginou o quanto aquilo deveria doer. Luke sempre tinha o olhar tão firme e confiante, agora evitava até mesmo ter contato.

—Não precisa ter pena de mim —ele quebrou o silêncio.

—Não tenho pena de você, Castellan —apesar de tudo, aquilo era verdade.

Ela molhou o algodão no soro, ainda segurava o rosto dele.

—Algumas pessoas gostariam de receber pena em situações assim, sabia?

Ele esperou que fosse arder quando o algodão encostasse em seu rosto, estranhamente não sentiu isso.

—Gostaria que sentissem pena de você? —retrucou.

—Não acho que mereço isso —responde.

Catherine estava longe de saber o que era ser encarada com olhos cheios de piedade, geralmente as pessoas a apontavam como culpada e não como a vítima de uma situação.

—Mas não tenho pena de você, se é isso que quer saber —sua voz não continha o sarcasmo usual destinado a ele.

—Parabéns, você é a única —ele deu uma risada sem graça. —Por onde eu passo eles ficam me olhando com essa piedade irritante.

Ela tinha noção do quanto isso poderia ser cruel para ele. Luke tinha confiança, coragem e dor, vê-lo menos cheio de si quase incomodava Catherine.

—É temporário —ela encara os olhos escuros, seu rosto permanecia perigosamente próximo do dele. —Se continuasse andando de cabeça erguida, provavelmente todos já teriam notado que você continua insuportavelmente bonito.

Luke a olhou, nem notou ao certo quando acabou sorrindo pelo comentário.

—Me acha bonito, LeBlanc? —ele provoca.

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