⎯1.

3.7K 389 149
                                    

Ao despertarmos, por vezes, ansiando que eventos passados fossem apenas sonhos, mergulhamos na ilusão temporária de escapar das realidades que nos assombram. O amanhecer traz consigo a esperança de um novo começo, onde as sombras do passado se dissolvem na luz da manhã, mas a verdade persiste, ecoando em nossas lembranças.
Foi o que Percy imaginou quando acordou, ele ansiou por aquilo. Mas teve certeza que tudo tinha sido real quando acordou naquele lugar, vendo que seu amigo realmente era uma espécie de ser místico e que carregava o chifre do Minotauro que ele havia matado na noite passada. Isso significava que sua mãe estava morta, significava que era mesmo um semideus. Não esperava que ser filho de um deus grego poderia ser um fardo tão pesado.

Logo pela manhã ele tinha sido afogado por uma quantidade absurda de informações. Coisas do tipo: conhecer o deus Dionísio, achar que Dionísio era seu pai, descobrir que seu antigo professor de estudos clássicos se chamava Quíron e era um centauro, descobrir que Dionísio não era seu pai e em seguida começar sua apresentação ao acampamento que agora seria seu lar.
Se essas informações são confusas até mesmo em uma simples leitura, quem dirá ao serem vividas pelo jovem Percy Jackson.

—Essa é uma campina secreta, Percy —Quíron explicava enquanto caminhava com o garoto pelo local. —Os humanos não conseguem ver.

Percy tentava não deixar óbvio o quanto estava curioso. O lugar era bonito, tinha trilhas floridas, grama verdinha e bem aparada, podia ouvir o som de uma cachoeira que estava à sua direita. Momento ou outro se repreendia por desviar o olhar para os cascos de Quíron, ainda desacostumado com isso. Tinha tantas perguntas que sentia uma leve dor de cabeça.

—Monstros não conseguem entrar. O mundo não consegue tocar —ele prossegue.—Foi necessário muito cuidado para te trazer. E muito sacrifício.

Sacrifício... O garoto preferia permanecer em sua vida desajustada e cheia de mentiras se isso fizesse aquele sacrifício ser desfeito, se o fizesse ter sua mãe de volta.

Eles caminharam até um bosque. Podia ouvir o fogo crepitando suavemente nas tochas fincadas ao chão que mostravam a trilha, ele quase sorriu ao ver uma pequena coruja e ouvir seu chirriar.

—Ah, tem uma coisa que eu tenho que te falar... —o garoto diz com certo constrangimento. —Eu perdi a sua caneta-espada-mágica. Tomara que não seja a única.

—Olhe o seu bolso —o centauro fala com naturalidade.

—Não, eu... Eu perdi na noite passada —o garoto parecia cabisbaixo.

—Olhe o seu bolso —Quíron insiste, oferecendo um leve sorriso para Percy.

Percy pareceu cético, mesmo assim não contestou. Ele colocou a mão no próprio bolso e franziu o cenho ao sentir algo em sua mão, se surpreendendo mais ainda ao ver que era a caneta que havia recebido.

—A menos que abra mão dela, ela sempre vai voltar para você —Quíron o explicava. —Objetos mágicos não obedecem as leis da física do mundo comum. Sua caneta, minha cadeira de rodas, tudo faz parte do mundo do seu pai. Assim como você, agora.

O garoto desviou o olhar para a caneta em sua mão novamente e a guardou em seu bolso.

—Quero te mostrar uma coisa.

O centauro deu um passo, ou um trote, para uma determinada direção, e Percy o seguiu. Observando o local, os jovens de camiseta laranja caminhando e algumas cabanas espalhadas.

—Doze chalés, para doze deuses do Olimpo —ele mostra. —Cada chalé é o lar das crianças que são determinadas pelos deuses.

Houve uma pontada de animação pela parte de Percy, parecia simples. Grover talvez tivesse se equivocado ao dizê-lo que não era algo fácil.

Love is a Thief Onde histórias criam vida. Descubra agora