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As pessoas devem ser ou bem tratadas ou destruídas, pois pequenas feridas podem gerar vinganças. Portanto, a ferida que foi feita em alguém deve ser tal que você não precise ficar com medo da sua vingança.
Essa é uma citação indireta de Nicolau Maquiavel.

Enquanto Daisy a arrastava para fora do mar, Thalia tinha certeza de que jamais tentaria se vingar de Catherine. Na verdade, ela temia que jamais conseguiria encarar os olhos da filha de Afrodite sem entrar em desespero. Se sentia destruída por completo.
Ainda conseguia se lembrar de seu medo ao despencar, sua luta em busca de ar enquanto Catherine a empurrava para a água e quase quebrava seu pescoço com as próprias mãos.
Ainda tinha a visão dos olhos azuis e frios como o gelo a guiando para seus maiores medos como se fosse um anjo caído.
E sabia que Catherine LeBlanc a assombraria pelo resto de sua vida.

—Thalia? Thalia, olhe para mim —Daisy segurava seu rosto, limpando o sangue que escorria no canto dos seus lábios. —Está bem?

A filha de Zeus não sabia o que responder. Ainda tossia, recuperando o ar e tirando a água de seus pulmões. Uma lágrima se misturou com o sangue em seu rosto ao ter o vislumbre do rosto da filha de Dionísio.
Não era a sua Daisy. Não era a garota risonha que só se preocupava em fazer piadas e beber vinho. Era uma aliada de Cronos com olhos frios e sangue manchando suas mãos.
Sentiu que tinha a perdido, porque aquela jamais seria a garota na qual ela tão carinhosamente apelidou de alegria.

—Você me enganou...

—Eu não fiz isso para te enganar —falou baixinho, acariciando a pele machucada da garota em seu colo. —Você ainda pode mudar de ideia. Pode ser tão poderosa quanto os deuses, podemos ser invencíveis juntas, tempestade.

—Para. Nunca mais me chame assim —ela soluçou, ainda sentia a dor insuportável dos seus ossos quebrados. —Nunca mais ouse me chamar assim!

Uma lágrima escorreu pela bochecha de Daisy, apoiando sua testa sobre a de Thalia

—Queria poder passar a sua dor para mim —respirou fundo, suas palavras eram verdadeiras. —Vou fazer Catherine LeBlanc pagar pelo que fez com você. Ninguém tem o direito de te machucar.

—Daisy —a filha de Zeus apoiou sua mão sobre o rosto da outra garota, resmungou ao afastá-la. —Você me machucou.

Ela franziu as sobrancelhas.

—Eu nunca te machucaria.

—Você me traiu. Mentiu para mim sobre tudo —Thalia odiou como aquela fala fez ela parecer fraca e desesperada, odiou não ter forças para limpar suas lágrimas.

Daisy abaixou a cabeça. Sua única vergonha era ter exposto Thalia ao sofrimento. Era cruel a forma que ela dizia que tinha sido traída e enganada, não sabia como explicar que não era aquilo que tinha acontecido.

—Se você não aceitar entrar para a causa... —ela engoliu em seco, pareceu sentir medo do que aconteceria. —Ele vai usar outros métodos. Ele espera que eu consiga te convencer.

Thalia viu aquele medo oculto no olhar da garota que amava. Quis perguntar o que Cronos faria com ela se falhasse, mas sentia que não iria aguentar a resposta.
Aquilo fez com que ela cogitasse aceitar a proposta de Daisy por um momento.
Volta para mim se eu me aliar?
As palavras ficaram presas em sua garganta.

—Você sequer já me amou?

—Eu te amo —corrigiu.

Sua mão pousou gentilmente na bochecha da semideusa que amava.
Ela sempre pareceu tão alegre e estável. A única pessoa no mundo que não parecia ter trevas e mentiras. Encarar seus lindos olhos a fazia sentir raiva, Daisy não tinha o direito de conquistar seu amor e depois a esfaquear pelas costas.
Nenhum de seus amores poderia tratá-la com tanta crueldade.

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