⎯7.

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No silêncio daquela madrugada, o coração de Luke batia mais rápido contra o próprio peito. Lembranças dos lábios de Catherine tão próximos dos dele dançavam em sua mente, mantendo-o acordado enquanto a lua testemunhava seus pensamentos tumultuados, transformando a escuridão em um palco para as emoções confusas e loucas que o atormentavam. O quase encontro dos lábios pairava como uma promessa não cumprida, deixando-o perdido em reflexões sobre o que poderia ter sido. O sono se tornara uma vítima de seus anseios e da doce incerteza que pairava no ar.
O semideus já havia passado por todo o tipo de situação mortal, e ficava irritado ao saber que estava se sobrecarregando tanto tentando entender um simples beijo, ou pior, um quase beijo. Ele até tentou se forçar a dormir, foi uma tarefa fracassada, mas ele se recusou a ficar tão destruído da forma que ficou na última noite em que perdeu o sono, preferiu usar todas as técnicas possíveis para fingir que nada aconteceu e seguir sua rotina.
Naquela manhã em específico, Luke focou suas energias em treinar uma jovem semideusa.

—Não esquece. Respira fundo, não fique tensa —ele explica. —Foca na mira e em manter a flecha centralizada.

Crystal seguiu com cautela cada uma das instruções de Luke, embora fosse a primeira vez que usasse uma flecha flamejante, o que a deixava um tanto tensa. Ela soltou a linha no mesmo instante que o suspiro escapou de suas narinas, a flecha se cravando na madeira, a pouquíssimos centímetros do alvo principal.

—Droga... —ela reclama consigo mesma, até seu jeito de "brigar" acabava sendo delicado.

—Ei, relaxa —Luke colocou a mão no ombro dela. —Foi ótimo. Só vai precisar de mais alguns treinos e a sua mira vai ficar perfeita.

A ruiva tinha um pequeno sorriso doce, quase silenciosamente agradecia pelo apoio. Ela caminhou saltitante até o baú de ferro que tinha armamentos e começou a procurar por uma flecha. Luke a observou, tinha uma pergunta presa em sua garganta, ansiava por tentar descobrir algo, mas ao mesmo tempo tinha receio em fazer qualquer questionamento.

—Crystal, posso te fazer uma pergunta?

—Claro —ela ergue o rosto para olhá-lo.

Luke teve que engolir uma boa dose de orgulho e até mesmo do que ele podia chamar de amor próprio.

—Você e a Catherine são bem próximas, não é?

—Siim! —existia uma evidente animação ao afirmar aquilo. —Eu e a Cacau somos basicamente irmãs... Quer dizer, eu vejo ela como a minha irmã mais velha.

—A Catherine... Tipo, ela já disse alguma coisa sobre mim?

Crystal tentou conter seu pequeno sorrisinho.

—Ah, eu não posso falar. Garotas não contam seus segredos para garotos —ela definitivamente estava fazendo um esforço surreal para ficar calada. —Mas...

Uma pontada de animação surgiu sobre o filho de Hermes.

—Ela já disse que te achava insuportável, só que isso faz um tempo.

—Não é uma resposta que ajuda muito —Luke força uma risada, mesmo que não achasse graça da sua situação.

—Claro que ajuda! —Crystal tinha total euforia. —Deixa eu te explicar. Quando as crianças vão para a escola, sabe por que os meninos puxam as tranças das meninas?

Luke balançou a cabeça negativamente.

—Eles fazem isso para chamar a atenção das meninas —ela explica. —Você e a Catherine passaram tanto tempo tentando chamar a atenção um do outro, e agora que vocês conseguiram, não sabem o que fazer. Não é atoa que todos daqui saibam sobre vocês, menos vocês!

Love is a Thief Onde histórias criam vida. Descubra agora