Love is a Thief

⎯6.

Luke Castellan encarava aquele frasco de perfume em sua mão. Sabia que tinha algo de errado com aquilo, por isso não se atreveu a sentir o cheiro daquela fragrância. Deveria ter suspeitado desde o início, nenhum semideus recebia algo de bom vindo do mundo exterior. Mesmo assim se questionou sobre o que tinha acontecido.
O que tinha naquele frasco? E quem tinha o enviado?

Talvez não fosse nada. Talvez Catherine realmente tivesse decidido desistir de tudo que ela acreditava ser certo...
Não. Isso seria ridículo de se acreditar.

Ele conhecia sua alma gêmea. Sabia que existia algo mortal e perigoso faiscando no olhar celeste da filha de Afrodite. Era estranho. Em um minuto ela era a mesma pessoa bondosa e carinhosa, e no outro se tornava alguém fria e dissimulada. Parecia estar lá e depois desaparecer.
Catherine estava sendo tão ela mesma e ao mesmo tempo o oposto de si.

—Senhor D?

Dionísio permanecia sentado sobre a cadeira. Estava usando a típica camisa havaiana verde de estampa de tigre e seus óculos escuros. Luke não sabia se ele tinha ouvido, e teve sua resposta quando ouviu o diretor roncar. Ele passou a mão pelo próprio rosto, impaciente. Já era preciso quebrar grande parte do seu orgulho em ter que pedir ajuda para um deus, ainda mais um deus como Dionísio.

—Senhor D —ele chama em um tom mais alto.

O deus do vinho acaba se assustando ao despertar repentinamente. Ele vê Luke através da lente escura do óculos e resmunga um pouco, ainda se acomodando de modo preguiçoso sobre a cadeira.

—Ah, é você —ele apoia a cabeça em seu próprio ombro. —A Catherine não está aqui, já pode ir.

—Eu não vim atrás da Catherine, senhor D —o filho de Hermes responde, fazendo um esforço absurdo para não sucumbir ao seu mal humor

—Veio me dizer que o Justin e a Hailey Bieber terminaram?

—Não —o semideus responde. —Eu precisava da sua ajuda.

Dionísio deu um longo murmúrio reclamão, tirando seus óculos escuros e finalmente olhando para o filho de Hermes.

—O que você quer, garoto?

Luke não lhe ofereceu uma resposta a princípio. Ele se aproximou e deixou o frasco sobre a palma do diretor.

—O que é isso? —indaga.

O deus olha para o perfume e acaba dando uma risada nasal cheia de desdém.

—O que é isso? É um perfume —ele fala como se fosse óbvio.

Borrifou uma vez a fragrância sobre o ar e ao sentir o cheiro, encarou Luke. Seu sorriso se desfazendo em questão de segundos, e seu semblante sempre teatral assumiu uma expressão séria.

—Quem te deu isso?

O fato de Dionísio ter assumido uma postura tão séria deu um pouco mais de resiliência à Luke, sabendo que provavelmente tinha conseguido sua atenção.

—Pergunte a seu amigo Tântalo —o semideus retruca com acidez. —Ele disse que tinham deixado isso para Catherine no acampamento.

O deus desviou o olhar, pareceu perturbado com isso.

—Me responda, você ou Catherine usaram isso? —ele pergunta com seriedade, quase desespero. —Alguém sentiu o cheiro desse perfume?

—Catherine usou, apenas ela —Luke sentiu o desespero o consumir de forma lenta e intensa. —Senhor D... O que é isso?

Dionísio se levanta. Ele joga o frasco sobre uma lixeira e faz um aceno com a mão, fazendo chamas o consumirem.

—Isso... É a magia negra mais obscura que existe —seu olhar estava inquieto. —E se Catherine usou isso, ela está correndo grande perigo.