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A imagem de Luke caindo passou em câmera lenta aos olhos de Catherine, a expressão de resignação e amor ainda estava presa em seu rosto.
O mundo pareceu parar. O impacto da queda foi acompanhado por um silêncio ensurdecedor.
Ela caiu de joelhos na beira do penhasco, o olhar fixo no vazio onde Luke havia caído de forma desarticulada sobre as pedras. Ela esperou ver ele se mover e se levantar, mas o semideus permanecia imóvel, pálido e coberto de sangue.

—Luke... —o nome saiu como um soluço quebrado, um som que parecia rasgar sua alma.

Cada fibra do seu ser gritava em negação, mas a realidade era implacável. Ela se levantou, ia correr até a beira do mar, iria correr até Luke mesmo encharcada de sangue e suor, mesmo que cada parte de si doesse ao ponto de parecer ser capaz de esmagá-la. Iria procurar por ele mesmo que o chão parecesse não existir e mesmo que sentisse vontade de morrer junto com ele.

—Catherine... —Thalia se aproximou dela, chorando sem parar. —Eu não queria. Foi um acidente. Eu juro que não queria isso...

A filha de Afrodite a encarou com ódio. A dor se transformando em uma raiva fria e letal. As palavras de Thalia pareciam um eco distante, ela recuou ao ver a francesa empunhar Krampus.
Seu corpo gelou ao sentir que estava tão perto da beirada do penhasco, a visão da altura a fazendo entrar em desespero.

—Um acidente? —disse entredentes com um sibilar cheio de ódio. —Eu não ter permitido Luke te deixar para morrer foi um acidente... O que vem a partir de agora não é mais.

A filha de Zeus tremia, não conseguia olhar para baixo e não conseguia mais recuar com o medo do que lhe aguardava metros abaixo. Não tinha nenhuma arma por perto e todos estavam ocupados demais para tentar salvá-la ou notar que ela precisava de ajuda.

—Catherine... —ela soluçou com um fio de voz. —Eu tenho medo de altura.

As palavras foram involuntárias, pareciam uma súplica. Era sua forma de pedir para que não fizesse aquilo.
Catherine riu com escárnio. Estendeu sua espada, deixando a lâmina pressionada contra o peito da semideusa a sua frente.
Cravado sob a lâmina dupla da espada dela estava o nome dado por Cronos.
Krampus. O espírito maligno que pune as pessoas com seus maiores medos.

—Um passo para frente e eu cravo essa espada no seu peito —a loira a encarou. —Um passo para trás e você morre pela queda.

—Não faz isso —Thalia gaguejou. Estava desesperada, não conseguia sequer fingir ser forte ou corajosa. —Você não é um monstro. Você não precisa fazer isso.

A filha de Afrodite franziu seu lábio com desdém. Não precisou dizer nenhuma palavra e nem precisou acumular coragem para bater a lâmina contra o torso de Thalia, fazendo-a perder o equilíbrio pela dor e cair do penhasco.
Catherine desceu o Monte do Desespero. Ela tremia, não sabia o que iria fazer, precisava ver Luke, precisava salvá-lo mesmo que soubesse que despencar por quinze metros e cair sobre rochas era o sinônimo de morte.

Ela sentiu raiva e esperança ao notar que Thalia ainda estava viva. Talvez fosse alguma obra divina ou o fato dela ter caído alguns metros na beira do mar tenha amortecido a queda, mas ela ainda vivia, estava lutando para não se afogar, só que teve tantos ossos quebrados que essa tarefa se tornava impossível. Se ela estava viva, talvez Luke também estivesse.
Catherine não pensou duas vezes. Sabia que deveria ir atrás de sua alma gêmea, poderia estar enlouquecendo, mas a vingança parecia atrativa demais para deixar passar. O ódio queimava em suas veias, despertava um desejo sanguinário incontrolável.

Ela agarrou a gola da jaqueta de Thalia, deixando-a respirar por um mero segundo, o suficiente para que visse quem estava a segurando. Lhe deu um breve momento de alívio apenas para que suas mãos agarrassem o pescoço da filha de Zeus, a afundando na água e apertando seus ossos para tentar fazê-los se quebrarem contra suas mãos.
Thalia tentou lutar com todo o resto de força que ainda tinha, era uma tarefa fracassada. A água do mar entrava em seus pulmões, o pânico a dominou por completo. A falta de ar parecia insuportável e gerava uma dor no peito que jamais havia sentido, sua cabeça parecia que poderia explodir a qualquer momento.
Um relâmpago brilhou no céu, o som fez o chão estremecer, só que não foi capaz de fazer Catherine soltá-la. Ela continuava decidida, quase satisfeita em ver a forma que a outra semideusa agonizava e lutava inutilmente.

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