Existe mais de uma forma de envenenar alguém. Formas literais que induzem o modo considerado mais sútil e elegante de se matar, fazendo-o intoxicar o sangue e destruir de dentro para fora, guiando a vítima para uma morte lenta e agonizante. Em uma metáfora, existem inúmeras formas de envenenar alguém. Poderia ser com palavras, traições, mentiras, todas com objetivos de destruir internamente até que os efeitos destrutivos se tornassem visíveis a olho nu. Destroem até matar. Alguns possuem antídotos que agem de modo milagroso, outros nos deixam apenas com a certeza de que algumas coisas jamais serão curadas.
Enquanto subiam pela colina do Acampamento Meio-Sangue, Luke e Catherine observavam o pinheiro envenenado, o pinheiro que outrora foi Thalia. Era uma árvore esplendorosa. Seu espírito reforçava as fronteiras mágicas do acampamento, protegendo-o de monstros. O pinheiro estava lá desde a morte de Thalia, forte e saudável. Mas agora suas folhas estavam amarelas. Uma enorme pilha de folhas mortas se acumulava na base da árvore. No centro do tronco, a um metro do chão, havia uma perfuração do tamanho de um buraco de bala, gotejando seiva verde.
—O veneno usado é algo do Mundo Inferior. Alguma peçonha que ninguém nunca tinha visto —um dos filhos de Apolo que estava na vigia explica para Catherine. —Deve ter vindo de um monstro das profundezas do submundo.
Ela concordou com a cabeça, observou Luke um pouco distante. Ele olhava para a árvore, ela não era capaz de decifrar seu olhar, mas imaginava que não era algo fácil para ele.
—Tem como curar ela? —ela volta a olhar o garoto.
O filho de Apolo ergueu um pouco os ombros.
—Não que saibamos... Acho que esse vai ser o fim do acampamento, Catherine.
A garota não soube o que dizer. Era estranho ouvir alguém dizer aquilo. O Acampamento Meio-Sangue tinha sido sua casa por anos, não sabia se conseguia visualizar sua vida sem aquele lugar. Poderia fazer o que Luke tinha sugerido, poderiam ficar viajando juntos até começarem suas vidas juntos em algum lugar acolhedor. Era uma opção, embora não parecesse ser a mais corajosa.
Ela deu um tapinha no ombro do garoto, um silencioso "obrigada", e se afastou, voltando para perto de Luke.—Você está bem?
Luke não a olhou diretamente. Não estava comovido com aquilo. Não estava comovido com sua própria obra. Ele tinha feito aquilo, achava que Catherine notaria isso no momento que visse o pinheiro. Mas não tinha como ela saber, eles não falavam muito sobre as tarefas designadas por Cronos antes de romper a aliança. Aquele era um trabalho feito semanas atrás, antes dele concordar em desistir da causa por Catherine. Quando desistiu, aquilo já estava feito, mas tinha que confessar que havia se esquecido da sua obra, se lembrando apenas quando a semideusa sugeriu que eles voltassem para o acampamento.
Não pretendia guardar segredo sobre aquilo, mas existia um toque de receio ao pensar o que Catherine teria a dizer.—Luke... —ela chama sua atenção novamente.
—Ela é uma árvore —ele responde.
A filha de Afrodite franziu o cenho, confusa.
—Todos estão com essa comoção. "Nossa, a Thalia foi envenenada" —ele recita com uma mistura de desimportância e ironia. —Mas é uma árvore. Não é grande coisa.
A feição de Catherine deixava inegável sua surpresa, definitivamente não era o tipo de resposta que ela esperava. Ela abriu a boca algumas vezes, queria dizer alguma coisa, mas não tinha sido capaz de formular nenhuma resposta.
—O acampamento estar em risco é um bom motivo de comoção, só que é dramático demais ficarem tratando uma árvore como se fosse uma pessoa —ele diz.
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Love is a Thief
Fanfiction⎯ Catherine LeBlanc foi uma das jovens destinadas a aceitar sua identidade pouco comum. Ela era filha de Afrodite. Abandonada por seu pai na infância e "acolhida" pelo Acampamento Meio-Sangue, Catherine se vê obrigada a ignorar seus traumas para seg...