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Percy Jackson.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estava sendo atormentado pelo pesadelo que tive dias atrás. Não sei até que ponto aquilo era real, talvez fosse uma invenção do meu subconsciente ou um truque de Cronos para entrar na minha mente. Não duvidaria da capacidade de Luke de atrair Annabeth para uma armadilha mortal, por outro lado, não conseguia imaginar como um envolvimento de Jasper e Catherine se encaixava naquilo.
Apesar de tudo, Catherine e Luke odiavam Jasper, não consigo pensar em um contexto que faria com que eles trabalhassem juntos. Sem contar o fato de que Luke apenas fazia algo com a permissão de Catherine, isso era óbvio. Não sei se estou sendo imparcial, mas eu confio nela, pelo menos confio bem mais do que em Luke.

Meus pensamentos não paravam nem no meu sono, mesmo assim acordei com um sobressalto. Tinha certeza que ouvira uma batida ruidosa. Olhei à minha volta no chalé. Estava escuro lá fora. A fonte marítima ainda gorgolejava. Não havia outros ruídos, a não ser o pio de uma coruja no bosque e a distante arrebentação das ondas na praia. À luz do luar, em minha mesa de cabeceira, estava o boné do New York Yankees. Eu o olhei fixamente por um segundo, antes de ouvir o som bruto de algo ou alguém batendo em minha porta.
Agarrei ContraCorrente e saí da cama.

—Olá? —chamei.

Ouvi o barulho de novo.
Fui me aproximando devagar da porta. Destampei a lâmina, abri bruscamente a porta e me vi cara a cara com um pégaso negro.

Ei, chefe! —sua voz soava apenas em minha mente enquanto ele se esquivava da lâmina da espada. —Não quero virar espetinho de cavalo!

Suas asas negras abriram-se com o susto, e o deslocamento de ar provocado me fez recuar um passo.

—Blackjack —disse eu aliviado, mas um tanto irritado. —Estamos no meio da noite!

Blackjack bufou.

Não mais, chefe. São cinco da manhã. Para que você ainda está dormindo?

—Quantas vezes eu já te disse? Não me chame de chefe.

Como quiser, chefe. Você é o cara. É o número um.

Esfreguei os olhos para me livrar do sono e tentei não deixar que o pégaso lesse meus pensamentos. Esse é o problema em ser filho de Poseidon: como ele criava cavalos da espuma do mar, posso entender a maior parte dos animais equestres. No entanto, eles também podem me entender. As vezes, como no caso de Blackjack, eles mais ou menos me adotam.
Veja: Blackjack foi prisioneiro a bordo do navio de Jasper no último verão, até criarmos a pequena confusão que lhe permitiu escapar. Na verdade, eu tive muito pouco envolvimento nisso, mas ele conferiu a mim o crédito de salvá-lo.

—Blackjack —digo. —Você deveria estar nos estábulos.

Ah, os estábulos. Você vê Quíron nos estábulos? —ele retruca.

—Bem... Não.

Pois é. Ouça, temos outro amiguinho marinho que precisa da sua ajuda?

—De novo? —questiono surpreso.

É. Eu disse aos cavalos-marinhos que viria buscar você.

Deixei escapar um gemido. Sempre que eu estava perto da praia, os cavalos-marinhos me pediam que os ajudassem com seus problemas. E eles tinham um bocado de problemas. Baleia encalhadas, golfinhos presos em redes de pesca, sereias com a unha quebrada — eles me pediam que submergisse e ajudasse.

—Tudo bem —concordei. —Estou indo.

Não estava nos meus planos passar o final da madrugada ou início da manhã no fundo do mar resgatando um bebê vaca-serpente super fofo, muito menos planejei fazer uma promessa inesperada para Nico.
Certo, talvez eu tenha deixado parte da história de fora. Na noite passada, recebemos a profecia da missão que deveria ser feita para encontrarem Ártemis, não me preocupo com o sumiço de uma deusa, penso no sumiço de Annabeth e como todos fazem parecer que apenas eu e Thalia nos importamos com isso.
Óbvio que me voluntariei para a missão sem pensar duas vezes, mas as caçadoras não aceitavam que nenhum homem fosse junto, exceto Grover por se tratar de um sátiro. Aquilo não era justo.

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