Love is a Thief

⎯24.

Luke Castellan tinha retornado ao Acampamento Meio-Sangue dias atrás. Sua volta tinha sido estranha e muito comentada, tinha retornado sem Catherine e Crystal, e os boatos sobre o que tinha acontecido não demoraram a correr pelo acampamento. Crystal havia morrido tentando salvar Luke de um espírito despedaçado, isso era fato. Mas os boatos sobre Catherine se misturavam em meio a verdades e mentiras, alguns acreditavam que ela realmente estava em uma missão de Afrodite, outros pensavam que ela tinha morrido ou que tinha se culpado tanto pela morte de Crystal que havia decidido fugir. O filho de Hermes não fez esforço nenhum para dizer a real história, ele evitava até mesmo proferir o nome de Catherine em voz alta. E mesmo que ele não falasse sobre ela com ninguém, não conseguia deixar de pensar nela. Sentia decepção, raiva, saudade... Uma mistura confusa de emoções intensas. Ele pensava nela mais vezes do que gostaria de admitir. Se perguntava o que ela estava fazendo, se ela estava bem, o que estaria fazendo, por que não tinha dito o motivo de sua ida. Cada pergunta doía, doía ainda mais pelo fato de que ele a amava.

Naquela tarde em específico, ele notou uma movimentação estranha no acampamento. Tudo já estava agitado por causa da eminente guerra entre Zeus e Poseidon, mas aquilo era diferente, ele sabia disso.

—O que tá rolando?

Chris observa sua aproximação. Ele desvia o olhar, pensa um pouco se deveria falar.

—Catherine voltou —ele diz. —Ela está na Casa Grande com o Quíron e o Senhor D.

Luke engoliu em seco. Não soube definir se queria correr em busca dela ou se queria sumir.

—O que...

—Não rolou nada —ele interrompe Chris.

—Você nem sabe o que eu ia perguntar, Luke.

—Sei sim —Luke responde com um toque de mal humor. —Não rolou nada entre eu e a Catherine. Ela teve que ir em uma missão, e ela foi.

Ele não esperou para saber se Chris ia perguntar mais alguma coisa, apenas se afastou e se trancafiou no próprio chalé pelo resto da noite. Ficou escondido entre as cobertas, fingindo que estava dormindo, mas ele não dormiria tão cedo e provavelmente nem conseguiria dormir naquela noite. Luke passou a noite resistindo ao seu impulso de ver Catherine. Sabia que se a visse iria querer fazer perguntas, não só perguntas, iria querer beijá-la, sentir seu cheiro, a abraçar. Não conseguiria ficar longe dela se a visse, por isso decidiu não vê-la.
Para Catherine, aquilo foi cruel. Ela procurou Luke por todo o acampamento, questionou para todos se sabiam onde ele estava, ninguém sabia. A garota insistiu em procurá-lo por horas, e se rendeu quando teve que admitir a si mesma que ele não queria vê-la. Ela se deitou na beira do mar sob a areia, fechou os olhos e sentiu a brisa fria. A dor que ela havia sentido nos últimos dias, e que tinha sido anestesiada com uma vitória, voltou. Pensou em tantas coisas. Em Luke, em sua mãe, em Crystal. Todas as lembranças doíam. Mesmo assim, ela dormiu sob a areia, ouvindo o som suave das ondas.

Não era exagero Catherine dizer que aquela foi a melhor noite de sono que ela teve em dias, mesmo com a areia sujando seus cabelos e os mosquitos mordendo sua pele. Ela despertou com a luz forte do sol e se levantou, estava bem cedo, quase ninguém tinha acordado, por isso ela foi até o Chalé de Afrodite, dormiu mais um pouco e ao despertar refez sua rotina matinal que sempre tinha.
Ao sair do chalé, cumprimentou outros campistas enquanto passava em direção ao Pavilhão de Refeições. Mesmo que tentasse não fazer isso, seu olhar percorreu todo o local pela inconscientemente procura por Luke. Dessa vez, ela o avistou. Sorriu sem que notasse, sentiu seu coração palpitar. Teria corrido até ele e o beijado, isso se não tivesse sido consumida pela vontade de dar um soco nele ao vê-lo falando com Silena.

Não era ciúmes. Ela sabia o que ele estava fazendo, e ele sabia o quanto ela desaprovava isso. Luke tinha comentado que precisava de um espião no acampamento, disse que tentaria recrutar algum semideus mais novo, alguém que ele conseguiria convencer com facilidade e que não fizesse tantos questionamentos. Catherine desaprovou a ideia e odiou saber dessa parte do plano, ela não precisou ver Luke conversar com Silena por mais de dois segundos para entender que era isso que ele estava fazendo. Estava se aproveitando da ingenuidade de Silena e do fato de que ela tinha uma paixão platônica de infância por ele, até Catherine sabia dessa quedinha de Silena por Luke, ela não se importava, sua irmã era apenas uma criança. Mesmo assim, era cruel da parte de Luke fazer aquilo.