Love is a Thief

⎯4.

Embora abraçasse a filha de Afrodite contra si e a observasse dormir calmamente sobre seu braço, Luke não conseguiu dormir, um pensamento constante o incomodava.
Sabia que existia uma forma de salvar o acampamento. O Velocino de Ouro. Sabia disso mais do que todos, conhecia os antigos planos de Cronos como se fossem sua missão, porque outrora fora. Se contasse isso para Catherine, tinha total consciência de que ela iria querer avisar aos outros a respeito ou entrar em uma missão para recuperá-lo e salvar o acampamento. Se fosse apenas isso, ele contaria a ela sem pensar duas vezes. Mas tinha mais. Ele tinha total ciência de que se colocassem o Velocino sobre a árvore várias coisas aconteceriam.
Thalia voltaria. Mas isso poderia ser bom, não é?
Provavelmente seria, se a volta de Thalia não trouxesse muitas coisas consigo.
A volta da filha de Zeus significaria outra chance de Cronos vencer. Outra chance de haver um filho proibido que cumpriria a profecia, quando Luke estava ao lado do Titã, ele venerava essa possibilidade. Entregaria o Velocino de bom grado naquela época, mas agora era diferente. Ter rompido a aliança significava ser inimigo de Cronos, não podia deixar existir a mínima chance de sua vitória. Thalia não podia se aliar a ele.

O filho de Hermes virou o rosto, observou Catherine sobre seu braço. Ele depositou um beijo no topo de sua cabeça, sentindo o cheiro de seus cabelos dourados.
Aos olhos de Luke, Catherine parecia tão boa. Não importava o que ela dissesse sobre si mesma, ela não era uma alma corrompida. Os deuses podiam tê-la maltratado, mas ela não tinha deixado isso se tornar maior do que si própria. Ela tinha uma visão calorosa que Luke jamais teria, e ele a amava por isso.
Se perguntou o que ela diria sobre aquilo. Ele já havia informado Catherine tantas vezes sobre suas atitudes cruéis que se perguntava o quanto daquilo ela ainda era capaz de tolerar.

"Princesa, boa notícia, podemos usar o Velocino para salvar o acampamento. Má notícia, isso faria Thalia voltar e talvez ela se aliaria a Cronos."
O diálogo imaginário o fez ter a certeza de que provavelmente Catherine o bateria.
Por uma fração de segundo se perguntou se Catherine se importaria com a volta de Thalia. Ela sabia de seus sentimentos passados pela filha de Zeus, mas não sabia se ela daria importância a isso ou não.
Catherine não sente ciúmes nem sequer do presente, quem dirá do passado. Ele disse para si mesmo.
Ela poderia não se importar com a volta de Thalia, mas com certeza se importaria caso ele não contasse à ela sobre o Velocino.

E mesmo tendo tomado a decisão de contar a verdade para a filha de Afrodite na manhã seguinte, Luke Castellan não conseguiu dormir.

—Estou pensando em pedir por uma missão para Tântalo —diz Clarisse, tirando a armadura pesada de seu corpo e a jogando sobre uma das mesas do Pavilhão de Refeições.

Catherine não demorou a agarrar um cacho de uvas, sentia seu estômago doer de fome.

—Que tipo de missão?

—Eu preciso achar algo que salve o acampamento —a morena encolhe os ombros. —Não suporto as coisas assim.

—É uma missão difícil para fazer sozinha —a loira a olha.

—É... —Clarisse coça a nuca, parecia envergonhada. —Por isso esperava que você fosse comigo.

A filha de Afrodite sorri. Obviamente não estava empolgada com a ideia de ir em uma missão, mas sabia que não deixaria sua amiga ir sozinha.

—Vai ser uma honra te acompanhar nessa missão, Clarisse.

A filha de Ares sorriu, aliviada. Ela quase se jogou sobre o banco, estava tão cansada.