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Daisy Winehouse.

Acho que todos já se olharam no espelho pelo menos uma vez e pensaram sobre o quanto a vida era injusta.
As vezes eu nem preciso me encarar meu reflexo para pensar nisso, basta recordar o fato de ser uma semideusa. Odeio isso.
Sinto falta de morar em Nova Iorque com a minha mãe, entretanto tive que vir para o acampamento desde cedo porque meu pai achava que era mais seguro ficar aqui do que exposta a monstros. Sei que é verdade, mas odiava ver ele fingir se importar com isso.

Quero deixar claro, Dionísio não é um pai ruim. A questão é que nenhum deus sabe ser um bom parente divino, o que significa que meu pai sempre estava no acampamento e não sabia ao certo o que significava ser uma figura paterna emocionalmente presente.
Talvez eu seja sensível demais.

Não sou abençoada por nenhum deus.
Afrodite não me deu sua beleza.
Hermes me privou de sua astúcia.
Ares jamais ofereceria a mim suas estratégias.
Ártemis nunca me convidou para a caçada.
E as vezes até meu pai me recusava sua videira.
Isso não é justo. Porque, em contrapartida, Catherine tem a simpatia de todos esses deuses, mesmo os odiando.
Não posso julgar os olimpianos por isso, ela é tão amável que eu nem consigo ficar brava com ela por ser a favorita de todos.

Tudo bem, vou começar do início.
Cheguei no acampamento assustada e sem saber como me encaixar. Eu era uma garota extremamente tímida e vergonhosa que era incapaz de fazer minha voz soar em um tom audível. Foi aterrorizante ver a semideusa mais bonita e popular me acolher, dizendo que eu não deveria ficar vagando sozinha.
Nessa época, comecei a andar com Catherine e estava sobre sua proteção, por causa dela acabei virando amiga dos filhos de Apolo e Ares. Me lembro de passar longos minutos a observando e desejando ser igual a ela, isso até descobrir que, na verdade, eu desejava ela. Foi muito confuso, mas fui corajosa o suficiente para contá-la sobre meus sentimentos.
A favorita de Afrodite sorriu e acariciou meu rosto, dizendo que se sentia honrada com minha admiração. Ela não sentia o mesmo, achei que ficaria arrasada, só que ela tratou aquilo com tanto carinho e cuidado que acabou se tornando uma das minhas melhores amigas. E graças a ela, consegui ser eu mesma, ter meu próprio estilo e ser uma das semideusas mais extrovertidas e cheias de amigos.

Mesmo que eu sentisse certa inveja por Dionísio parecer ser mais o pai da Catherine do que meu, era impossível odiá-la por isso.
Odeio os deuses e venero suas criações, tenho certeza disso ao observar os olhos azuis de Thalia, tão escuros quanto as nuvens das tempestades criadas por Zeus.

Ela tinha uma forma singular de odiar tudo ao seu redor. Thalia não é alguém com joguinhos complexos, ela era simplesmente tão exposta e intensa.
Era engraçado pensar por esse lado, porque Thalia podia ser sempre zangada e mesmo assim fazer as coisas parecerem leves para mim.
A única coisa que me irritava quanto a ela era o fato de que ela parecia não deixar o passado permanecer no passado. Ela ainda remoía muito a respeito de Luke e Catherine, acho que boa parte disso era porque Mason ainda envenenava seus pensamentos. Me odeio por não poder dizer logo a verdade sobre as intenções dele e acabar com aquilo, meus segredos são o que fazem com que eu cave o meu próprio túmulo.

—Acha que ficaria legal se eu fizesse uma tatuagem aqui? —a morena aponta para o próprio pescoço.

Sorrio e a observo, era fácil imaginar ela com uma tatuagem.

—Combina com você —respondo, passo suavemente meu indicador sobre sua pele. —Acho que deveria tatuar meu nome em letras garrafais bem grandes. Vai ficar incrível.

Thalia revirou os olhos e riu. Ela deu um tapinha brincalhão em minha mão, em seguida segurou o meu pulso e ficou brincando com os anéis de prata em meus dedos.

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