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Afrodite e Ártemis são opostos com valores igualmente contrastantes. Poderiam não ser de fato inimigas, mas tiveram inúmeros conflitos ao decorrer dos séculos e várias histórias podem provar isso
Hipólito, Polifonte, Adônis e Atalanta foram apenas alguns dos mortais que foram pegos na encruzilhada entre as deusas.
Então, quando chegou ao conhecimento de Ártemis sobre uma semideusa que tinha sido feita pelo reflexo de Afrodite, ela decidiu ser a primeira a visitá-la. Era uma garota europeia, definitivamente idêntica a imagem que a deusa do amor tomou outrora, isso já era o suficiente para saberem que ela acabaria se tornando a favorita de Afrodite. Aliás, quem a deusa veneraria mais do que alguém que lembrasse uma visão de si mesma?

A deusa da caça foi a primeira a oferecer sua proteção àquela menina, isso junto com a proposta de torná-la uma de suas caçadoras antes que as ideologias de sua mãe a corrompessem. A jovem recusou a chance de se tornar uma devota a Ártemis por estar apaixonada e não desejar abrir mão do amor. Ela tinha o charme não explorado da deusa da beleza, o que gerou inconscientemente problemas com as caçadoras antes que sua líder ordenasse que deveriam partir.

E em uma nova visão, as pupilas de Catherine contraíram-se devido a forte luz do sol que atravessava o tecido fino da cortina. Ao olhar ao redor, notou que não estava mais no seu chalé secreto ao lado de sua alma gêmea. Reconheceria aquele lugar em qualquer um de seus pesadelos, havia remoído a morte de Crystal o suficiente para identificar aquele lugar sem nenhuma dificuldade. Ela teve a impressão de que acabaria vendo sua pequena irmã morta no chão se olhasse muito tempo para aquele canto em específico da sala enfeitiçada do Palácio de Versalhes, seus olhos arderam e ela respirou fundo.

—O que quer de mim? —questionou, esperando pela presença do titã. —Já me aliei, não precisa me trazer aqui para fazer com que eu odeie ainda mais a minha mãe e os outros deuses.

—Não é minha intenção.

A voz ecoou no lado oposto. Ao se virar, Catherine encarou a figura do francês com a lateral do corpo apoiado sobre a porta, odiava ter que admitir que agora já tinha se acostumado novamente a ver Cronos no corpo de Maurice, mas isso não lhe deixava com menos medo.

—Se minha intenção fosse intensificar seu ódio pelos olimpianos deveria levá-la para outro lugar —ele proferiu com calma. —A morte da caçula de Afrodite não foi exatamente culpa dos deuses.

Ela franziu as sobrancelhas, jamais esperaria ver ele dizendo que os deuses não eram culpados por alguma coisa, até porque sua missão era fazer com que todos os odiassem.

—Você sabe de quem é a culpa, não sabe, criança?

—Pare —ela balança a cabeça negativamente.

Cronos se desencostou do portal de madeira e caminhou na direção da loira.

—Ela nunca teria saído do acampamento se não fosse por ele —as palavras saíam de sua boca como se fossem armas e agia como se todos fossem seus peões e sempre conseguia manipular aquele jogo ao seu favor. —Uma garota muito talentosa, tinha um grande potencial.

Por um instante, Catherine não soube o que responder. Nunca culpou Luke pela morte de Crystal, embora soubesse que ela apenas tinha ido ao Templo de Afrodite devido a forma que ele havia a manipulado.

—Ele não teve a intenção... —ela se amaldiçoou por ter soado tão insegura com a sua fala.

—Ele sabia o que estava fazendo quando te trouxe até aqui, estou enganado?

A semideusa mordeu a parte interna da bochecha, um suspiro impaciente escapou de suas narinas.

—Pare de tentar me manipular! —a raiva quase a fez revirar os olhos. —Eu já me aliei, já abri mão do que sou e prometi cumprir minha parte. Apenas me diga quando posso agir e honrar esse maldito acordo.

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