⎯14.

532 73 33
                                    

Estavam próximos demais do Mar de Monstros.
Isso assustava. Não era uma sensação de realização por estarem tão próximos de cumprirem sua missão, era algo que envolvia medo e apreensão. Um passo em falso e falhariam, ou pior, acabariam mortos. A fala do Oráculo ainda assustava Luke.
"E sobre a escuridão, a filha do amor morrerá." Não dava espaço para uma segunda interpretação. Era uma fala unidirecional.
Ele avaliou todas as opções. Talvez aquilo tivesse sido um erro, talvez devesse ter deixado Catherine no acampamento ou talvez devesse ter esperado alguém pegar o Velocino e roubá-lo depois, se livrando do trabalho pesado.
Mas Luke tinha uma certeza, não se perdoaria se algo acontecesse com Catherine. Teve medo de ser o responsável por algo acontecer com ela, e acima de tudo, teve medo de que qualquer coisa pudesse acontecer com ela.

Ele encarava o mar escuro, sabendo que não poderia observá-lo por muito tempo. Inúmeros pensamentos passaram por sua cabeça. Pensou em Cronos, e quanto tempo Afrodite conseguiria deixá-lo longe de sua mente. Pensou em Ariadne, e no que ela seria capaz de fazer com os pensamentos de Catherine, tinha medo de acabar salvando a garota e mesmo assim não poder impedir que ela fosse corrompida pelo espectro. E por fim, pensou apenas em Catherine e sua conversa no dia anterior, o que consequentemente o levou a pensar em Thalia. Se lembrava do dia que a filha de Zeus havia partido e como aquilo havia quebrado uma parte dele. Thalia tinha sido por muitos anos sua única companhia e amizade, não negava ter se apaixonado por ela, não negava que não sabia dizer "não" para o que a filha de Zeus lhe pedia. E nunca soube de fato se aquilo foi recíproco, foi algo que o assombrou por anos... Mas não assombrava mais.

Catherine fez com que vários de seus fantasmas desaparecessem. Ela conhecia todas as partes dele, até as que ele tentava esconder, e aceitava todas. E Luke tinha certeza que jamais amou Thalia da forma que amava Catherine, de uma forma tão enlouquecedora e intensa. Não tinha como ser diferente, aliás, a filha de Afrodite era sua alma gêmea, sabia disse antes mesmo de ter a marca sobre sua pele.
E agora, Luke não sabia dizer se Catherine realmente tinha ciúmes e até um toque de temor com a hipótese da filha de Zeus voltar, ou se isso era apenas trabalho de Ariadne na cabeça dela. Isso inspirava um pouco de medo nele, não sabia o que uma possível volta de Thalia poderia significar, tanto para ele quanto para Catherine.

Ele também teve medo de que sua alma gêmea acabasse o odiando. Não soube quando esse temor surgiu, mas odiava isso. Catherine era uma semideusa com inúmeras opções, com homens e mulheres beijando seus pés e dispostos a tudo por ela. Sabia que ela estava entediada naquele navio porque Luke não lhe permitia correr grandes riscos, sabia que ela ficava irritada com tudo que podia indicar uma volta de Thalia. E ela já havia o perdoado por muitas coisas, talvez suas desculpas estivessem acabando.
Afrodite se apaixonava rápido, mas se desapaixonava ainda mais rápido. E Luke temia que isso acontecesse.

—Vamos passar pelas sereias em breve.

Ela segurava um livro em sua mão esquerda. A capa preta com desenhos de dois dados sendo arremessados, em letras de forma destacadas estava escrito: "Sócios no Crime", e mais em cima em letra cursiva: "Agatha Christie".
A loira ainda manteve o olhar sobre as linhas da página em que lia, seu antebraço esquerdo estava apoiado sobre a mesa de madeira polida.

—Acha que Anthony vai conseguir lidar com isso?

—Quem é Anthony?

—É o nome que eu dei para o capitão —ela olha para Luke, fechando o livro e o colocando sobre o próprio colo. —Achei que ele merecia um nome, já que não sabemos como ele se chama.

Love is a Thief Onde histórias criam vida. Descubra agora