Todos sempre diziam que a relação com a mãe era a mais importante de todas. "Sua mãe te ama", "sua mãe vai cuidar de você", "sua mãe está aqui". Catherine nunca ouviu isso.
Ela demorou a odiar sua mãe. Vivia naquele orfanato sem saber nada de si mesma, sabia que seu pai tinha a abandonado, mas pensava que sua mãe não tinha culpa.
Talvez ela morreu em meu parto.
Ela pensava. Mas acreditava fielmente que sua mãe não tinha a deixado por escolha própria, por isso, quando ela chegou no Acampamento Meio Sangue e foi designada, houve um vazio e ao mesmo tempo um aperto no seu peito. Ela tinha uma mãe, uma mãe que sabia de sua existência, mas que nunca buscou vê-la. Isso doía mais do que o pensamento de que sua mãe estava morta, na verdade, ela preferia que sua mãe estivesse morta. Catherine frequentemente se perguntava como era ter uma figura materna. Ela sentia mais a falta de ter uma mãe do que de ter um pai. Imaginava que as coisas seriam melhores. Muitas vezes se pegava pensando como seria dormir sentindo o carinho de sua mãe ou como seria chorar no colo dela. Pensava em chorar enquanto murmurava: "Mamãe, me ajuda...". Só que esse pensamento de súplica rapidamente era substituído por xingamentos silenciosos. Se sua mãe a quisesse, estaria com ela.Catherine pensou um pouco quando ouviu Luke dizer que Afrodite estava a chamando. Seus olhos continuaram sobre um canto qualquer do chão e ela continuou sentada sobre aquele sofá. Aquela dor aguda no peito não diminuía. Doía ao ouvir a voz de Luke e doía ao ouvir o que ele tinha dito. Ela ouviu algumas palavras de Crystal, ecoavam confusas para Catherine. Ela pensou em dizer que não, dizer que estava farta daquele lugar e que queria voltar para casa e nunca mais sair de seu chalé, mas existia algo magnético em tudo aquilo. Tinha perguntas e muito a dizer, tantas coisas que pensava que não conseguia mais reprimir.
—Eu vou —ela resmungou.
Luke se surpreendeu pela resposta dela, não esperava que ela concordasse, mesmo assim ficou em silêncio. Ainda tentava assimilar as palavras de Afrodite e tentava se agarrar a esperança cega de que Catherine esqueceria tudo aquilo e o perdoaria. A loira hesitou antes de se levantar e encostar sua mão na maçaneta fria, ao entrar se sentiu encantada, existia algo familiar naquilo tudo, se lembrava de seu chalé... Mas como não lembrar? Aquele chalé não era de fato seu, era de Afrodite.
—Catherine?
A voz doce tomou a atenção da garota, que sentiu seu estômago revirar. Ela pensou duas vezes, ainda dava tempo de virar as costas e fugir, mas se forçou a olhá-la.
—Eu estou tão feliz em te ver, minha criança.
A deusa de aproximou da garota com um enorme sorriso, parecia estar realmente alegre. Catherine a encarou por alguns segundos, franzindo o cenho ao notar sua familiaridade.
—Você... —ela parecia incrédula.
—Se lembra de mim?
A garota não respondeu, mas sempre se lembrava. Seu silêncio era cortante até mesmo para Afrodite, ela podia sentir as emoções para saber que Catherine fervia em uma mistura de sentimentos.
—Sei que deve ter muitas perguntas...
—Na verdade, não —Catherine interrompe. —Eu não podia esperar por nada diferente.
Afrodite a olhou pacientemente.
—Eu estive cuidando de você, mesmo sem você saber, eu te disse isso uma vez —diz ela. —Apesar de tudo, eu sou sua mãe.
A garota mordeu a parte interna da bochecha, desviou o olhar e concordou com a cabeça. Existia um nó em sua garganta, tantas palavras que ela queria dizer, mas talvez fosse melhor ficar calada, tudo o que ela tinha a dizer era ruim, e sabia que Afrodite havia punido friamente várias mulheres por muito menos.
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Love is a Thief
Fanfiction⎯ Catherine LeBlanc foi uma das jovens destinadas a aceitar sua identidade pouco comum. Ela era filha de Afrodite. Abandonada por seu pai na infância e "acolhida" pelo Acampamento Meio-Sangue, Catherine se vê obrigada a ignorar seus traumas para seg...