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Deixar a pessoa que você ama para trás é uma jornada dolorosa, repleta de emoções complexas. Às vezes, as circunstâncias nos conduzem por caminhos separados, exigindo coragem para seguir em frente. A saudade pode ser avassaladora, mas há casos em que o afastamento é necessário. É um ato de amor maduro, onde a esperança reside na possibilidade de reencontro, mantendo viva a lembrança daquilo que foi compartilhado.
Porém, Catherine se denominaria de várias coisas, menos madura. Ela sabia que sua viagem demoraria quase dezessete horas, mesmo assim não conseguia dormir, por mais que o sono pesasse seus olhos. Estava nervosa e ansiosa.
Ela se recusou a comer, tinha a impressão que vomitaria se colocasse algo no estômago, mas ficou mordendo a pele de suas unhas, mordiscou até sentir o gosto de sangue em sua língua. As horas pareciam se arrastar, não tinha como ser de outra forma levando em conta que Catherine não conseguia fazer nada além de pensar. Pensava tanto que sua cabeça doía e sabia que era uma perca de tempo pensar sobre determinadas coisas, porque ainda não teria uma resposta. Sempre seria perca de tempo questionar algo que você sabe que não terá uma resposta. Ela olhou pequeno painel que mostrava onde o avião estava no mapa, não estava nem ao menos na metade do trajeto.

Catherine revirou os olhos e respirou fundo, irritada consigo mesma e também com todo o resto do mundo. Ela invejou a velhinha que estava sentada do seu lado, que estava em um sono profundo e roncava, parecia não ter nenhuma preocupação, talvez tivesse, mas com certeza seu problema não envolveria viajar até o submundo e barganhar com Hades para tentar recuperar o fio de vida de seu namorado.
Pelos deuses, estou me tornando uma alma amargurada.
Ela se repreendeu mentalmente, odiava estar agindo e pensando assim.

Depois de um tempo, algo tomou sua atenção, era impossível não tomar. O céu estava ficando escuro as turbulências estavam mais fortes.
Uma tempestade sem raios. Foi seu pensamento.
Ela chegou a se questionar se Zeus sabia que ela sabia o que tinha acontecido com o raio-mestre, se soubesse, ela já podia prever a queda daquele avião. Para a sua sorte, não foi isso que tinha acontecido, era realmente uma tempestade qualquer. O comissário do avião deu o aviso de que seria necessário fazer um pouso de emergência no aeroporto mais próximo por causa da tempestade, para evitar que algum acidente acontecesse.
Catherine sabia que era o certo a se fazer, mesmo assim não deixou de reclamar mentalmente sobre o atraso que aquilo geraria. O avião levou certa de trinta minutos para pousar. Pousou em Westford, uma das cidades de Connecticut. Seu primeiro pensamento poderia ser o fato de que achava Connecticut um péssimo lugar, assim como vários outros lugares nos Estados Unidos. Só que dessa vez seu pensamento foi diferente, pensou que Luke tinha vindo de lá. Lembrou de suas histórias da infância com a mãe, quase todas tristes e melancólicas. Ela se perguntou como Luke estava, o que ele estava pensando e como estava se sentindo em relação a ela. Novamente ela se repreendeu, eram mais perguntas nas quais ela não teria uma resposta, apenas serviriam para deixá-la ansiosa e desesperada.
O comissário deu um último aviso, explicando que o voo prosseguiria para Los Angeles no dia seguinte, às sete da manhã. Catherine se sentiu inquieta, atrasaria mais do que esperava. Até cogitou usar seu charme para convencer o comissário a levá-la ou a adiantar o voo, não era uma ideia boa, não enquanto a tempestade ficava cada vez mais forte. Era arriscado tentar aquilo, se queria salvar Luke era importante que ela continuasse viva, não é?

Ela agarrou sua mochila e saiu no momento em que as portas do avião se abriram. Estava mal humorada pela preocupação e cansaço, sentia que tudo lhe irritava. As pessoas caminhando devagar a sua frente, as risadas ao redor, o calor surreal do verão de Connecticut. Catherine tirou o próprio casaco, o carregando em seu antebraço e entrou em um táxi, pedindo para que a levasse para qualquer hotel.
A filha de Afrodite ficou no Hotel Courtyard. Um hotel belíssimo da cidade, embora ela não estivesse focando sua atenção em admirá-lo. Ela fez sua reserva, sabia que conseguia se hospedar sem gastar um centavo, mas definitivamente não estava paciente o suficiente para usar seu charme, mesmo que o atendente parecesse interessado em flertar mesmo sem que ela tentasse, em resposta, ele recebeu apenas recebeu um atípico olhar pouco humorado.

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