⎯12.

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Já era madrugada quando Thalia saiu às escondidas do Chalé 12. Tinha uma incerteza convidativa que sobrecarregava seus pensamentos e um sorriso bobo que se dissipou quando avistou Catherine LeBlanc. Ela parou de andar, encarou a loira por alguns segundos, tentando entender se o seu olhar gélido significava algo ou se era apenas uma impressão.

—Qual dos dois você quer?

Seu cenho se franziu.

—O que?

A filha de Catherine acabou rindo com escárnio. Observou a morena por uma mera fração de tempo antes de se desencostar do tronco de uma das árvores e se aproximar dela.

—Você fica o dia seguindo o Luke pelo acampamento, mas passa a madrugada visitando a Daisy —suas palavras soavam calmas e simultaneamente ácidas. —Sabe que ela é apaixonada por você, mesmo assim quis convencer o Luke de que eu tinha o traído.

Thalia sentiu seu rosto queimar, piscou algumas vezes ao ouvir Catherine falar que Daisy era apaixonada por ela. Tal pensamento fez com que suas palavras se embaralhassem antes de serem moduladas.

—Não quis convencer o Luke de nada. Não foi isso que aconteceu.

—Então, o que aconteceu? —ela cruzou os braços, não parecia acreditar em nenhuma das palavras da outra.

—Ouvi falar que parecia que você tinha beijado o Mason.

Catherine umedeceu os lábios, quis revirar os olhos e xingar Thalia. Luke ocupava o primeiro lugar na lista de pessoas que mereciam levar uma facada, ela estava em segundo.

—Isso é tão conveniente... —seu lábio superior se franziu com desgosto. —Não pensou ao menos em ter tido a consideração de conferir se era verdade?

—Não confunda as coisas. Não tenho antipatia por você, Catherine —Thalia retrucou. —Mas eu tivesse que escolher entre você e o Luke era óbvio que eu escolheria ele, uma "amizade" de uma semana não mudaria minha opinião.

A loira fingiu tirar poeira da jaqueta de couro da semideusa. Conseguiu ouvir aquela voz irritante de Ariadne sibilar em sua mente com tamanha crueldade, sabia que aquele pensamento pertencia apenas a si mesma. Ela separou os lábios, tinha uma gama de comentários muito cruéis prontos para serem ditos em voz alta, por alguma razão ela suspirou e guardou todos para si, disposta a se afogar em seu próprio veneno.

—Você pode achar que eu sou uma traidora, egoísta e mesquinha, pode acreditar que eu sou a mais parecida com Afrodite e que não amo ninguém além de mim mesma —ela lutou para não deixar seu tom ficar trêmulo quando sentiu um aperto no peito. —Mas eu amo o Luke mais do que qualquer coisa. Eu perdoei suas mentiras, beijei suas cicatrizes, abri mão de princípios e fui literalmente no inferno por ele. E quer que eu seja honesta? Eu faria tudo isso de novo.

Thalia engoliu em seco, não soube se deveria responder e nem como fazer isso. Ela notou que os olhos de Catherine brilhavam por causa do acúmulo de lágrimas, também viu algo que nunca tinha reparado antes. Percebeu que a garota de aparência tão impecável tinha uma cicatriz no pescoço, algo que destoava de seus traços sem defeitos.

—Você pode ter amado o Luke antes dele ter tido seu coração corrompido... Mas eu o amei com todas as suas cicatrizes e não aceito ninguém dizer que pode amá-lo mais do que eu —Catherine suspirou, passou sutilmente os dedos abaixo dos olhos para limpar as lágrimas acumuladas em seus cílios inferiores. —Eu quero ver ele feliz tanto quanto você. Se você acha que é melhor para ele, eu não vou intervir.

—Catherine...

—Eu não terminei —ela recuperou a postura, por um instante pareceu estar apática com sua arrogância. —Perdi muita da minha complacência nos últimos anos, entre no meu caminho outra vez e te garanto que não vou me importar em perder o resto da minha hospitalidade.

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