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No topo de uma colina coberta de vegetação rasteira, erguia-se um templo grego que outrora fora uma obra-prima da arquitetura antiga. Agora, suas colunas desgastadas pelo tempo e pelas intempéries apontavam para o céu como esqueletos petrificados. O mármore que um dia reluzira sob o sol agora estava manchado e coberto de musgo, enquanto as esculturas que adornavam as paredes estavam desfiguradas e quebradas. O silêncio pairava sobre o local, que parecia guardar segredos de uma era há muito esquecida.
Já havia anoitecido, mesmo assim aquele lugar abandonado era iluminado por algumas tochas. A loira adormecia sobre o chão gelado, ela despertou vagarosamente, confusa por estar ali. Havia dormido na cama de uma das cabines do Princesa Andrômeda, e despertado no chão de um templo abandonado. Mesmo que tenha se levantado e observado aquele lugar desconhecido, se sentia calma. Sua mente estava silenciosa e calma, estava tão tumultuada nos últimos dias e agora parecia quieta e acolhedora. Ela fechou os olhos, respirando fundo com a sensação do silêncio, sua mente parecia mais leve.

—Confesso que esperava mais.

Catherine se virou abruptamente devido ao susto com a voz repentina. Sentiu uma onda de alívio percorrer seu corpo ao ver que era uma menina. Uma mulher, na verdade. Era bonita. Sua pele era pálida, nem mesmo suas bochechas eram coradas. Seus cabelos eram ondulados com um corte chanel, os fios ainda mais claros que os de Catherine, tinham uma tonalidade quase platinada. Seus olhos eram escuros, tinham um brilho misterioso e algo diferente no qual ninguém saberia descrever. Ela era magnética, mas também era complexa. Algo naquela mulher fazia Catherine sentir medo, ao mesmo tempo que também sentia familiaridade.

—A filha favorita de Afrodite... —seu olhar percorreu por cada mínimo centímetro da garota mais jovem. —Menos voraz do que eu esperava. Também esperava que você fosse mais magra.

Catherine fechou a cara ao sentir a outra loira dar um beliscão na pele em sua cintura.

—Quem é você?

Ela acabou rindo, caminhava lentamente ao redor da semideusa, seus dedos brincando com as pontas dos cabelos longos e dourados da outra.

—Eu sou a luxúria, sou a cobiça... Sou tudo o que você quiser, minha querida —sua voz soava como um sibilar. —Sou a pessoa que vai te guiar para a glória... E você? Você é tudo o que eu preciso ser.

—Pelos deuses... —Catherine revirou os olhos com impaciência. —Quem é você?

—Não me reconhece, irmãzinha? —sua voz pesava com um sotaque desconhecido. —Afrodite nunca disse nada sobre a filha amaldiçoada?

A respiração de Catherine se pesou. Ela engoliu em seco ao acabar recuando um pouco.

—Ariadne?

—Não finja surpresa —ela riu novamente. —Sabe... Não somos tão diferentes.

—Eu discordo —o punho de Catherine apertava o cabo de sua adaga, pronta para atacar caso achasse necessário.

—Não seja tão arrogante, irmãzinha —Ariadne fez um aceno dispensatório. —Também já fui a semideusa mais parecida com Afrodite. A garota mais desejada daquele acampamento medíocre.

As mãos da semideusa deslizavam pelas colunas destruídas e empoeiradas.

—Também já tive um filho de Hermes aos meus pés —ela acabou suspirando com um sorriso. —Eles são sempre tão bonitos. Aqueles olhos sagazes... As maravilhas que aquelas mãos fazem. Pelos deuses, prezei muito por tais prazeres.

Catherine ainda a observava com atenção, não entendia o ponto que Ariadne pretendia chegar. Ela olhou ao redor, pensou como podia fugir e até mesmo se deveria fugir.

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