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O Acampamento Meio-Sangue estava envolto em um silêncio inquietante. Aqueles eram tempos diferentes, antes de descobrirem o verdadeiro ladrão do raio-mestre e antes do Senhor Titã estar tão perto de atingir o sucesso.
Silena Beauregard caminhava cautelosamente pelo bosque, seus passos ecoando em sua própria mente como um lembrete da decisão que estava prestes a tomar, sabia que não era prudente. A brisa suave soprava seus cabelos escuros para trás, enquanto o céu noturno se estendia acima, repleto de estrelas silenciosas, como se o próprio Olimpo estivesse observando.
Ela sabia que deveria voltar para o Chalé de Afrodite, aquilo não era certo. Sua irmã mais velha estava em uma missão secreta e seguir aquele caminho parecia ser uma traição, mas ela não conseguia se afastar, algo a atraía para aquele encontro, algo eletrizante e assustador.

A clareira onde Luke Castellan a esperava parecia ainda mais isolada à noite, próxima ao antigo templo abandonado. O luar lançava sombras distorcidas ao redor das árvores e o som de pequenos animais noturnos ecoava à distância. Tudo isso desapareceu quando Silena viu Luke. Ele estava parado ao lado de uma árvore alta, as mãos nos bolsos, o rosto parcialmente obscurecido pela escuridão. Seus olhos, no entanto, brilhavam com intensidade, uma chama interna que parecia queimar com propósito.

—Silena —ele diz, sua voz cortando o silêncio. —Estava começando a pensar que você não viria.

Ela hesitou, parando a poucos metros dele.

—Eu quase não vim... —confessou, tentando manter a voz firme.

Seu coração parecia acelerado. Não entendia o porquê de Luke ter a chamado, sabia que se pedisse a opinião de Drew ou Clarisse elas desaprovariam e lhe diriam para manter distância. Ela não sabia explicar, porém sentia que não era capaz de falar "não" para ele.

—Mas você veio —ele tinha um sorriso satisfeito surgindo em seus lábios quando deu um passo à frente. —Isso significa que parte de você sabe que precisa ouvir o que eu tenho a dizer.

Ela não sabia como responder. Desde a primeira vez que o viu, sentiu algo que não conseguia nomear. Luke era diferente de todas as pessoas. Era gentil, charmoso, acolhedor e terrivelmente bonito. Ela o admirava, apreciava o jeito que ele era forte e confiante.
Tinha a impressão de que jamais poderia negar um pedido dele, sentia suas bochechas queimarem com seu mero olhar. Ela sabia que aquele sentimento era errado, especialmente pelo fato dele estar namorando Catherine...
Silena se lembra o que sentiu quando soube que Catherine e Luke estavam namorando. Não podia culpar ninguém, só que sentiu um peso insuportável em seu peito e passou longas horas chorando para Clarisse quando soube.
Mas a volta do filho de Hermes da missão para o Templo de Afrodite trazia uma nova perspectiva. Sabia que eles tinham terminado o namoro após a morte de Crystal, por isso ele tinha voltado sozinho para o acampamento.

—Por que eu, Luke? —ela perguntou, finalmente, a dúvida em sua voz traía o nervosismo que sentia. —Por que você quer falar comigo?

Ele a olhou por um momento, ponderando a resposta. Conhecia bem Silena, sabia que ela era ingênua e manipulável de um modo que sua irmã mais velha jamais seria. Também era de seu conhecimento a paixãozinha que ela nutria por ele, se tivesse que usar aquilo para recrutar mais membros para o seu exército, era exatamente o que faria.

—Porque você tem uma clareza que os outros não tem. E mais importante, você se importa com as pessoas ao seu redor. Você quer protegê-las, não quer?

Ela assentiu lentamente, ainda sem entender onde ele queria chegar.
Luke suspirou, como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros.

—Os deuses... Eles não se importam conosco, Silena. Eles nos veem como ferramentas, peças de um jogo cruel. Olhe ao redor, no acampamento. Quantos de nós conhecemos nossos pais? Quantos recebem sequer um sinal de que tem importância para eles?

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