Luke Castellan.
Não sei ao certo quando me apaixonei pela Thalia. Foi o tipo de coisa que quando eu notei já era algo forte o suficiente para não ser questionado.
Tinha algo naqueles olhos azuis tão escuros quanto as nuvens de uma tempestade que me faziam acreditar em tudo que ela dizia como se fosse uma verdade inquestionável. Se eu estivesse desesperado e Thalia me dissesse que tudo ia ficar bem, eu acreditaria.
Não podem me julgar por isso. Demorei um bom tempo para me apaixonar por ela, foram necessários longos anos convivendo com ela e com sua personalidade desafiadora até que eu notasse que faria qualquer coisa por ela.—Ela parece tão em paz —diz Thalia, acariciando os cabelos de Annabeth enquanto ela dormia com a cabeça em seu colo. —Faz tanto tempo que eu não durmo assim.
Me sentei no chão ao lado dela, observando o fogo crepitar na fogueira instalada no chão do nosso acampamento improvisado. Sabia que ela estava cansada, todos estávamos. Aquele tinha sido outro dia fugindo de monstros, outro dia do resto de nossas vidas amaldiçoadas pelos olimpianos. Odeio os deuses, eu ficava mais convicto sobre isso cada vez que obtinha mais conhecimento sobre eles.
Odeio Hermes por ter roubado tudo de mim.
Odeio Zeus por ter feito essa maldita tempestade.
E odiei Afrodite por achar que ela tinha destruído tudo em mim que poderia ser comparado com amor.Estreitei meu olhar na direção de Thalia. Vi ela suspirar, os olhos abatidos piscavam lentamente, seu sono estava tão óbvio, mesmo assim ela resistia ao impulso de adormecer. Parecia imaginar que o mundo fosse acabar se ela descansasse, quis dizer a ela que eu não permitiria que os céus despencassem sobre seus ombros e nem sobre os de Annabeth...
Bom, pelo menos não naquela época.—Eu fico de vigia essa noite —digo. —Pode dormir.
Ela ergueu um pouco o queixo para me olhar e deixou um sorriso fraco se formar.
—Não se preocupe comigo.
—Como se isso fosse possível —brinquei.
A garota quase riu. Ela apoiou o rosto em meu ombro, como se quisesse ser acolhida, então foi isso que eu fiz. A envolvi em meu braço e a puxei um pouco mais para perto. As vezes Thalia era ríspida demais, por isso torci para que ela não se afastasse, felizmente ela aceitou meu abraço sem hesitar.
Me permiti aproveitar aqueles curtos segundos de sossego, apenas sentindo aquele conforto e ouvindo o som dos grilos cricrilando. Apesar de sempre estar fugindo e lutando, eu gostava daquela vida.—Você é tão bom, Luke —ela quebrou o silêncio, acabou bocejando no final da frase. —As vezes sinto que você é a única pessoa que nunca vai mudar na vida.
—Isso é bom? —questiono, virei um pouco o rosto para poder encarar seus olhos. Não sabia interpretar se uma possível falta de mudança poderia ser visto como algo positivo.
—Isso é incrível —sua voz soou surrada e com um sorriso gentil, jurei que podia ver um pouco de esperança em seu olhar cansado.
Senti meu rosto queimar e sorri, torci para que eu não tenha corado com sua fala.
Thalia era sempre impulsiva, mas conseguia manter uma certa constância. Como se fosse capaz de me dar um tapa de advertência quando eu menos esperasse e depois beijar o lugar que bateu, não importava, eu aceitaria sem pensar duas vezes.
Ela não era do tipo sentimental. Suponho que ela jamais admitiria se sentisse algo por mim, e eu acho que também não teria coragem de dizer que era apaixonado por ela.Era como se eu a amasse, mas não o suficiente para encarar seus olhos e proferir isso. Me chame de covarde se quiser, prefiro acreditar que isso é uma incerteza, talvez seja esse o motivo de eu não ter tido coragem de ir atrás dela e perguntar se ela falaria com todos da forma que falava comigo.
Eu precisaria de mais incentivo na época para fazer isso, mas apenas adiei a tarefa... E quando ela se foi, senti como se parte de mim tivesse ido junto com ela. Era tão doloroso encarar a colina do Acampamento Meio-Sangue, ver ela tão perto e tão longe, por muito tempo tive certeza que aquela dor me assombraria pelo resto da minha miserável vida.
Se a filha de Zeus me conhecesse um pouco melhor saberia que eu viria a ser a pessoa menos constante na vida dela e notaria que eu estava fadado a mudar ao ponto de minhas cicatrizes me deixarem irreconhecível para as pessoas do meu passado.
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Love is a Thief
Fanfiction⎯ Catherine LeBlanc foi uma das jovens destinadas a aceitar sua identidade pouco comum. Ela era filha de Afrodite. Abandonada por seu pai na infância e "acolhida" pelo Acampamento Meio-Sangue, Catherine se vê obrigada a ignorar seus traumas para seg...