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Era doloroso ver o estado do Acampamento Meio-Sangue. O lar de inúmeros campistas estava em ruínas, exposto e fragilizado. Os semideuses revezavam os turnos da vigia da fronteira, prontos para combaterem eminentes ameaças. Um lugar tão acolhedor e cheio de proteção que agora estava fadado à destruição.
Catherine poderia ter conseguido conquistar a boa graça de Tântalo. Não precisou se esforçar, ela já era uma das favoritas de Dionísio, bastou poucos diálogos e alguns sorrisos e já havia conseguido o favoritismo de Tântalo. Ela não se considerava alguém bajuladora, preferia dizer que era estrategista. Não se importava com o favoritismo, mas gostava dos privilégios, achava essencial ser aliada de pessoas que estavam no topo da cadeira alimentar.
Ao terminar sua conversa com Tântalo, acabou encontrando Clarisse. A filha de Ares parecia cansada, nervosa e preocupada. Catherine não se importaria em ouvir as reclamações de Clarisse por horas, mas ela se sentia incomodada em ouvir todos os lamentos sabendo que tinha seu grau de culpa, poderia não ter envenenado a árvore, mas estava conivente com quem havia feito isso.

A filha de Afrodite se sentiu egoísta e fútil. Tinha pensado apenas em si e em Luke. Tinha pensado em como Luke tinha tido coragem de envenenar a árvore que outrora tinha sido Thalia, e tinha pensado que aquilo não importava, pois ele já tinha desistido da causa... E agora, ela notava que tinha deixado o mais importante de lado.
Não tinha pensado na forma que aquele estrago era capaz de destruir o acampamento. Aquele lugar era o mais próximo de uma casa, não só para ela, mas para vários outros.
Ela se amaldiçoou por ter sido tão egoísta. E por fim, sentiu raiva de Luke. Ele podia ter desistido da causa, e isso a acalentava, mas não entendia como em algum momento ele podia pensar que aquilo era correto.
Os fins não justificam os meios.

—Sempre me sinto com sorte quando te acho sozinha.

—O que você quer, Mason?

Catherine permanece sentada sobre o banco da mesa do Pavilhão de Refeições, não focou sua atenção no garoto, estava irritada demais para fingir gentileza.

—A gatinha ainda morde? —ele ironiza, se sentando na frente dela.

Mason era um dos filhos de Ares. Ele tinha estatura mediana, cabelos castanhos escuros que caíam em suaves ondas sobre sua testa. Seus olhos eram de um verde profundo. Sua pele clara tinha uma luminosidade natural, ressaltando as delicadas sardas que salpicavam suas maçãs do rosto. Ele possuía uma postura desleixada, mas sempre havia uma centelha de curiosidade e determinação em seu olhar. Era bem afeiçoado, embora naquele dia estivesse com um corte sobre o nariz. Desde que havia chegado ao acampamento, Mason não tinha tirado os olhos de Catherine, interpretava cada um dos antigos flertes da filha de Afrodite como uma vitória, embora nunca tenham passado de palavras. Ele sempre teve a doce ilusão de que Catherine acabaria ficando com ele, uma ilusão que foi trucidada quando ela começou a namorar Luke Castellan.

—Eu estou tendo um péssimo dia, então é melhor você sair antes que...

—Antes que o seu namoradinho venha aqui? —ele ironiza.

—Antes que eu acabe te dando um soco —ela o olha.

Ele ri com sarcasmo e ergue as mãos em sinal de rendição.

—Você não precisa ser tão agressiva —o garoto a olhava com atenção, o fato dela oferecer tanto desprezo parecia funcionar como um afrodisíaco. —Sabe, sua mãe é casada com Hefesto, isso não a impede de ficar com o meu pai. Deveria seguir o exemplo.

Catherine franziu as sobrancelhas. Não soube dizer se ficou com raiva, incredulidade ou uma mistura confusa das ambas opções.
Ele disse isso?

—Mason, dá o fora daqui —ela revira os olhos com desgosto, queria dizer que era uma grande admiradora da monogamia e que ninguém jamais a faria mudar de ideia. —Você já tem esse machucado terrível no nariz, não faça com que o Luke tenha que te dar mais uma ferida na qual ninguém vai te ajudar a cuidar.

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