⎯23.

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Amar alguém é estar disposto a lutar guerras inimagináveis. Sacrificar, se machucar, abdicar... Poderia soar como uma poesia delicada, mas é algo cruel se for ser realmente pensado. O amor deveria ser algo leve, sem dor e sem remorso, era assim na teoria, na prática se tornava quase brutal.
Catherine sempre soube o quão fadada estava ao amor, como não ser? Era a filha da deusa do amor. Mesmo assim, evitou se apaixonar por alguém até o último segundo. Só que com Luke foi inevitável, não soube dizer ao certo o porquê. Talvez fosse por sua personalidade enigmática e complexa, talvez fosse por seus traços atraentes e charmosos, talvez fosse pela inegável conexão que era fruto da profecia das almas gêmeas. Ela não tinha a resposta, provavelmente nunca teria. E se alguém lhe dissesse alguns meses atrás, que ela se apaixonaria pelo irritante garoto de ouro do Acampamento Meio-Sangue e que iria até o submundo por ele, ela provavelmente entenderia aquilo como uma piada de mal gosto.

Haviam se passado duas horas desde sua viagem para Los Angeles. Tinha conseguido chegar a mais da metade do caminho, era seu mérito por ter dirigido do modo mais imprudente possível e quase gerado, no mínimo, dois acidentes. Ela estacionou o carro em um posto de gasolina e abasteceu o tanque, não demorou muito, seus olhos estavam atentos ao redor em busca de monstros ou algo que pudesse a atacar, felizmente não tinha nenhum. Catherine estava pronta para sair de lá e seguir com o seu percurso sem olhar para trás, teria feito isso, se algo não tivesse tomado sua atenção. Um táxi. Isso era algo normal, se não tivesse surgido do absoluto nada. Dirigia vagarosamente, era quase engraçado. O táxi parou próximo de seu carro, ela encarou com desconfiança, recuando um pouco ao ver um homem descer.

—Caramba —ele diz ao olhá-la com diversão e astúcia. —Você é igualzinha a sua mãe.

Ela franziu o cenho. Já estava pronta para empunhar sua espada e lutar, não importava o quão cansada estivesse.

—Quem é você?

—Sua mãe me mandou para adiantar a sua viagem e...

—Quem é você? —Catherine pergunta novamente, dessa vez com uma pitada a mais de rispidez.

Ele hesitou um pouco, pensando o que falar, mesmo que fosse óbvio, e por fim, deu um sorriso evidentemente fraco.

—Eu sou Hermes.

A feição de Catherine não melhorou, muito pelo contrário, ela pareceu ter ficado mais fechada e com menos humor. Não era algo por si, nunca tinha tido nada pessoal contra Hermes, mas ao se relacionar com Luke foi inevitável não tomar as dores dele para si. Ela tinha tanta antipatia de Hermes quanto Luke.

—Pela sua cara —ele faz um breve gesto teatral. —Acho que Luke deve ter falado de mim.

—É, falou —foi sua única resposta.

Hermes observou Catherine. Seu olhar era inquieto, a analisava e tentava decifrá-la. Catherine notava a semelhança do olhar daquele deus com de seus filhos, o mesmo olhar esperto, zombeteiro e até um pouco sarcástico.

—Então... Você é a alma gêmea do meu filho —ele parecia ter certo nervosismo ao falar de Luke. —Literalmente.

—E você é o pai ausente e odiado da minha alma gêmea —ela retruca com um toque de desdém. —Literalmente.

O pequeno sorriso fragilizado que o deus tinha em seus lábios desapareceu no mesmo instante com pouco humor. Ele baixou um pouco o olhar e balançou a cabeça.

—Sei que você não deve desejar esse encontro e é recíproco. Sabe, eu também não queria vir aqui, preferia manter distância —ele começa a explicar.

—Deveria ter seguido sua intuição.

Catherine não se importava em ser gentil com Hermes, muito pelo contrário. Sabia que os deuses não gostavam de serem desafiados, sabia que ele não era uma excessão e podia ter a destruído com um mero pensamento, mas as palavras rancorosas estavam saindo de sua boca sem que ela nem sequer notasse. Como se ele fosse o culpado por todos os seus problemas e a vítima ideal para ela descontar todo o ódio acumulado nos últimos anos.

Love is a Thief Onde histórias criam vida. Descubra agora