Love is a Thief

⎯20.

Os braços a seguravam e a acolhiam como se estivesse em um abrigo. Ela podia sentir a respiração quente de Luke perto de seu pescoço, ele estava dormindo calmamente, a abraçando como se ela fosse a coisa mais importante de sua vida. Por outro lado, Catherine não conseguiu dormir. Estava inquieta e ansiosa. Queria acordar Luke, contar a ele tudo o que iria fazer e implorar para que ele a acompanhasse, mas sabia que não tinha como isso acontecer, não podia contar que sua vida estava destinada a morte ou que ela iria ir para o mundo inferior para tentar mudar isso.
Ela cuidadosamente se desvencilhou dos braços dele, respirando fundo ao observá-lo dormir.

—Eu te amo —ela murmurou, depositando um beijo suave sobre a bochecha dele.

Tinha um aperto no peito ao se afastar. Catherine mentalmente se xingou, ela era sentimental demais. Se perguntava se todas as pessoas sentiam tantas emoções ao mesmo tempo. Um amor capaz de deixá-la trêmula, medo capaz de deixá-la sem sono, triste ao ponto de achar que o aperto no peito a mataria. Ela desejava ser mais racional, ser alguém que tivesse menos sentimentos. Por um momento pensou naquelas pessoas e personagens frios e cruéis, aqueles que tinham sido tão machucados que se tornavam vilões, ela já tinha sofrido muito, tinha todo o potencial para ser assim... Mas ela não era assim. Era o tipo de pessoa que parecia ficar mais gentil e resiliente conforme sofria. Sabia que muitas vezes podia ser manipuladora e mimada, mas não era uma pessoa ruim, estava longe de ser, e sabia disso. Já existia crueldade demais no mundo, ela não queria ser mais uma dessas pessoas cruéis.

Mesmo assim, ela se obrigou a deixar Luke. Se arrumou, recebeu de Afrodite uma mochila com algumas roupas novas, suas roupas antigas, lanches, armas e dinheiro. Catherine não tinha medo de sua missão em si, não era alguém que tinha medo do perigo ou da morte, esses não eram seus medos. Temia pelo seu fracasso e temia por Luke.
Ela odiava aquilo, odiava ir para missões e ter que lutar, pois se não lutasse a pessoa que ela amava acabaria morrendo. Catherine amava viver, mas odiava aquela vida. Essa era a realidade.
E mesmo que Afrodite tentasse a acalmar dizendo que conversaria com Luke e explicaria que Catherine teve que partir para uma missão muito importante, a garota não conseguia ficar tranquila, mas já estava ciente de que tal sentimento a acompanharia pelo resto dos próximos dias. Ela quase obrigou Afrodite a prometer que estaria de olho em Luke e o protegendo mesmo a distância, apenas depois disso ela conseguiu se forçar a caminhar em direção a saída.

—Onde você vai?

Catherine sentiu seu corpo paralisar e seu baixo-ventre gelar ao ouvir a voz rouca tomando sua atenção.

—Luke...

—Não mente pra mim —ele interrompe, já esperando desculpas vazias. —Para onde você está indo?

Ela não podia mentir nem se desejasse, não existia uma desculpa plausível para aquilo. Estava saindo no meio da madrugada com uma mochila nas costas. Ela sabia que não tinha uma desculpa e sabia que Luke não aceitaria nem mesmo a verdade.

—Eu tenho que ir —ela não conseguiu encarar os olhos dele.

—Ir? Ir para onde? —ele se aproximou, parecia mais desesperado do que nervoso. Segurou o rosto dela com as mãos, fazendo-a olhá-lo. —Catherine, fala comigo.

Tinha um nó em sua garganta, mesmo assim ela usou todas as suas forças para encarar seus olhos.

—Eu tenho que ir em uma missão. Preciso ir.

—Que missão é essa? —Luke balança a cabeça negativamente. —Por favor. Fala comigo. Eu posso te ajudar, eu vou com você.

—Você não pode! —sua voz era trêmula. —Por favor, Luke. Me deixa ir.

Ele franziu o cenho. Não sabia dizer se estava desesperado por não ter respostas ou se estava com raiva.

—Luke, eu te amo, mas preciso que você entenda... Eu estou fazendo isso por você. Para te proteger.