Love is a Thief

⎯22.

Catherine LeBlanc, um enigma de sua própria criação. Uma linha tênue do que era considerado bom ou mal.
Tinha aqueles grandes olhos amendoados com a íris em um azul cristalino, tão cheios de mistério, charme e amor. Tinha o poder de enredar corações em um jogo de ilusão. Um sorriso encantador e doce que escondia segredos profundos.
A filha favorita de Afrodite. Isso era inegável.
Ela possuía um carisma natural. O tipo de garota que chegava em um lugar e roubava toda a atenção para si sem ao menos tentar. O tipo que todos diriam que tinha tudo o que queria fácil demais, como se os deuses trabalhassem ao seu favor.

Apaixonante, seria a palavra mais precisa. Era impossível conhecer Catherine e não se apaixonar, tanto pela aparência quanto por sua essência. Os homens e mulheres. Todos facilmente se apaixonavam por ela.
Ela era um ombro para chorar.
A única pessoa que você contaria sobre sua paixão mais profunda ou seu maior medo. Porque existia algo magnético em seus olhos angelicais.
Mas as meninas também tinham medo dela.
Medo de seus inúmeros segredos. Algumas tinham medo porque Catherine poderia deixá-las inseguras com apenas um farfalhar de seus cabelos dourados.
Então, se você conhecesse Catherine, ou se tornaria amiga dela sem pensar duas vezes, ou a odiaria pelo resto da eternidade.

E enquanto Catherine LeBlanc caminhava pelo acampamento, houve um pouco de alívio ao verem suas roupas imundas de sangue, cabelos úmidos e uma cicatriz no pescoço. Não porque lhe desejavam mal, mas porque isso a tornava mais humana.
Parecia ser apenas uma garota comum ao invés de uma semideusa abençoada pela deusa da beleza.

Há um ano, Catherine disse para Luke que sabia que ele escondia algo, pois ele era perfeito demais para não ter nenhum segredo obscuro. E ela era igual, perfeita demais aos olhos de todos. E agora o sangue em sua pele de assassina lhe deixava exposta. Fazia com que todos vissem que ela não era apenas uma mera filha de Afrodite.

—Sobre o que você quer falar, maninha? —questiona Silena.

O sol que passava pelos galhos das árvores faziam com que Catherine piscasse mais vezes. Usou essa desculpa para o fato de seus olhos estarem ardendo de vergonha.

—Eu sei que o Luke falou com você —ela estreita seu olhar na direção da irmã mais nova. —Sei que era você quem estava nos dando informações sobre o acampamento.

Silena ficou vermelha, sentiu suas bochechas queimarem.

—Não é isso, Cath... Deixa eu te explicar.

—Tá tudo bem, sério.

Catherine suspirou. Sabia que Silena esperava que ela ficasse brava, e por um momento ela ansiou que aquele fosse o problema. Que apenas fosse ter uma discussão com sua irmãzinha porque ela tinha uma paixão de adolescência pelo seu namorado, mas não era o caso. A situação era pior, e não sabia como explicar o que tinha feito de modo simples.
Não soube como dizer que sempre soube da quedinha dela por Luke, e por isso o convenceu a manipulá-la como uma boneca.

—Tem um motivo para Luke Castellan ter pedido para você espionar o acampamento —as palavras da semideusa soaram surpreendentemente firmes.

Silena sentiu sua respiração ficar mais agitada, estava nervosa com aquela conversa. E a expressão indecifrável da irmã mais velha não lhe acalmava, apenas a deixava mais desesperada.

—Qual era o motivo?

—Eu disse para ele fazer isso.