Love is a Thief

⎯8.

As ondas do mar podiam estar calmas, só que a noite tinha sido tempestuosa. Não uma tempestade causada por Zeus, mas pelos próprios semideuses.
Assim que Luke e Catherine embarcaram, acabaram encontrando faces pouco prezadas.
Agrios e Oreios.
Mediam cerca de dois metros e meio, e usavam apenas jeans, provavelmente porque os peitos enormes já eram recobertos por grossas felpas marrons. Tinham garras no lugar de unhas e os pés eram como patas. Os narizes eram focinhos animalescos e os dentes eram todos caninos pontudos.
Sabiam que aquela aparência não era por acaso, era um fruto da vingança de Afrodite contra Polifonte. Eles sabiam que tinha que obedecer Luke, eram designados a atenderem suas ordens, mas souberam que Catherine era filha de Afrodite desde o instante em que puseram os olhos sobre ela. Quiseram matá-la das piores formas possíveis, por um tempo Luke achou que teria que matar os dois antes que eles tentassem matar a semideusa. E mesmo sem falar diretamente com Catherine, Luke conseguiu trabalhar junto com ela. A garota era naturalmente persuasiva, falava para os monstros que queria a queda dos deuses e a destruição de Afrodite, falou com tamanha convicção que ele quase acabou acreditando também. E ao final, mesmo com um toque de relutância, Agrios e Oreios a aceitaram.
O filho de Hermes não dormiu aquela noite, alegando para ela que iria resolver o que fosse necessário antes de descansar. Catherine pôde ter concordado e se acomodado em uma das cabines, mas também não dormiu. Se sentia incomodada, era muito sensível, o mero fato de Luke estar bravo com ela era capaz de lhe tirar o sono, e ao mesmo tempo que queria pedir desculpas para ele, também queria proferir coisas piores. Sentia que estava constantemente com uma luta interna de pensamentos, ambos pareciam tão atrativos ao ponto de deixá-la sem saber o que fazer.

Já pela manhã, a filha de Afrodite caminhava de cabeça erguida e com seu ar de superioridade, os cabelos cor de ouro balançando com seu caminhar enquanto os saltos duros e metálicos com as iniciais YSL batiam contra o chão, gerando um eco que atraiu a atenção de Oreios e Agrios quando ela passou pelo corredor. Eles a encararam por um longo tempo, não soube dizer quais eram suas intenções, talvez quisessem a matar da mesma forma que desejavam matar Afrodite, mas ela não gastou seu tempo com isso, continuou a se conduzir até a última porta do corredor. Ela suspirou e abriu a porta vagarosamente, adentrando com cautela, sua postura arrogante se dissipando de forma involuntária.

—Meu amor? —ela quase ronronou em um tom meloso.

Ela sentia culpa e até mesmo um toque de vergonha apenas em falar com Luke, coisa que ela não fazia desde a madrugada anterior.

—O que foi? —ele questiona com pouca importância, fingindo estar focado em alguns mapas.

—Ainda está com raiva?

A resposta era óbvia, mesmo assim ela não sabia o que dizer quando se aproximou mais dele.

—Não.

Ele ainda não a olhava.

—Luke... —Catherine se inclina um pouco para tentar olhá-lo.

Ela colocou a mão no rosto dele, vendo o mesmo recuar de seu toque. Luke sempre sentia que precisava ter muito autocontrole para negar qualquer coisa vindo de Catherine, mesmo assim ainda sentia certa raiva dela. A filha de Afrodite se afastou um pouco, ela apoiou o quadril sobre aquele balcão baixo de mármore branco, cruzou os braços e olhou para a sala por alguns instantes, refletindo com o seu silêncio punitivo.

—Eu não sei o que está acontecendo comigo —ela admite.

O olhar de Luke se desfocou dos mapas, finalmente voltando-se para a garota, embora não dissesse nada.