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O despertar foi lento e doloroso.
Mesmo protegida com aquela pele de cordeiro feita de ouro, sentia sua pele queimar em pontos específicos. Era uma dor minúscula comparada a sensação de uma lâmina rasgando sua carne, isso lhe dava alívio, permaneceu de olhos fechados por alguns instantes, suspirando aliviadamente com a sensação do silêncio em seus pensamentos. Não tinham mais gritos ou vozes cruéis, nem os de Ariadne e nem os seus.
E isso fez Catherine lembrar de sua irmã. Das palavras proferidas por ela, e especificamente de sua morte. Se lembrou da sensação da lâmina de sua adaga atravessando o pescoço dela enquanto a vida sumia de seu corpo. A memória a fez abrir os olhos, temendo ter aquela visão novamente. Não sabia dizer se tinha matado um monstro ou uma irmã, ou alguém que fosse os dois ao mesmo tempo.

Ao olhar para o lado, pôde ver Annabeth dormindo, enrolada sobre o Velocino, ainda se recuperava de seus ferimentos. E no outro lado estava Luke, segurava a adaga de Catherine em suas mãos. Estava evidentemente inquieto, usava a ponta da lâmina da Perdição para fazer pequenos furos em sua mão, como se aquela pequena dor pudesse o tranquilizar. Sua camisa estava totalmente suja de sangue. Sangue de Polifemo, Annabeth e Catherine.

—Acho que já chega —a garota murmurou ao vê-lo fazer outro pequeno furo na própria palma.

Luke quase se levantou com um sobressalto, sentiu seu coração palpitar ao ouvir a voz da filha de Afrodite.

—Catherine.

Suas mãos quase tremerem com o desejo de tocar a pele dela, mesmo assim tinha medo de tocá-la e as feridas acabarem se abrindo novamente.

—Meu amor —ela sorri com suavidade. Conteve um gemido de dor ao estender a mão para tocar o rosto de Luke.

Suspirou, o sorriso aumentou em seu rosto ao notar o que estava óbvio. Ela estava viva. Tinha sobrevivido e agora encarava os lindos olhos de Luke, os quais imaginou que nunca mais teria a chance de ver novamente.
Desejou tanto continuar vivendo, rezou por aquilo. Se lembrou de sua mãe, de sua última prece.

—A minha mãe... Ela me salvou?

O filho de Hermes ficou em silêncio. Não soube o que responder quando notou que Catherine realmente esperava que Afrodite tivesse a salvado.

—Tyson conseguiu tirar a pedra da entrada da caverna. Então, conseguimos te salvar a tempo.

Ela encarou o chão. Sentiu raiva de si mesma por ter pensado por um segundo sequer que Afrodite a salvaria.

—Eu achei que você estava morta —ele admite, segurava a mão dela sobre seu rosto. Não conseguia parar de encarar seus lindos olhos azuis. —Senti tanto medo de perder você.

—Eu também fiquei com medo —ela não conseguia fazer com que sua voz se tornasse mais do que um mero murmúrio.

Catherine pensou que poderia ficar para sempre com a sensação dos lábios de Luke pressionados gentilmente contra os seus. Mas não prolongaram aquilo, ela ainda sentia o seu pescoço queimar. O corte não estava cicatrizado, estava envolto por uma camada fina de pele criada pelo Velocino, tão fina que parecia ser capaz de romper com o mínimo esforço.

—Descanse, princesa —ele segurou a mão dela, depositando um beijo sobre ela. —Eu tenho que ajudar Percy e Clarisse.

Mesmo que não quisesse se afastar dela, Luke se levantou, ainda segurando a mão da garota com cuidado. Catherine o observou com um pequeno sorriso, quis fechar seus olhos e dormir, mas tinha medo de acabar encontrando Ariadne em seus pesadelos, quis pedir para Luke ficar ao lado dela e nunca mais partir.

—Catherine!

Todos no navio focaram na voz feminina repentina que ecoou antes que fizessem o navio partir. Ao virarem em direção à ela, viram outra filha de Ares se aproximar. Os cabelos loiros bagunçados, as roupas rasgadas e encharcadas, inúmeras pequenas feridas ainda recentes em seu corpo. Ela estava ofegante e parecia estar cansada, aparentemente tinha lutado muito para conseguir chegar naquela ilha.

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