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—Bem-vindos! —anunciou uma moça com a prancheta, parecia ser uma comissária de bordo.

Usava tailleur azul, maquiagem perfeita, cabelo puxado para trás em um rabo de cavalo. Apertou as mãos dos semideuses quando desembarcaram no cais.
Era estranho. Não entendia como o mortal capitão do Princesa Andrômeda simplesmente tinha atracado naquela ilha paradisíaca, mas deveria ter algum motivo. O mais bizarro era pensar que no trajeto para o Mar de Monstros havia uma enorme praia cheia de iates, submarinos da Marinha dos Estados Unidos, canoas escavadas em troncos, botes infláveis e um antiquado veleiro de três mastros.
Havia um heliporto com um helicóptero da base aérea de Fort Lauderdale pousado e uma curta pista de pouso e decolagem com um Learjet e um avião a hélice que parecia um caça da Segunda Guerra Mundial. Talvez fossem réplicas para os turistas verem, ou coisa assim.
Catherine e Luke poderia observar e sorrir com naturalidade para a moça da prancheta, mas seus dedos coçavam com a vontade de ativar suas armas ao menor sinal de ameaça.

—Primeira vez conosco?

O jovem casal trocou um breve olhar, não sabiam o que deveria dizer ou fazer. Tinham tido sua atenção atraída por aquele lugar em busca de respostas, só que não faziam a mínima ideia do que deveriam fazer a seguir.

—Bom...

Por sorte, a fala confusa e improvisada de Catherine foi interrompida por uma outra presença feminina.

—Ariadne?

Ela quase gelou ao ouvir o nome, a voz em sua cabeça se silenciou. Os semideuses se viraram para ver quem era, observaram uma aproximação de uma mulher belíssima, quase de tirar o fôlego. Tinha olhos verdes penetrantes e usava um vestido preto sedoso com formas que pareciam mover-se no tecido: sombras de animais, preto sobre preto, como cervos correndo por uma floresta à noite.

Catherine viu que o olhar da mulher permanecia destinado a ela. Chamava por Ariadne enquanto encarava seus olhos. Ela resistiu ao impulso de se virar para Luke e questionar o que deveria ser feito. Chegou até mesmo a chamar Ariadne em sua mente, novamente a voz se calou.
Desgraçada...
Ela xingou, sabendo que a maldita voz sempre sumia quando ela achava necessário.

—Conseguiu recuperar o corpo... E um corpo de uma filha de Afrodite, aliás —a morena se aproximou, seus olhos verdes penetrantes analisando cada detalhe de si.

A loira imaginou que deveria mentir, seria uma opção mais segura... Talvez.
Incorporou a essência de sua irmã mais velha com tanta naturalidade, como se fosse apenas um mero respirar. Ergueu o queixo, relaxou seu olhar apático, curvou um pequeno sorriso malicioso e deu uma leve risada nasal.

—Ah, querida... —ela inclina um pouco a cabeça. —Não podia esperar que eu ficasse nas sombras para sempre.

A filha de Afrodite manteve a postura arrogante, uma das poucas coisas que conhecia de sua irmã, mesmo assim estava com o braço enroscado com o de Luke, apertando o músculo de seu braço pelo nervosismo oculto.

—Devo admitir, é uma visão bem melhor do antes —a voz da mulher era serena, quase fazia com que quisessem agradá-la. —Ser apenas uma sombra sem forma não combina com você.

Então, você tem a aparência de um dementador? Mamãe fez um bom trabalho.
Catherine debocha mentalmente, direcionando suas palavras para Ariadne. Ouviu um arranhar em seu cérebro, não sabia que isso era possível, por isso se esforçou para não acabar fazendo uma careta dolorosa com a sensação brevemente agonizante.

—Foi mais fácil do que pode imaginar —a loira retorna sua fala.

—E com certeza é uma história na qual vai se vangloriar.

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